Rebeca Gusmão se esquiva sobre Armstrong, mas diz que Cielo teve tratamento especial

A ex-nadadora Rebeca Gusmão, que ainda briga na Justiça para tentar provar sua inocência, prefere não embarcar no senso comum e evita condenar Lance Armstrong. Em entrevista à Record, ela falou sobre o caso do americano que abalou o mundo do esporte e deixou claro seu ressentimento com o caso de Cesar Cielo, absolvido no caso de doping que viveu em 2011.

“Mostra mais uma vez que a politicagem é muito grande. O caso do Cielo foi uma coisa estranha. Outros atletas foram punidos com suspensões maiores de até 6 meses pela mesma substância. Não que ele tenha tomado, pelo contrário. Ele tem um talento nato, acredito que ele não precise, mas o tratamento foi diferente”, disse a ex-atleta, que hoje trabalha como diretora da Secretaria do Esporte do Distrito Federal.

O caso de Cielo aconteceu em 2011, às vésperas do mundial de piscina longa em Xangai, na China. O campeão olímpico de 2008 foi pego, ao lado de Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinicius Waked, por uso de furosemida. Todos alegaram que tratou-se de uma manipulação equivocada de uma farmácia de Santa Bárbara D’Oeste. Cielo foi advertido pela CBDA, viu a Fina protestar e, julgado no TAS (Tribunal Arbitral do Esporte), foi liberado sem cumprir nenhuma punição.

O resultado foi muito questionado pelo mundo da natação. O principal motivo foi a ausência de punição a Cielo. Meses antes, a brasileira Daynara de Paula também havia sido pega por furosemida. Apesar de ter alegado a mesma coisa que o colega famoso, foi punida com três meses de suspensão.

Rebeca teve um ganho bem maior. Até 2007, no entanto, ela era um dos grandes nomes da natação do país. Dona do primeiro ouro feminino da natação brasileira em Pan-Americanos, a atleta foi pega no exame antidoping por uso de esteroides anabolizantes. Desde então, enfrentou uma série de batalhas judiciais e terminou banida do esporte.

Rebeca sempre alegou inocência. Ela acusa a comissão antidopagem brasileira de manipulação de uma das contraprovas e questiona os relatórios que fizeram o TAS (Tribunal Arbitral do Esporte, instância máximo do setor) a encerrar a carreira dela. Por tudo isso, ela prefere não condenar Lance Armstrong.

“Por ter vivenciado algo parecido e saber que muitas coisas não eram verdade, é difícil saber o que realmente aconteceu”, disse Rebeca.