Seleção brasileira de polo quer jogar liga nacional. Só que na Croácia
O sucesso da seleção brasileira de handebol feminino, que conquistou em 2013 o título mundial da modalidade, transformou-se em inspiração para outros esportes. A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) quer repetir no polo aquático um dos principais trunfos das meninas. O plano é montar um time para disputar, de outubro de 2015 a maio de 2016, a liga nacional da Croácia.
A ideia ainda depende, é claro, dos custos. O principal artífice do projeto é o croata Ratko Rudic, que assumiu no fim do ano passado o comando da seleção brasileira de polo aquático.
Rudic, 65, foi medalhista de prata do polo aquático nos Jogos Olímpicos de Moscou-1980 como jogador. Depois, já como técnico, obteve um título mundial e quatro conquistas olímpicas (1984, 1988, 1992 e 2012).
“Nosso técnico já percebeu isso: temos bons jogadores, temos um bom potencial, mas em termos de maturidade esses atletas ainda não estão preparados. Temos potencial esportivo, mas falta um intercâmbio maior. O handebol feminino mostrou que é possível”, disse Ricardo Cabral, responsável pelo polo aquático na CBDA.
A avaliação da entidade é que o Brasil tem uma geração promissora entre os juniores, categoria em que o país obteve um sétimo lugar no Mundial de 2013. No entanto, esses garotos carecem de experiência internacional. O país não disputa os Jogos Olímpicos no polo aquático desde Los Angeles-1984.
O plano da CBDA para aumentar a tarimba da seleção começou com importação de talento. Nos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro, o polo aquático local pode ter até cinco atletas que já defenderam outras seleções: o croata Josip Vrlic, o sérvio Slobodan Soro e o cubano Ives González, além de Felipe Perrone e Tony Azevedo, que nasceram no Brasil e atuavam, respectivamente, por Espanha e Estados Unidos.
A formação de uma seleção permanente seria um passo além nesse processo. Rudic viajou para a Croácia em dezembro para passar férias e aproveitou para iniciar conversas com a federação local. Recebeu sinalização positiva e transmitiu isso à CBDA na semana passada.
“Ele viu que existe uma possibilidade. Agora, precisamos formatar o projeto e pensar nos recursos. Na Europa, por incrível que pareça, nós podemos pagar até menos nas coisas do que aqui. O custo de treinar no Brasil é muito alto, e só de passagens de ponte aérea nós gastamos quase uma viagem para Miami. O projeto tem um custo, mas não é nada impossível”, avaliou Cabral.
Até o momento, as conversas entre Rudic e a federação croata foram feitas de forma extraoficial. Agora, o projeto será discutido diretamente entre entidades nacionais. Além do custo, uma preocupação da CBDA é a legislação: o plano só será viável se todos os atletas e a comissão técnica puderem atuar em um mesmo clube.
A CBHb (Confederação Brasileira de Handebol) conseguiu isso com o Hypo Nö, que disputa a liga da Áustria. A entidade brasileira iniciou em 2011 um convênio com a equipe europeia, que tem oito jogadoras e o técnico da seleção sul-americana.
A concentração é custeada pela CBHb. Em 2013, a entidade chegou a negociar com o Viborg HK, da Dinamarca, para fazer um projeto similar no masculino. Entretanto, o limite de estrangeiros nas competições masculinas impediu que a ideia tivesse sequência.
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