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Primeiro dia do Troféu Maria Lenk tem recorde sul-americano

Larissa Martins Oliveira, do Pinheiros, fez o melhor tempo na prova dos 200m livre - Satiro Sodre/AGIF
Larissa Martins Oliveira, do Pinheiros, fez o melhor tempo na prova dos 200m livre Imagem: Satiro Sodre/AGIF

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

06/04/2015 18h51

O Troféu Maria Lenk de natação começou na manhã desta segunda-feira (06), na sede do Fluminense, no Rio de Janeiro. E logo no primeiro dia houve marcas expressivas, com destaque para Larissa Martins Oliveira. A atleta do Pinheiros bateu o recorde sul-americano dos 200m livre, fazendo o tempo de 1m58s53, o que rendeu medalha de ouro na prova e também uma vaga no Mundial dos Esportes Aquáticos de Kazan, na Rússia, em julho deste ano.

A recordista mundial dos 200m livre é a italiana Federica Pellegrini, que marcou 1m52s98 no Mundial de Roma, em 2009. Larissa não foi a única a conseguir marca nesta prova para o Mundial de Kazan. Sua companheira de Pinheiros Manuella Lyrio anotou 1m58s74 na prova final e ficou com a prata.

"Nós treinamos juntas e sabíamos que o recorde ia cair se repetíssemos aqui o que temos feito no dia a dia. Tem uma galera forte nessa prova, e a cabeça é fundamental para o rendimento nesse caso", opinou Larissa.

Outro a se garantir no Mundial da Rússia foi Nicolas Oliveira. O nadador do Minas Tênis Clube foi o primeiro a fazer tempo para o Mundial da Federação Internacional de Natação (FINA). Também nos 200m livre, ele marcou 1m47s45.

Nicolas não competia desde setembro do ano passado - ele havia sofrido uma lesão no cotovelo e vinha em processo de recuperação. "Precisei de muita adaptação para voltar agora. Esse resultado é sinal de que o trabalho está sendo bem feito", disse o nadador.

Antes do Maria Lenk, o Brasil tinha atletas aptos para nadar na Rússia em 16 provas, número que subiu para 19. A competição no Rio de Janeiro também definirá a seleção para os Jogos Pan-Americanos de Toronto.

Qual é o problema?

Etiene Medeiros, do Sesi-SP, venceu os 100m costas. Contudo, o tempo dela (1min00s61) foi insuficiente para dar vaga no Mundial - a nadadora precisava ter feito 1min00s25. "Eu estou com fé que vou fazer 59s. Não estou conseguindo, mas não vou desistir", disse a atleta. "Falta alguma coisa, mas está perto", completou.

É prova olímpica?

O discurso contemporizador de Etiene e o tom ameno das declarações da nadadora só sumiram quando ela foi questionada sobre a projeção olímpica - os 50m costas, especialidade dela, não estão no programa do Rio-2016: "O que me incomoda é a mídia só falar ‘prova olímpica’, ‘prova olímpica’ e ‘prova olímpica’. Gente, para! A gente é atleta, treina todos os dias e está em busca de uma coisa maior".

Ajudinha

O Troféu Maria Lenk marcou a primeira experiência no Brasil dos novos instrumentos de saída para o nado costas. O aparato facilita a aderência dos pés dos atletas na parede da piscina e é usado em competições Fina desde o ano passado. O modelo usado no Rio de Janeiro ainda não é igual ao das competições internacionais, mas já foi muito celebrado pelos atletas.

Mister Pan

Entre os atletas que competiram no primeiro dia do Maria Lenk, a maioria falou abertamente sobre preparação voltada ao Mundial deste ano. A exceção foi Thiago Pereira, brasileiro que detém o recorde de medalhas de ouro do país na história dos Jogos Pan-Americanos: "Eu tenho treinado bastante, troquei muita coisa no meu treino, e tenho me preparado imaginando que vai ser uma barra. Não vai ser fácil, até porque a gente tem um Pan, um Mundial, e logo depois começa a seletiva da Olimpíada. Duas semanas depois vem o Troféu José Finkel. A gente vai ter de estar bem e ter bastante resistência".

Guilherme Guido, que bateu Thiago Pereira na prova final dos 100m costas, foi um exemplo contrário. "Eu acho que vou focar só no Mundial. No Pan a gente vai estar no ‘bloco B’ de treinamento, passando da fase pesada para o descanso. Vai estar um pouquinho pesado competir lá. O objetivo é Kazan", avisou.

Em casa?

O presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Coaracy Nunes, aproveitou o primeiro dia do Maria Lenk para fazer um protesto. Ele queria que a competição fosse disputada no Parque Aquático Julio Delamare, fechado desde o início de abril de 2014 por causa das obras do Rio de Janeiro para receber a Copa do Mundo.

"Eu estou sentindo falta do Julio Delamare. Essa competição tinha de ser no Julio Delamare, e não no Maria Lenk ou aqui. O Julio Delamare é a piscina do Rio de Janeiro", ponderou Coaracy. Eu tentei levar esse campeonato para lá. Eu sempre tento. O Julio Delamare é nosso, e não do [ex] governador Sergio Cabral. O Julio Delamare é do nadador do Rio de Janeiro. Faço um apelo ao governo do Estado do Rio de Janeiro: devolvam o parque aquático à natação", completou.

Maratona

A equatoriana Samantha Salinas, do Fluminense, venceu os 1500m livre. O que chamou atenção, porém, foi o complemento do pódio: ela teve companhia das brasileiras Poliana Okimoto (Unisanta) e Ana Marcela Cunha (Sesi-SP), especialistas em maratona aquática. As duas disputaram a prova do Maria Lenk apenas como parte do treinamento.

"Uma prova não tem nada a ver com a outra, e o nosso treinamento é voltado totalmente para os 10km. Nadar aqui a prova é uma consequência. Hoje mesmo eu cheguei a rodar 11km. A prova aqui foi o sprint final", explicou Ana Marcela. "Eu nem fiz as contas porque treinei um pouquinho de manhã para dar uma estimulada", adicionou Poliana.

Mas quanto é "um pouquinho" para Poliana? "Um pouquinho é um treino de 4000m. Se você somar o aquecimento à tarde, que teve mais 3500m, a prova de 1500m e o que eu vou nadar agora para soltar... É, acho que eu vou rodar uns 11 ou 12km".