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Chinês bad boy diz que país é perseguido e cria 1ª polêmica em Kazan

Sun Yang conquistou a primeira medalha da natação no Mundial de esportes aquáticos de Kazan-2015 - AFP PHOTO / FRANCOIS XAVIER
Sun Yang conquistou a primeira medalha da natação no Mundial de esportes aquáticos de Kazan-2015 Imagem: AFP PHOTO / FRANCOIS XAVIER

Guilherme Costa

Do UOL, em Kazan (Rússia)

03/08/2015 05h01

A segunda pergunta na entrevista coletiva do chinês Sun Yang em Kazan (Rússia) foi sobre expectativa para os Jogos Olímpicos de 2016 e o que os resultados do Mundial de esportes aquáticos podem mostrar – ele tinha acabado de conquistar a medalha de ouro dos 400m livre. “Antes de responder, gostaria de voltar ao assunto anterior, que é algo que me preocupa muito”, disse o asiático. O assunto anterior era doping, o que colocou o nadador bad boy no centro da primeira grande polêmica do torneio.

“Eu não consigo entender por que a mídia dá tanta atenção a isso. Todos os atletas treinam duro e se esforçam, e eu não vejo dúvidas sobre casos de doping em outros países. Eles não são tão pressionados ou cobrados por isso, e eu acho até uma falta de respeito que as pessoas só falem disso”, declarou o chinês.

Yang é tão vitorioso quanto polêmico. O nadador de 23 anos e 1,98m conquistou quatro medalhas nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 (ouro nos 400m livre e nos 1.500m livre, prata nos 200m livre e bronze no 4x200m livre) e já amealhou nove pódios em Mundiais. A vitória em Kazan o transformou em tricampeão dos 400m livre.

Fora das piscinas, o chinês já discutiu publicamente com Zhu Zhigen, seu ex-técnico, que o acusou de se preocupar mais com um relacionamento com uma aeromoça do que com a natação. Além disso, foi suspenso da natação por seis meses e chegou a ser preso em 2013, quando foi pego dirigindo sem habilitação. A infração foi descoberta depois de ele ter batido com um Porsche em um ônibus.

A questão mais nebulosa, contudo, aconteceu em novembro de 2014. A associação chinesa de natação revelou que Yang já havia cumprido uma suspensão de três meses por ter sido flagrado em exame antidoping com uso de trimetadizina, um estimulante metabólico. Ele alegou ter consumido um remédio para palpitação cardíaca, mas não há muitos detalhes públicos sobre o caso.

Em setembro, dois meses antes do anúncio, Yang havia conquistado três medalhas de ouro nos Jogos Asiáticos. Quando atingiu os feitos, já havia cumprido a pena por uso de doping.

O episódio fez com que Yang fosse forçado a mudar de país. Ele treinava na Austrália com Denis Cotterell, técnico que o havia conduzido ao ouro olímpico nos 1.500m livre. No entanto, segundo o jornal “Courier Mail”, o nadador foi avisado que “não era mais bem-vindo” no país por causa do doping e da condução dos chineses no caso.

“É claro que temos lesões, tomamos remédios e cometemos erros, mas as pessoas não têm essa atitude sobre atletas de outros países. Eles não são questionados como nós”, reclamou o chinês em Kazan (Rússia).

A programação de Yang em Kazan inclui quatro provas individuais de nado livre (200m, 400m, 800m, e 1.500m). Além disso, o chinês participará dos revezamentos de seu país.

“Ele está quase de volta ao auge nos 1.500m”, disse Zhang Yadong, o atual técnico de Yang. O chinês é o recordista mundial da prova.