Jamaicana rejeita esporte de Bolt, acumula feitos e tenta alavancar natação
Como a maioria das crianças na Jamaica, Alia Atkinson, 26, tentou praticar atletismo quando estava na escola. Não gostou e desistiu. Anos depois, acumulou feitos inéditos e se tornou estrela num esporte em que o país não tem tradição. A história dela podia ser uma continuação do filme “Jamaica abaixo de zero” (“Cool Runnings”, dirigido por Jon Turteltaub e lançado em 1993), mas tem um sentido muito mais lógico. Primeira negra a ser campeã mundial de natação e marcar a melhor prova do planeta na modalidade, ela agora tenta ajudar a popularizar o esporte num país insular em que a maioria da população sequer sabe nadar.
“Apesar de vivermos numa ilha, 75% dos jamaicanos não sabem nadar. Então, espero conseguir ajudar as pessoas e fazer diferença”, contou Atkinson nesta segunda-feira (03), depois das eliminatórias dos 100m peito no Mundial de esportes aquáticos de Kazan (Rússia). Ela fez o oitavo melhor tempo na prova seletiva e avançou às semifinais.
Alia começou a nadar por influência dos pais, que queriam apenas que a filha aprendesse como sobreviver na água. No entanto, tomou gosto – algo que não havia acontecido quando ela tentou o atletismo.
Depois disso, a jamaicana forjou currículo consistente. Disputou três edições de Jogos Olímpicos (Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012) e chegou a atingir um quarto lugar nos 100m peito da edição mais recente.
O maior feito de Alia, contudo, aconteceu fora dos Jogos Olímpicos. Em 2014, no Mundial de piscina curta de Doha, ela venceu os 100m peito e se tornou a primeira mulher negra a frequentar o topo do pódio da competição.
O tempo de Alia na prova do título (1min02s36) ainda igualou a marca da lituana Ruta Meilutyte, que era detentora do recorde mundial dos 100m peito em piscina curta. Foi a primeira vez em que uma atleta negra atingiu o feito.
“Tudo que eu faço é pensando em atingir algo inédito. A Jamaica nunca conseguiu uma medalha feminina em Mundiais de piscina longa, e esse é meu objetivo agora”, disse a atleta. “Uma coisa que eu aprendi nos meus 26 anos é que você não pode esperar alguma coisa de verdade. Tudo pode acontecer”, adicionou.
Na verdade, brilhar em Kazan-2015 é apenas parte dos objetivos de Alia. A nadadora, que atualmente treina nos Estados Unidos, também tem feito atividades para tentar popularizar seu esporte na Jamaica.
“Eu tenho tentado durante os anos criar uma base maior de fãs para a natação e popularizar isso”, contou a atleta. “Estamos nos desenvolvendo. Mas para sermos uma potência na natação, talvez precisemos de alguns anos”, completou.
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