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Sem Phelps e revezamento. Nos EUA, mulheres são a força da natação em Kazan

Aos 18 anos, Katie Ledecky já carrega a responsabilidade de ser um dos grandes nomes da natação dos Estados Unidos no Mundial - Michael Sohn/AP
Aos 18 anos, Katie Ledecky já carrega a responsabilidade de ser um dos grandes nomes da natação dos Estados Unidos no Mundial Imagem: Michael Sohn/AP

Guilherme Costa

Do UOL, em Kazan (Rússia)

03/08/2015 10h00

O conjunto masculino dos Estados Unidos não conseguiu classificação sequer para as semifinais do 4x100m livre no Mundial de esportes aquáticos de Kazan (Rússia), algo inédito no torneio, e fez o pior tempo do país na prova desde 1998. Nas individuais, ainda que a delegação tenha nomes como Nathan Adrian (atual campeão olímpico dos 100m livre) e Ryan Lochte (atual campeão olímpico dos 400m medley), o que mais chama atenção é uma ausência: Michael Phelps, que desistiu da aposentadoria, mas não está na competição – foi suspenso da seleção por ter sido flagrado dirigindo embriagado. A natação norte-americana em Kazan é exemplo de uma mudança de eixo. Por lá, com nomes como Katie Ledecky, 18, e Missy Franklin, 20, a vez é das mulheres.

“São duas das melhores nadadoras que o planeta já viu. São nossas jovens ‘veteranas’. Katie se formou no colegial há poucas semanas”, contou Dave Salo, técnico da natação feminina dos Estados Unidos.

Ledecky já mostrou isso ao conquistar no último domingo (02) o bicampeonato mundial dos 400m livre. A norte-americana sobrou na prova, venceu com 3min59s13 e estabeleceu novo recorde da competição. No entanto, foi cobrada depois da vitória por não ter derrubado o melhor tempo do planeta, que já é dela (3min58s74 em agosto de 2014).

“Talvez isso desaponte vocês, mas eu não sinto. É uma grande honra ver que as pessoas querem que a toda hora eu quebre recordes mundiais. Acho que isso é baseado no que eles veem de potencial em mim, mas eu só quero entrar na água e nadar”, ponderou a norte-americana.

As cobranças têm a ver com o desempenho de Lebecky. A norte-americana chamou atenção em Londres-2012, aos 15 anos, quando obteve o ouro nos 800m livre. Depois disso, participou de quatro provas no Mundial de Barcelona-2013 e cinco no Pan-Pacífico de Gold Coast (2015). Em nove disputas, amealhou estarrecedores nove ouros.

Na manhã desta segunda-feira (03), a nadadora respondeu. Na seletiva dos 1.500m livre, na qual defende o título, nadou a prova em 15min27s71 e derrubou o recorde mundial que já era dela.

O cenário (atual campeã e atual recordista mundial) será repetido por Ledecki nos 800m livre. Ela ainda nadará os 200m livre e dois revezamentos (4x100m livre e 4x200m livre). “Estou me sentindo bem, mas há coisas para melhorar ainda. Espero poder seguir evoluindo”, avisou a norte-americana.

Missy Franklin, mais experiente, também conquistou no último domingo a primeira medalha em Kazan-2015. Ela fez parte do conjunto norte-americano que ficou com o bronze no revezamento 4x100m livre.

O revezamento foi apenas o primeiro dos três que Missy deve nadar em Kazan. Ela também está inscrita em quatro provas individuais e tentará ao menos repetir o feito de Barcelona-2013, quando somou seis medalhas (todas de ouro).

O desempenho de Missy em 2013 foi o recorde de ouros para uma mulher em um Mundial. Ela foi mais três vezes ao topo do pódio em Xangai-2011, e o total de conquistas (nove) também é inédito na história.

A lista de feitas da nadadora de apenas 20 anos ainda conta com cinco medalhas olímpicas (quatro ouros e um bronze) conquistadas em Londres-2012.

Até março deste ano, Missy nadava pela universidade. A norte-americana tornou-se profissional, assinou com um agente que tem trânsito entre estrelas de Hoollywood e voltou a morar em Denver. Por lá, retomou os treinos com Todd Schmitz, que a acompanhava na infância. A rotina com o profissional inclui ioga e dança.

A natação norte-americana segue sendo uma potência, e isso é inegável. Em Kazan-2015, contudo, as protagonistas do esporte no país são as mulheres.