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Homens falham, e nadadora de 18 anos carrega desempenho dos EUA em Kazan

Guilherme Costa

Do UOL, em Kazan (Rússia)

05/08/2015 00h00

Em 13 provas que distribuíram medalhas até aqui, os Estados Unidos amealharam apenas quatro láureas no Mundial de esportes aquáticos de Kazan (Rússia). Foram dois ouros e dois bronzes para os norte-americanos, que haviam frequentado o pódio 29 vezes na edição anterior do torneio (Barcelona-2013). E se o desempenho preocupa, o principal motivo é o rendimento da equipe masculina. Afinal, Katie Ledecky tem carregado a seleção.

Ledecky, 18, ganhou os dois ouros da natação dos Estados Unidos em Kazan. Venceu os 400m livre e os 1.500m livre, com direito a um novo recorde mundial na segunda prova - nadou em 15min25s48 e baixou em mais de dois segundos os 15min27s71 da antiga marca, que já era dela e havia sido feita nas eliminatórias (veja no vídeo acima).

A fase é tão boa que a nadadora se permitiu uma aposta ousada na última terça-feira (04): adicionou a seu programa os 200m livre, prova que ainda não havia disputado em grandes competições, e teve de voltar à piscina menos de 30 minutos depois da vitória nos 1.500m livre, um dos percursos mais desgastantes da natação. Mesmo cansada, fez 1min56s76 e avançou à decisão com o sexto tempo.

“Eu estou feliz porque não sabia o que esperar dessa prova. Fiquei contente por ter feito esse tempo. Melhorar o meu nado é algo que eu sempre tenho em mente, e é bom ver quando isso acontece”, comemorou a atleta.

A semifinal dos 200m livre também contou com Missy Franklin, 20, que se classificou com o segundo melhor tempo (1min56s37) mesmo dizendo publicamente que está aquém de seu ideal.

Missy também esteve no revezamento 4x100m livre feminino que obteve medalha de bronze no último domingo (02). O conjunto norte-americano, que também contou com Margo Greer, Lia Neal e Simone Manuel, só foi superado por Austrália e Holanda.

Enquanto as mulheres empilham finais e Ledecky coleciona honrarias, contudo, os homens norte-americanos sofrem. O único pódio masculino dos Estados Unidos até aqui foi um bronze de Matt Grevers nos 100m costas.

Contudo, até o bronze de Grevers foi uma decepção para os norte-americanos. O nadador é o atual campeão olímpico da prova, venceu a disputa no Mundial de Barcelona-2013 e ainda entrou na piscina na terça-feira com o melhor tempo entre os finalistas.

“Tentei fazer meu melhor, mas de vez em quando as coisas não dão certo. Eu pensei que os primeiros 50m estavam no meu ritmo, mas nos últimos 50m eu cansei e fiquei surpreso. Eu treino para matar e não para morrer. Os últimos 50m são o meu trecho mais rápido, e cansar nesse pedaço foi muito frustrante”, avaliou Grevers.

Outros nadadores norte-americanos também desapontaram. Foi o caso de Ryan Lochte, que entrou na final dos 200m livre com o melhor tempo e acabou na quarta posição, mas foi principalmente o caso do revezamento 4x100m livre, que fez o pior tempo desde 1998 e acabou alijado das finais pela primeira vez na história do Mundial.

“Acho que essa situação ainda é reversível até as Olimpíadas. Acho que qualquer resultado aqui deve ser valorizado, mas deve ser usado apenas como um degrau para o próximo ano”, minimizou Tyler Clary ao ser questionado sobre o desempenho ruim dos homens dos Estados Unidos em Kazan. Ele foi à decisão dos 200m borboleta com a terceira marca, mas acabou em sexto.

A natação masculina dos Estados Unidos contribuiu com quatro ouros no Mundial de Barcelona-2013. Em Xangai 2011, ainda com Michael Phelps, o desempenho foi melhor: oito presenças no topo do pódio.

Phelps, dono de 26 ouros em Mundiais, abandonou a aposentadoria em 2014. No entanto, por ter sido preso em setembro ao dirigir embriagado, acabou punido e cortado de Kazan-2015. Sem ele, com uma boa geração envelhecida e novatos que ainda não se mostram confiáveis, a natação masculina dos Estados Unidos é um grande ponto de interrogação a um ano dos Jogos Olímpicos de 2016. “Tudo que podemos fazer agora é voltar a treinar e pensar no ano que vem”, resumiu Lochte.