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Etiene conquista medalha histórica e revela choro antes de final na Rússia

Brasileira conquistou a primeira medalha feminina do Brasil em Mundiais de piscina longa - Christophe Simon/AFP Photo
Brasileira conquistou a primeira medalha feminina do Brasil em Mundiais de piscina longa Imagem: Christophe Simon/AFP Photo

Guilherme Costa

Do UOL, em Kazan (Rússia)

06/08/2015 13h30

Etiene Medeiros, 24, chorou antes de entrar na piscina nesta quinta-feira (06). Depois, ainda que não tenha vencido a prova, só teve motivos para sorrir. Primeira mulher do Brasil a obter medalha no Mundial de piscina curta, a quebrar um recorde mundial de natação e a faturar um ouro em Jogos Pan-Americanos, ela adicionou mais um feito ao currículo de pioneirismo. Com 27s26, ficou com a medalha de prata nos 50m costas do Mundial de esportes aquáticos de Kazan (Rússia).

A prova foi vencida por Fu Yuanhui (China), 19, que completou o percurso em 27s11 e somou a segunda medalha na prova em Mundiais – havia sido prata em Barcelona-2013. Depois de percorrer os 50 metros da piscina da Arena Kazan, contudo, Etiene tinha razões de sobra para se sentir vitoriosa.

“Gente, eu não tenho nem noção do que é isso, ainda. As coisas foram acontecendo na minha vida de um jeito natural, e eu fui apenas sendo eu. Não consigo ter dimensão exata de tudo”, comemorou Etiene, ainda um pouco atônita, depois da prova. “Estou nervosa. Meu sorriso da semifinal foi mais bonito do que o de hoje [quinta-feira]”, completou.

Etiene participa de Mundiais desde Roma-2009, quando ficou com a 21ª posição dos 50m costas. No entanto, chamou atenção de uma forma mais contundente em 2014, quando conquistou dois ouros (50m costas e 4x50m medley misto) e um bronze (4x50m livre misto) na competição de piscina curta (25 metros) de Doha. Os 25s67 feitos no torneio ainda fizeram dela a primeira mulher brasileira a quebrar um recorde mundial de natação.

A trajetória de pioneirismo e vitórias continuou para Etiene em 2015, ano em que ela faturou dois bronzes (4x100m medley e 4x100m livre), uma prata (50m livre) e um ouro (100m costas) nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, com direito ao recorde da prova na competição. O Brasil nunca tinha levado uma mulher ao topo do pódio do certame na natação.

Por tudo isso, Etiene chegou a Kazan cercada de expectativa. Antes do início do Mundial, a brasileira tinha o melhor tempo de entrada entre todos os nadadores do país. Contudo, todo esse cenário de expectativa quase virou pressão exacerbada.

“Eu chorei com o [técnico Fernando] Vanzella antes de começar. Ele nunca tinha me visto chorar antes de nadar. É uma adrenalina o que a gente passa. Ali sou só eu na água. Tentei bater o recorde mundial, mas a chinesa foi melhor”, disse a brasileira.

Vanzella teve de atuar como uma espécie de psicólogo para conter o arroubo de Etiene: “Ela acordou bem, mas estava com um pouco de cara de travesseiro quando eu a vi. Aí chegamos até aqui, e antes de ela ir para o call room eu percebi que estava nervosa. Conversamos bastante sobre a alegria que é estar aqui é sobre o que tudo isso representa”.

Para sorte dele, o nervosismo não atrapalhou Etiene. A medalha obtida por ela foi a terceira do Brasil em Kazan – o país já havia subido no pódio com Nicholas Santos (50m borboleta) e Thiago Pereira (200m medley). "Está sendo tudo muito rápido. Em menos de dez meses, recorde mundial, Pan-americano, Mundial.... Eu não tenho noção. Estou em um negócio tão louco de objetivo e de uma coisa maior. Eu não quero contar porque é um objetivo meu, mas estou traçando, e as coisas estão vindo", celebrou a nadadora.