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Nadadora que cogitou desistir do Mundial obtém vaga para Brasil na Rio-2016

Nadadora Larissa Oliveira chegou a cogitar pedido de dispensa do Mundial de Kazan - Satiro Sodré
Nadadora Larissa Oliveira chegou a cogitar pedido de dispensa do Mundial de Kazan Imagem: Satiro Sodré

Guilherme Costa

Do UOL, em Kazan (Rússia)

06/08/2015 06h27

Os últimos dias mostraram à nadadora Larissa Oliveira, 22, o quanto as coisas mudam rapidamente no esporte. A brasileira teve problemas pessoais, ficou insatisfeita com seu desempenho nos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015 e chegou a cogitar um pedido de dispensa do Mundial de esportes aquáticos de Kazan (Rússia). Completou a frustração ao nadar os 100m livre em 55s02 e ser eliminada com o 19º tempo na prova preliminar. Minutos depois, porém, integrou o conjunto que classificou o país para os Jogos Olímpicos de 2016 no revezamento 4x200m livre.

Larissa nadou os 100m livre na décima bateria, que foi liderada pelas australianas Cate Campbell (53s22, segundo tempo no geral) e Bronte Campbell (53s50, terceiro tempo no geral). O melhor desempenho da eliminatória foi da sueca Sarah Sjostrom (53s22).

“Minha série foi uma das mais fortes. Saio feliz. Acho que esporte é muito difícil, e não é em todo dia que você vai estar ali para seu melhor. Eu vim de uma competição que eu não gostei muito, que eu não achei que foi tão boa, que foi o Pan-Americano. Esperava mais. É isso: no esporte, nem sempre você vai chegar ali e fazer do jeito que você quer. É uma coisa um pouco ingrata, até. Você treina, está todo dia às 7h lá, fica longe de casa, fica longe da família, e mesmo assim nem sempre é recompensado. Não foi do jeito que eu queria, e acho que também não foi do jeito que todo mundo esperava, mas eu saio daqui de cabeça erguida. Foi o melhor que eu pude fazer”, avaliou a brasileira.

Nos Jogos Pan-Americanos de 2015, Larissa acumulou dois quintos lugares em provas individuais (100m livre e 200m livre). Além disso, integrou o conjunto brasileiro que amealhou três medalhas em revezamentos (prata no 4x200m livre, bronze no 4x100m livre e no 4x100m medley).

“Eu saí do Pan depois dos 200m livre e falei que não queria vir mais para cá e não queria mais nadar. Agora eu estou entendendo que esporte é isso, que competição é isso. Nem sempre eu vou chegar lá e dar meu melhor, que é o que eu sempre quero. Paciência. Agora é voltar para casa e treinar mais porque isso que eu tenho feito ainda não é o suficiente para chegar aonde eu quero. A única resposta é treino”, disse Larissa após ter sido eliminada nos 200m livre de Kazan.

“Eu sou uma pessoa extremamente perfeccionista. Acho que 19º é legal, mas não é o melhor. Acho que eu posso ser pequena, posso ser menos forte do que as meninas, mas estou aqui para brigar de igual para igual com todo mundo. Como eu não tinha gostado do meu resultado, eu meio que fugi, mesmo. Não queria me decepcionar de novo. Cheguei a cogitar pedir dispensa, mas estou aqui para ajudar o Brasil, também. Sei que eles precisavam de mim para o revezamento, e aí não tinha muita escolha. Sem a minha presença aqui ia ficar muito mais difícil classificar os revezamentos para as Olimpíadas. Então acabei vindo, embora não esteja 100% feliz”, completou a atleta.

A insatisfação de Larissa com a temporada também tem a ver com as imposições do esporte. Antes do início do Pan, quando ela já fazia um período de treinamento com a seleção brasileira, o pai de nadadora foi assaltado, e a irmã quebrou a mandíbula ao cair e bater a cabeça.

Os problemas pessoais, o desempenho aquém do desejado e a dificuldade para competir com as principais do mundo criaram um cenário complicado para Larissa antes do Mundial. A nadadora se consulta com uma psicóloga normalmente, mas chegou a evitar passar pelas sessões.

Aos poucos, porém, o roteiro começou a mudar. Os pais de Larissa viajaram ao Canadá e a irmã foi aprovada em medicina no vestibular, por exemplo. E a atleta, após frustrações na piscina, fechou o revezamento 4x200m livre que fez o décimo tempo na eliminatória desta quinta-feira (06). Os 7min57s15 não foram suficientes para colocar o time na decisão da prova, mas ao menos asseguraram vaga nos Jogos Olímpicos – era preciso ficar entre os 12 para ratificar classificação.