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Poliana admite medo com crise na natação, mas acredita que "é melhor assim"

Adam Pretty/Getty Images
Imagem: Adam Pretty/Getty Images

Demétrio Vecchioli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/04/2017 16h44

A prisão do ex-presidente Coaracy Nunes e de toda a cúpula da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) gera apreensão na comunidade da natação. A primeira consequência já foi anunciada pelos Correios, principal patrocinador da entidade, que pretende encerrar o apoio, que iria render R$ 11,4 milhões em dois anos. O desgaste na imagem da CBDA vai refletir diretamente nos atletas, que deixarão de usufruir desses recursos para treinar e competir.

Única medalhista das modalidades aquáticas nos Jogos Olímpicos do Rio, Poliana Okimoto admite que o cenário incerto para a CBDA gera insegurança, mas acredita que há uma luz no fim do túnel. “Todo momento de transição gera um desconforto, uma insegurança, um medo, mas lá no futuro a gente vai olhar para trás e vai ver que foi melhor assim”, comenta a atleta da Unisanta, que estava voando de volta ao Brasil durante a operação da polícia federal e só ficou sabendo do ocorrido quando ligou o celular no aeroporto. “Foi meio apavorante de início, porque a gente não esperava, pegou a gente um pouco de surpresa”, admite.

Poliana tinha boa relação com Coaracy Nunes, que esteve presente na prova na qual ela ganhou o bronze no Rio, na praia de Copacabana. Os dois se aproximaram quatro anos antes, depois de ela sofrer hipotermia na prova da Olimpíada de Londres.

“Ele foi um grande incentivador, me ajudou muito num momento que eu estive sozinha. Ajudou quando eu mais precisava, num momento de frustração, depressão. O Coaracy tem seus méritos. Durante muitos anos ele fez muito pela natação, trouxe patrocínio”, diz Poliana, antes de fazer a ressalva: “Mas 30 anos no poder é tempo demais”.

“Nunca esquecendo tudo que a atual gestão fez pela natação brasileira, mas os nadadores, técnicos e clubes, a gente pede e clama por mudança”, afirma a nadadora, uma das signatárias da carta divulgada na manhã desta sexta-feira por 13 medalhistas olímpicos brasileiros.  No texto, eles se dizem “preocupados com o grave momento” e asseguram acreditar que a comunidade aquática “é forte e resiliente”.

Os medalhistas passaram a conversar num grupo de Whatsapp há cerca de dois meses. Agora, Poliana acredita que essa união pode fazer com que os atletas passem a ser mais ouvidos dentro da CBDA. “A gente está passando por momento de transição, precisamos nos unir. Não só os medalhistas, mas todos os atletas e técnicos. A gente tem que se unir nesse momento para fazer uma natação melhor para o futuro e para a gente ter mais voz. O atleta é pouquíssimo ouvido. É momento para parar para pensar que somos nós que doamos nossas vidas para o esporte evoluir e é mais do que justo que a gente seja ouvido.”