Carina Hata/UOL | Vamos cubanizar o COB Rodrigo Bertolotto Em São Paulo Recorde de delegação: 247 atletas. Recorde de medalhas? Não. Com um investimento nunca visto, o Brasil teve em Atenas-2004 menos medalhas que em Sydney-2000 e Atlanta-1996. Muitos atletas foram para a Grécia celebrar uma aposentadoria de luxo. São os exemplos dos nadadores Rogério Romero e Gustavo Borges. A natação brasileira não subiu ao pódio, coisa que não acontecia desde Seul-1988. Outros foram fazer turismo, afinal, estavam muito longe do nível internacional. É o exemplo do lutador Antoine Jaoude, do canoísta Sebastian Szubski, do tenista Gustavo Kuerten, de todos do tênis de mesa e também das meninas da esgrima. Eles visitaram Atenas, conheceram a Vila Olímpica, mas foram eliminados na primeira prova. Jaoude, por exemplo, teve uma participação olímpica de quatro minutos. Também houve um festival de desculpas. A triatleta Sandra Soldan reclamou de uma distensão nas nádegas. O velocista André Domingos teve diarréia antes de competir. O velejador reclamou dos helicóptero por ter perdido o ouro na classe Mistral. Outros esportes foram atrás de experiência internacional e feitos muito distantes do pódio. São os exemplos do nado sincronizado, da GRD (ginástica rítmica desportiva) e salto ornamental. Já a ginástica artística, e sua estrela Daiane dos Santos, foram atrás do pódio e do ouro, mas só conseguiu um honroso quinto lugar no solo _anteriormente o melhor resultado tinha sido uma 20ª colocação. O caso emblemático é o handebol. Foi a Atenas para melhor sua desempenho histórica. As mulheres ficaram na sétima posição. Os homens terminaram em décimo do mundo. Suas melhores atuações nas Olimpíadas. É no handebol que se entende a distância entre a filosofia do COB e a do esporte cubano. A ilha de Fidel Castro só leva aos Jogos quem tem chance de pódio. Nenhum cubano vai a aos Jogos para "realizar o sonho olímpico". Vão para ganhar. Apesar de dominarem nas Américas, os cubanos renunciaram ao handebol mundial por estarem longe do nível europeu. Pois, o Brasil assumiu a vaga deixada, indo para os torneios internacionais para ser coadjuvante. Apesar de sempre estar perto quando o Brasil tem chance de pódio, Carlos Arthur Nuzman deve gostar mesmo é do slogan "o importante é competir". Parabéns Fica para a história o feito do maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, com um bronze histórico, vencendo as adversidades da prova, as dezenas de rivais e até um maluco que decidiu derrubá-lo quando era líder. E o feito das jogadoras do futebol, com uma prata inédita. Ficam as marcas de Robert Scheidt, Torben Grael, Marcelo Ferreira, Maurício e Giovanne, que chegaram ao hall dos bicampeões olímpicos, que tinha só triplista Adhemar Ferreira da Silva. Ficam os bronzes do judô, as conquistas na praia e a redenção do conjunto Baloubet du Rouet/Rodrigo Pessoa. Esses atletas foram para Atenas com o espírito vencedor e não para engrossar delegações. Parabéns para eles e para aqueles que quase beliscaram um pódio. Coluna publicada em 29/08/2004 |