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Tragédia anunciada
Por Lello Lopes

Superlotação de estádios e falta de preparo dos organizadores colocam em risco a vida de torcedores e jornalistas nos Jogos Pan-Americanos.

Quinta-feira, 7 de agosto de 2003

Muito já se falou sobre as falhas de organização dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo. Mas o que aconteceu na noite de quarta-feira no Estádio Olímpico e no Palácio dos Esportes deixou de ser apenas mais um contratempo para beirar a irresponsabilidade.

Tanto no estádio de atletismo quanto no ginásio de basquete os organizadores permitiram a entrada de muito mais gente do que a capacidade máxima. Resultado: superlotação e risco iminente de uma tragédia.

Nós nem precisamos voltar muito no tempo para saber o saldo da mistura explosiva entre estádio lotado e desorganização. Basta lembrar a decisão da Copa João Havelange, em 2000, quando a queda de um alambrado em São Januário provocou ferimentos em quase 200 pessoas e obrigou a partida entre Vasco e São Caetano a ser interrompido.

Por sorte, e apenas por sorte, não fomos obrigados a assistir às mesmas cenas no Centro Olímpico Juan Pablo Duarte.

Para ver a prova dos 400 m com barreiras, onde o ídolo local Félix Sánchez era o favorito à conquista da medalha de ouro, milhares de dominicanos se acotovelaram para conseguir entrar no estádio. Sem lugares, muitos deles foram assistir à corrida em cima da marquise.

À medida que o momento da prova se aproximava, o desespero para entrar no estádio se intensificava. Alguns setores começaram a ser invadidos. Nem mesmo o espaço reservado para a imprensa foi respeitado. Despreparados, policiais que guardavam o portão deixaram os seus postos para acompanhar a final dos 100 m rasos masculinos. É claro que muita gente aproveitou a bobeada para garantir um lugarzinho perto da pista, deixando quase impraticável o trabalho da imprensa.

A confusão durou até mesmo após a vitória de Sánchez. Enquanto os torcedores faziam festa, ignorando os riscos que estavam sofrendo, os jornalistas se espremiam no meio da multidão para tentar escapar do estádio lotado.

Uma hora depois, o sufoco se repetiu, desta vez no Palácio dos Esportes, onde Brasil e República Dominicana decidiram a medalha de ouro no basquete. O roteiro foi o mesmo: superlotação, empurra-empurra e risco de tragédia. E mais uma vez, por sorte, nada de grave aconteceu.

Resta saber agora até quando a sorte vai evitar que uma tragédia não manche de vez os Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo.

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  • 04/08/2003 - Histeria dominicana
  • 31/07/2003 - Calor, caos e susto

  •   Sem distinção
    Nem mesmo o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, conseguiu escapar da confusão no Palácio dos Esportes. Sem conseguir entrar no ginásio, ele ameaçou impedir a participação do Brasil na final.
     

      Em campanha
    O presidente da República Dominicana, Hipólito Mejía, fez questão de entregar a medalha de ouro para o campeão Félix Sánchez.
     

      Fome
    Todos os dias são consumidas 17 mil refeições na Vila Pan-Americana. E a qualidade da comida tem sido bastante elogiada pelos atletas.
     

      Jogo sujo
    Medalha de prata na marcha de 20 km, a mexicana Rosario Sánchez reclamou do comportamento da boliviana Geovana Irusta, a quem acusou de ter pisado em seus calcanhares durante a prova.
     

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