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Brasileiro vira grife e disputa Mundial com ioiô de até R$ 600

Rafael Matsunaga exibe a manobra Chop Stick com seu iôiô no vão livre do Masp, em São Paulo - Junior Lago/UOL
Rafael Matsunaga exibe a manobra Chop Stick com seu iôiô no vão livre do Masp, em São Paulo Imagem: Junior Lago/UOL

Paulo Anshowinhas

Do UOL, em São Paulo

29/07/2013 06h02

Rafael Matsunaga começou tarde no esporte e treina menos do que os rivais japoneses. Ainda assim, já conseguiu se transformar em grife no ioiô. Campeão mundial freestyle em 2003, o brasileiro virou nome de uma coleção de produtos e fugiu dos altos custos – um “brinquedo” pode custar até R$ 600. A partir de 8 de agosto deste ano, ele estará em Orlando, nos Estados Unidos, para tentar retomar a hegemonia global.

A edição de 2013 será a última do Mundial na cidade da Flórida, que já havia sediado o campeonato conquistado por Matsunaga. O torneio viajará para a República Tcheca em 2014 e para a Turquia no ano seguinte.

Quando foi campeão mundial de ioiô freestyle, Matsunaga, 36, tinha apenas três anos de prática do esporte. Neófito, ele ainda acumulava menos tempo de treino do que os rivais.

“No Japão é comum encontrar gente praticando mais de nove horas por dia, como o Shinzi Saito, que é o atual campeão mundial”, relatou Matsunaga ao UOL Esporte.

Também conhecido como Red, o atleta brasileiro ganhou status de grife após ter conquistado o título mundial de 2003. Ele virou nome de uma coleção das indústrias Duncan, cujo fundador, Donald F. Duncan, foi detentor da marca yo-yo de 1932 até a década de 1960, quando o termo virou domínio público.

“Eu comecei minha rotina de 2003 com uma manobra de alto impacto, o propeller, com as duas mãos envolvendo o corpo, e depois fiz uma série de manobras de menor nível de dificuldade apenas para acompanhar a coreografia musical. Por fim, o clímax foi uma manobra em que eu prendi o ioiô no pé, bati no chão e voltei. A galera delirou”, relatou Red.

Além de Matsunaga, o Brasil será representado por Ricardo Marechal, Gustavo Amaral, Jader Fabiano, Victor Hugo, Vinícius Chagas, André Teno, Paolo Bueno e Rodrigo Pires no Mundial freestyle deste ano. Os competidores de 20 países serão divididos em oito categorias.

O sucesso comercial no ioiô, contudo, não é uma exclusividade para quem faz parte dessa lista. É o caso de Dalton Hideki, de 19 anos, que pratica a modalidade há dois e nunca conseguiu um título de expressão.

Hideki participou de uma competição internacional de vídeos de ioiô no Japão, o que rendeu a ele um patrocínio da Phoenix Brazilian Professional Yoyo. E acima de tudo, o evento gerou respeito na agência de comunicação em que o analista de sistemas trabalha atualmente.

“No meu trabalho anterior, se eu fosse brincar com ioiô, me mandavam para a rua. Hoje eu carrego o ioiô no bolso todos os dias, e sempre dá tempo de fazer umas manobras para relaxar”, contou o atleta.

 

A Associação Brasileira de Ioiô tem 3.500 filiados atualmente. E os que não têm patrocínios como os de Matsunaga e Hideki precisam lidar com os altos custos da modalidade. Um produto nacional custa, em média, R$ 130. Uma versão oriunda dos Estados Unidos chega a US$ 200, e um modelo japonês pode ser comercializado por até US$ 300.

O alto custo de alguns ioiôs é justificado por dois motivos: um rolamento de precisão que fica entre as duas metades e o alumínio usado nas superfícies. O sistema de retorno é feito de silicone, e a cordinha tem valor módico.