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Filme com Danilo Gentili tem presença de banda pioneira do skate rock

Liderada pelo vocalista Ronaldo Pobreza (centro) a banda Grinders é pioneira no skatepunk no Brasil - Paulo Anshowinhas/UOL
Liderada pelo vocalista Ronaldo Pobreza (centro) a banda Grinders é pioneira no skatepunk no Brasil Imagem: Paulo Anshowinhas/UOL

Paulo Anshowinhas

Do UOL, em São Paulo

02/08/2013 06h00

O punk virou piada, mas não perdeu a atitude. É o que parece que tem acontecido com a banda Os Grinders, que teve seu barulhento skate punk utilizado como trilha sonora do filme Dossiê Rebôrdosa (2008), do diretor César Cabral e, recentemente, foi procurada pelo humorista Danilo Gentili e o ator global Bruno Gagliasso para repetir a dose no longa Mato Sem Cachorro (de Pedro Amorim), com data de lançamento prevista para 4 de outubro.

“Eles curtiram o nosso som, e de repente estávamos no cinema”, animou-se o skatista e líder d’Os Grinders, Ronaldo de Oliveira, o “Pobreza”, que em 2014 completa 30 anos de estrada com seu projeto ruidoso, mantendo o ritmo e a energia.

Prova desse vigor pôde ser tirada in loco pela reportagem do UOL Esporte. No sábado passado, a banda, que surgiu na cena underground nos anos 80, se apresentou no Dragon Sushi Bar, em Santo André, e foi recebida com idolatria pelo movimento skate rock presente no local. O show serviu de lançamento da terceira versão do clipe Skate Gralha (confira abaixo, com exclusividade).

Os Grinders é a banda brasileira mais conhecida e de maior duração do gênero skate punk até hoje. Em 2014, o grupo completará 30 anos de estrada. Apesar de muitas alterações em sua formação original, o líder e mentor intelectual da banda permanece firme na base, o vocalista Ronaldo Oliveira, o Pobreza.

Apesar de estar na ativa desde 1984, um dos pontos altos na trajetória da banda aconteceu em 2005, durante a entrega de prêmios do Troféu Dia do Skate, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Na premiação, o líder do Charlie Brown Jr., Alexandre Magno, o Chorão, afirmou no palco: “Se não fosse Os Grinders eu não ia nem pensar em ser músico”.

A frase pegou de surpresa a todos, mas principalmente a Ronaldo Pobreza. “Eu não aguentei e chorei”, confidenciou. “O Chorão ia gravar nosso maior hit, o Skate Gralha, mas o destino não permitiu”, lamentou o skatista oldschool, que continua à frente da banda, que atualmente é formada por Renan Oliveira, 27, na bateria, Giovani Micoli, 29, no baixo, e os guitarristas Luis “Nitro”, 40, e seu próprio filho Leonardo Oliveira, de 21 anos.

A banda foi batizada com esse nome pelo skatista e dono da skatebrand Urgh!, Jorge Kuge, por se tratar de um nome que reproduzia o som dos eixos do skate nas bordas de concreto das pistas, uma manobra barulhenta, chamada de grind (em inglês).

Gênero nasceu com skatistas na Califórnia no ápice do punk rock

  • Paulo Anshowinhas/UOL

    O grito das ruas do skate surgiu na Califórnia no final da década de 1970, provavelmente por meio do skatista Steve Olson, segundo o blog Skate 4 Life, que lembra que em 1978, Olson subiu ao palco para receber o prêmio de Skatista do Ano da revista americana Skateboarder, e o rapaz de cabelos espetados, em vez de fazer um discurso, cuspiu na cara das pessoas da primeira fila.

A primeira formação  de 84 - Cuca, Anderson, Fabio Zappa, Zinho e Pobreza - conseguiu se classificar para o Festival do Colégio Objetivo, o FICO, com a polêmica canção: “Não sou break !”.

Dai em diante, participaram da coletânea em vinil “Ataque Sonoro”, e abriram shows de bandas “gringas” consagradas, como The Lurkers (1989), Marky Ramone (1999); Dead Kennedys (2001) e GBH (2009). A participação no Campeonato Brasileiro de Skate de Guaratinguetá, de 1987, foi decisiva para entrar em turnê pelas casas underground da época, como Madame Satã, Dama Xoc, Anny 44, Ácido Plástico, Hangar 110 e Circo Voador.

Embora continuem totalmente independentes e sem gravadora, a banda deve distribuir seu trabalho para os Estados Unidos, Ásia e Europa, além de lançar uma linha de camisetas pela grife de skatewear Urgh!