Em Hollywood, mundo radical ajuda a criar dúvidas entre ficção e realidade

O extremismo dos esportes radicais sempre chamam muita atenção em filmes de ação, independente da cena em si retratar algo real. Mas distinguir ficção da realidade, do possível, é sempre uma tarefa difícil diante das possibilidades oferecidas pelo mundo radical.

O maior exemplo disso talvez seja o ícone norte-americano Evel Knievel (1938-2007). O dublê foi uma das grandes fontes de inspiração para Hollywood dar espaço aos recursos da ação extrema. Knievel era um motociclista destemido, que durante sua carreira chegou a saltar sobre fileiras de carros com sua moto em rampas de diversos tipos por 75 vezes. Mas esse não é o número mais impressionante da trajetória do motociclista: ele entrou para o Guiness, o Livro dos Recordes, ao bater a inacreditável marca de 433 ossos quebrados em sua carreira.

Seus feitos serviram de motivação para o surgimento dos esportes radicais na década de 60, e com a crescente popularização dessa prática a partir dos anos 80 não demorou para Hollywood explorar esse filão. Grandes clássicos da ação, que contam com apoio dos esportes radicais, vieram nos anos seguintes.

Em “Triplo X” (2002)  protagonizado pelo careca tatuado Vin Diesel e direção de Rob Cohen, por exemplo, os esportes radicais fazem parte do jogo, com cenas de motocross, snowboards e snowmobile.

A cena controversa entre ficção e realidade está em uma perseguição na montanha, onde Diesel interpreta um snowboarder (com cenas reais do dublê Jeremy Jones) a cerca de 10 km/h e provoca uma imensa avalanche de neve.

A realidade é que teoricamente, segundo a revista “Popular Science”, por menos de 210 km/h de velocidade e vibração, tal fenômeno não seria possível.

Em “Matrix Reloaded” (2003), dirigido pelos irmãos Wachovski, a dublê Debbie Evans Leavitt é quem encara a cena de perseguição em uma moto Ducatti no lugar da atriz Carrie Anne Moss. Isso sem falar nos efeitos especiais virtuais gerados por computador, para dar uma impressão ainda mais surpreendente ao momento.

Bond radical

Outra franquia cinematográfica que sempre explorou esse mercado de imagens de alto impacto em 23 filmes foi James Bond, o espião 007.

Em “Operação Skyfall” (2012), mais recente filme da franquia, o dublê Robbie Maddison faz as cenas mais arriscadas com sua moto, livrando a cara do ator Daniel Craig.

Esses dublês também viraram anjo da guarda de Roger Moore, em “Viva e Deixe Morrer” (73) durante uma perseguição onde um barco voa sobre carros; em “A View to a Kill” (85) de um salto da Torre Eiffel; em queda livre em “O Espião que me Amava” (77),  e até Pierce Brosnan em “Goldeneye” (95) em um assustador mergulho (em silêncio) do topo de uma represa até o fundo do lago.

Em “Casino Royale” (2006), a cena de perseguição pelas ruas e telhados coloca Sebastian Foucad, expert em Le Parkour, para realizar saltos incríveis e impressionantes e fugir de James Bond no filme.

Já em “Quantum of Solace” (2008), Daniel Craig e Olga Kurylenko (Bond e Camille) só conseguiram um visual facial mais realista da queda livre (com paraquedas fechado) graças aos efeitos especiais filmados em túnel de vento.

Possível, mas nem tanto

Mas a grande estrela cinematográfica envolvido em esportes radicais é sem dúvida, o agente Ethan Hunt (Tom Cruise), em “Missão Impossível”.

A franquia que até o momento já faturou mais de US$ 2 bilhões tem todo tipo de cena de ação com saltos de paraquedas, base jump, rapel, parkour, perseguição de carros e motos em centenas de cenas onde todos podem pensar que é um filme recheado de dublês.

Mas em “Protocolo Fantasma”, com direção de Brad Bird, uma cena em particular merece todo respeito. É quando Ethan Hunt escala o maior edifício do mundo em Dubai, sem paraquedas.

Ao contrário do que todos pudessem prever, Tom Cruise assumiu o risco e dispensou o dublê, encarando o risco e por pouco não virou lenda, caso caísse de tal altura.

Em vez de cair, subiu o interesse da bilheteria, o que foi o suficiente para Cruise anunciar recentemente que irá participar de Missão Impossível 5. Resta saber se dessa vez ele vai aceitar a presença de especialistas em cenas de alto risco, ou vai bancar o super herói de fato novamente.