Skatistas transformam rua em praia para receber lenda americana
Ao melhor estilo Woodstock, com direito a uma Kombi da década de 70 com pranchas de surfe no teto e skatistas pegando carona do lado de fora do carro, a vinda de uma lenda do skate americano mobilizou os fãs pelas redes sociais e alterou a rotina da Rua Varginha, no bairro Sumaré, em São Paulo, que voltou a ser chamada de Ladeira da Morte.
O “flash mob” do skate reuniu milhares de praticantes que transformaram a rua e a praça vizinha em uma verdadeira praia urbana, com garotas bonitas, famílias fazendo piquenique, e skatistas se agarrando a carros para subir a íngreme ladeira depois de descidas com derrapagens em alta velocidade com seus skates.
A razão do encontro foi a vinda e a celebração do aniversário da lenda americana de skate, Cliff Coleman, de 65 anos, conhecido como inventor da modalidade downhill slide (derrapagens em descidas de montanha), não se intimidou e desceu a ladeira como qualquer jovem da região.
“Eles merecem mais do que isso, mas R$ 50 vai ajudar muitos deles”, disse o sorridente Coleman, natural do norte da Califórnia, onde desde o início da década de 70 aprendeu a andar de skate e nunca mais parou.
Coleman distribuiu dinheiro do próprio bolso para skatistas que ele considerou necessitados, ou merecedores, e respondia em português muitas das perguntas da galera, sempre com um sorriso no rosto.
Vestindo um capacete do modelo Flyaway, Coleman conseguiu atrair nomes como os campeões Sérgio Yuppie (a quem ele chama de filho), Fernandinho Batman, Reine Oliveira, Juliano Casemiro, Luciano PT e várias outras gerações em torno de sua presença. Os praticantes encararam uma sessão de downhill slide (descida de ladeira com derrapagens) para susto de motoristas que passavam pelo local e acabaram auxiliando os meninos (e meninas) na subida, com caronas do lado de fora do carro.
Ao contrário de Coleman, que sempre usou capacete, muitos desses skatistas não se preocupavam com a segurança, e entre os diversos tombos, um acidente mais sério levou o jovem Jonathan Borges para o hospital com traumatismo craniano. Jonathan, que no momento do acidente não estava com um skate, foi atendido e já está em casa em repouso.
“Esses caras só vão descobrir a importância de se utilizar capacete depois que não precisarem mais”, alfineta o experiente skatista Bruno Leonardo, de 46 anos, que já competiu em campeonatos no Brasil e no exterior e continua na atividade até hoje.
Apesar da agressividade das manobras, muitos skatistas usavam luvas e joelheiras protetoras. Deslizar no asfalto era obrigatório, principalmente para frear a velocidade do skates, alguns cujas formas se assemelhavam a verdadeiros foguetes.
Sem apoio oficial, sem patrocínios, e mesmo sem organização, o evento, considerado pelos skatistas como "Fora da Lei", marcou também mais um ano de comemoração dos lendários campeonatos da década de 80 que ficaram conhecidos como Ladeira da Morte, em local onde a prática do skate já havia sido proibida, e posteriormente liberada, para alegria dos milhares de aficionados e desespero dos vizinhos.
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