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Cunhado culpa equipamento por morte de paraquedista brasileiro nos EUA

Andrei Penz não resistiu a acidente durante salto na Califórnia e morreu aos 30 anos - Reprodução/Facebook
Andrei Penz não resistiu a acidente durante salto na Califórnia e morreu aos 30 anos Imagem: Reprodução/Facebook

Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

22/06/2015 06h00

O equipamento foi o principal responsável pela morte do paraquedista brasileiro Andrei Penz, de 30 anos, que não resistiu a um acidente durante salto realizado na última sexta-feira, na Califórnia. Este, pelo menos, é o ponto de vista de Vinícius Pavan, cunhado de Andrei, que revelou ao UOL Esporte alguns problemas com o equipamento e até a necessidade de reparos um mês antes.

Casado com a irmã de Andrei e também paraquedista, Vinícius contou que, há cerca de um ano, outro paraquedista sofreu um grave acidente – perdeu as duas pernas – utilizando o mesmo equipamento. Tal caso já está na Justiça, e ganha agora um fato a mais.

“O que aconteceu no acidente está todo mundo falando bobagem. Foi assim: ele comprou este paraquedas recentemente aqui. É menor. Um paraquedas de alta performance, pequeno. Deu problema no paraquedas quando ele comprou, isso faz um mês e meio, dois meses. O problema é que as linhas da frente estavam muito curtas, então ele mandou de volta para consertar. Os caras consertaram e aí ele voltou a voar. Já estava voando há um mês com este paraquedas, estava tudo bem, ele estava amarradão, voando bem pra caramba. E aí, nesta situação, ele fez todo o procedimento normal, tem até vídeo disso que comprova tudo”, disse.

“E ele fez a curva em uma altura normal, 800 pés, virou e, quando ele estava fazendo a curva, o procedimento normal, ele estava reto, pronto para pousar. Mas o paraquedas colapsou completamente, simplesmente ‘empirulitou’, virou um charuto, e o cara caiu de 150 pés. Foi uma aberração deste equipamento, uma falha do equipamento. Todos os profissionais falaram isso. O paraquedas é segurado pelo ar, ele é dividido por várias células, e o vento fica batendo... Então alguma coisa aconteceu na célula do paraquedas que ele perdeu a pressão e descompensou tudo, perdeu todo o contato com o ar”, acrescentou.

Vinícius explicou que problemas com paraquedas são, de certa forma, recorrentes. Tanto que Andrei levou para consertar e, na teoria, o equipamento estava novamente funcionando normalmente.

“O Andrei fez a precaução, pegou e mandou para a fábrica. Não é uma coisa incomum acontecer. Então foram colocadas as linhas adequadas no paraquedas e fez todo o procedimento normal. É que nem quando você compra um carro. Dá um problema, você vai e faz o reparo”, contou.

Em seguida, Vinícius recordou o que aconteceu com outro paraquedista, amigo de Cristian, irmão mais velho de Andrei. Segundo ele, o mesmo equipamento falhou e ele acabou perdendo as duas pernas no acidente.

“Um amigo do Cristian que estava voando com este paraquedas, com este mesmo modelo, passou pela mesma coisa, e ele perdeu as duas pernas, faz um ano. Ele processou os caras e eu não sei a quantas anda isso. Este modelo é extremamente novo no paraquedismo”, explicou.

“Nós vamos avaliar isso e ver o que pode ser feito em relação a isso. É inacreditável. Não quero nunca que mais ninguém morra por causa desse paraquedas específico”, disse.

O acidente com Andrei, que mudou para os Estados Unidos há sete anos, aconteceu às 11h30 da última sexta-feira, em Jamul, San Diego. De acordo com Vinícius, ele tinha mais de seis mil saltos – fazia até 14 em um dia – e chegou até a trabalhar para o governo americano como paraquedista. “Voava muito”, disse o cunhado.

Gremista fanático, Andrei Penz, que foi homenageado com um minuto de silêncio antes do jogo contra o Palmeiras, neste sábado, deve ter suas cinzas jogadas na Arena Grêmio, segundo Vinícius. “Nós vamos jogar as cinzas aqui no mar que a gente surfava direto aqui em San Diego e vamos fazer uma super festa, escutar música, celebração mesmo. E depois vamos levar as cinzas para o Brasil, em Porto Alegre, e fazer uma celebração lá também. As cinzas devem ser jogadas na Arena Grêmio”, relembrou.

Uma equipe de emergência chegou a ser chamada após o acidente, mas Andrei não conseguiu ser reanimado. “Ele é um guri especial demais. Eu não conheço uma pessoa que tem tanto amigo como o Andrei. Ele é de uma influência muito interessante. Ontem eu fui na casa, e você vai ver o tamanho do evento aqui quando a gente cremá-lo”, completou Vinícius.