"Estádio é para rico"

Ex-presidente do Atlético-MG e atual prefeito de BH fala de futebol e política com franqueza polêmica

Luiza Oliveira e Thiago Fernandes Do UOL, em Belo Horizonte (MG) Samerson Gonçalves/UOL

O ex-presidente do Atlético-MG Alexandre Kalil conhece a riqueza. Nasceu em uma família tradicional de Minas, circula na alta sociedade de Belo Horizonte e conviveu com o meio milionário do futebol desde jovem.

O atual prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil conheceu a pobreza. Eleito pelas classes populares, faz trabalho de campo nas áreas mais periféricas da cidade desde que assumiu o cargo e fala sempre em atender às reais necessidades dessa gente. Vivendo os dois mundos, hoje ele entende que futebol pode ser fundamental, mas também supérfluo na vida de alguém. Por mais contraditório que isso pareça.

Kalil não tem melindres para dizer que ir ao estádio tem que ser coisa para rico. Para ele, pobre tem que ver jogo pela televisão, sim. Ele acredita que os clubes precisam lucrar e que o governo tem outras prioridades antes disso. Fala em garantir dignidade, comida na mesa, escola decente, acesso a remédios e um atendimento com menos filas no hospital. 

Nessa entrevista ao UOL Esporte, Kalil mostra os mundos diferentes. A trajetória que o transformou em um dos maiores presidentes da história do Atlético-MG, que levou o time à conquista da Libertadores, e também sobre como conquistou até os rivais cruzeirenses para ser prefeito da capital mineira com alto índice de aprovação e popularidade. Sempre com o jeito direto e sem papas na língua que todo mundo conhece.

Samerson Gonçalves/UOL

"Futebol é briga. Prefeitura é todo mundo empurrando para o mesmo lado"

Quer assistir mais? A entrevista completa de Alexandre Kalil está no canal do UOL Esporte no YouTube.

Samerson Gonçalves/UOL Samerson Gonçalves/UOL

"Dei minha alma e minha saúde ao Atlético"

Alexandre Kalil foi presidente do Atlético-MG de 2008 a 2014. No período, deu a vida ao clube. A metáfora é quase literal. Foi internado duas vezes durante o mandato e afirma que perdeu a saúde. "Entreguei para o Atlético o que eu não tinha para entregar. Foi a minha vida e a minha saúde. Eu não entreguei dinheiro igual vários presidentes fizeram. Entreguei minha alma para o Atlético. Eu fui hospitalizado duas vezes com alergia".

Quando uma coisa me interessava, eu mandava tirar uma passagem e ia. Cansei de lavar camisa e cueca em pia de banheiro porque eu não tinha nem levado roupa. Era reunião de um dia que durava quatro, mas eu tinha que resolver uma contratação, uma venda ou qualquer coisa".

Cinco anos após sentar na cadeira de presidente do Atlético, Kalil abre o sorriso para dizer o quanto foi bom estar ali até pelos frutos colhidos. Mas é taxativo: não voltaria ao posto. Para ele, é preciso ter juventude e vigor físico para exercer o cargo.

"Hoje, tenho ingerência zero na diretoria do Atlético-MG. Não é que eles não me escutem. Eu não quero interferir na vida do clube. É uma questão pessoal. Na gestão do Daniel Nepomuceno, quando ele me ligava eu ainda dava algum palpite. Mas, agora, eu disse ao presidente que nem se ele me ligar eu quero dar palpite".

Um filho meu só pode assumir o Atlético-MG quando o pai estiver morto. Eu não suportaria ver o que fizeram comigo fazerem com meu filho. Como o meu pai não suportaria ver o que fizeram com ele fazerem comigo. O massacre da mídia e o endeusamento. Os dois fazem mal para um pai. Um filho meu ser presidente do Atlético-MG pode até acontecer, mas eu já disse aos três: "é depois do enterro do papai"

Alexandre Kalil, sobre a sucessão da família no Atlético - detalhe: seu pai, Elias, também foi presidente do clube

Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Atlético-MG mudou a mentalidade

Alexandre Kalil viveu um período vitorioso nos seis anos como presidente. O time deixou de lutar contra o rebaixamento, foi campeão da Libertadores (2013), da Recopa Sul-Americana (2014), da Copa do Brasil (2014), tricampeão mineiro (2010, 2012, 2013) e vice brasileiro (2012). Para Kalil, mais que os títulos, o clube mudou a mentalidade.

O Atlético perdeu a vontade de perder e ganhou a vontade de ganhar. Foi um clube que mudou a filosofia".

"Quando eu entrei, o Atlético era um time derrotado, vindo da segunda divisão e na iminência de cair de novo. Eu falei: 'calma lá, gente. Vocês não sabem o tamanho que é o Atlético-MG, que é o Cruzeiro, que é o Internacional, que é o Grêmio'. Nós estávamos num patamar abaixo e eu deixei o Atlético num patamar acima desses três clubes. O que eu realmente acho que fiz foi devolver aos atleticanos o sentimento: 'olha, esse que é o nosso tamanho. Esse aqui é o tamanho do Atlético-MG'".

Vestiário não é lugar de presidente. Presidente vai só pra fazer cara feia quando perde. Quando ganha, se não passar lá é até favor. Eu nunca fui de conversar em vestiário, nunca fui de xingar em vestiário, nada disso

Alexandre Kalil

Os causos no Galo

Bruno Cantini/Atlético-MG

Briga com Ronaldinho

Kalil colecionou histórias na gestão do Atlético. Uma delas foi uma briga com Ronaldinho, em 2012. "O Ronaldinho não briga com ninguém, eu que briguei com ele. Eu fui mal-educado e grosseiro e ele foi incapaz de responder. Eu falei: 'aqui não é o Flamengo e você não vai ficar aqui'. Os jogadores se reuniram comigo e pediram para que eu desse uma oportunidade. Tinha pouco tempo que ele estava aqui e acho que ele deu uma esticada na corda, 'vamos ver até onde eu vou', e o negócio não deu muito certo. Nunca mais aconteceu. Depois, eu chamava ele de meu filho e ele de meu pai".

Bruno Cantini/Atlético-MG

Manter Cuca foi erro grotesco

Após a Libertadores de 2013, o técnico Cuca anunciou que deixaria o time. O fato foi fundamental para a eliminação contra o Raja Casablanca-MAR na semifinal do Mundial de Clubes daquele ano. "Ele chegou com uma proposta escandalosa da China. Eu falei: 'Uai, Cuca, você tem mulher, filho, família. Não é um pedaço de papel, não. Pode ir. Mantém segredo até acabar o Brasileiro'. Ele falou: 'Tá bom'. Aí reuniu jogadores e contou. Simples assim. [Mantê-lo] foi um erro grosseiro e grotesco. Só que se eu tiro um campeão da Libertadores na véspera do Mundial, a culpa seria só minha. Do jeito que ficou, a culpa é nossa".

  • 6 x 1 para o Cruzeiro

    A derrota mais dura de Kalil foi por 6 a 1 para o Cruzeiro no Brasileirão de 2011. "O 6 a 1 foi pego como um marco: 'Daqui para a frente vai ser diferente'. Mas a verdade não é essa. O Atlético foi estruturado durante três anos e, nos outros três, ganhou tudo. Existe um marco, mas não foi determinante para a gestão que ganhou tanta coisa. Você não vira uma administração por um jogo de futebol".

    Imagem: Reprodução
  • Adriano Imperador

    "Fui à casa dele em um condomínio e disse: 'Você é o maior centroavante do Brasil que eu vi jogar. Tenho um projeto para te recuperar no Atlético-MG'. Era exatamente o projeto do Ronaldinho. Ninguém cria supercraque. Supercraque você dá a sorte de nascer no seu clube ou você vai buscar. Eu vi essa oportunidade no Adriano. Ele falou que ia pensar, mas vi que não ficou entusiasmado. Nunca respondeu".

    Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF
  • Apagou a luz contra o Newell''s?

    O título da Libertadores de 2013 teve um momento dramático na semifinal contra o Newell's-ARG. O Atlético-MG precisava reverter um placar de 2 a 0. Aos 32 min do segundo tempo, a luz acabou no Independência. Na volta, o time mineiro conseguiu o segundo gol e venceu nos pênaltis. Kalil diz que não foi responsável pela luz. "Eu sei que não adianta falar. Juro, mas é outra coisa boa. Deixa ficar. Finge que fui eu. Tá bom".

    Imagem: Bruno Cantini/Site do Atlético-MG
  • Anúncio do Anelka

    "Aquilo foi o negócio mais doido que eu já vi. Eu não fui atrás de Anelka. O empresário trouxe o irmão do Anelka para BH, assinei o contrato e anunciei. Deu essa onda e não teve a menor importância. Virou uma brincadeira. O que é muito sadio", lembra. Para quem não lembra do caso: em 2014, Kalil postou em seu perfil no Twitter que o francês tinha sido contratado, mas ele nunca jogou pelo clube.

    Imagem: Keld Navntoff/EFE

"Rico vai ao estádio. Pobre assiste ao futebol na TV"

Guerra santa fez clubes darem salto nas cotas de TV

Em 2011, Alexandre Kalil foi um dos líderes de um movimento que mudou o futebol no Brasil. Um dos dirigentes mais respeitados do Clube dos 13, a entidade que reunia os clubes mais importantes do Brasil, ele participou das negociações de renovação do acordo de direitos de transmissão com a TV Globo. Aquela roda de reuniões acabou em racha e culminou com o fim do Clube dos 13.

"Houve uma guerra santa na época. O bicho pegou. Mas com essa guerra, tiramos o futebol de R$ 380 milhões para R$ 1 bilhão. Uma virada de contrato. Foi mais de o dobro. A briga não foi em vão. A briga trouxe um grande benefício para o futebol brasileiro. O ódio que me deu na época foi que todos lucraram com a briga de três ou quatro. Muito poucos brigaram para isso".

O resultado foi o fim da negociação dos direitos em conjunto - muita gente diz que a Globo foi a responsável por isso. Em acordos individuais, clubes como Corinthians e Flamengo saíram com mais dinheiro. Kalil não vê a Rede Globo como vilã no episódio - para ele, a TV brigava "de forma correta pelos próprios interesses". Tampouco culpa o então presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, que 'ganhou um estádio', na visão de Kalil. O que ele questiona são os clubes que tinham o mesmo interesse do Atlético-MG e fizeram o que a televisão queria. 

"O problema foram os outros que fizeram por motivo que ninguém sabe. O prejuízo foi enorme. O que eu não admito é quem está sentado de um lado da mesa inexplicavelmente defender interesse de quem tá do outro lado. Aí eu não respeito e acho que nem a própria televisão respeitou. Eu ficava muito indignado com isso".

Thomás Santos/AGIF Thomás Santos/AGIF

Qualquer um no Flamengo ganha montanha de dinheiro

Uma das bandeiras de Alexandre Kalil como dirigente esportivo era diminuir a disparidade de receita entre os clubes do futebol brasileiro - por isso sua indignação com o fim do Clube dos 13 e a negociação coletiva. Em sua visão, Corinthians e Flamengo sempre foram beneficiados pela televisão. Por isso, reconhece os méritos do Palmeiras por se reerguer financeiramente e conseguir brigar de igual para igual com as duas forças nos últimos anos.

"O Flamengo não é o Palmeiras. É completamente diferente de a Rede Globo querer presentear o Flamengo com uma montanha de dinheiro. Qualquer Zé Mané que chegar lá vai receber a montanha de dinheiro. O Flamengo é [Flamengo] porque a televisão insiste nisso. Isso é culpa da televisão. Não tiveram grandes administrações, que eu me lembre, no Flamengo até hoje, só que o dinheiro corre para lá à vontade".

"Quando eu era o presidente do Atlético-MG, o Palmeiras foi para a segunda divisão. Era quarta, quinta ou sexta arrecadação no Brasil. Hoje é a primeira. Quando o Palmeiras passa o Corinthians, temos que dar mérito a alguém. Pelo que sei, eu acho que o Paulo Nobre tem uma grande participação nisso. Vamos dar a César o que é de César. Reclamar do Palmeiras? Reclamar de boa administração? De conseguir um belo contrato de estádio, com belo patrocínio?"

"Brasil pode esquecer Copa do Mundo pelos próximos 50 anos"

A solução é copiar a Premier League

A saída para o futebol brasileiro pode ser mais simples do que parece na visão de Kalil. "É a liga inglesa. Divide 50% igual para todo mundo, 25% em premiação por colocação e 25% por audiência de televisão, que seria o pay-per-view. Não é quem a televisão escolhe para colocar não, é quem dá mais audiência. É só copiar".

Foi o que ele tentou na criação da Primeira Liga, em 2015. Pegou o regulamento da Premier League, pediu para o filho traduzir e fez o regulamento da competição. "Eu não estou brigando por uma utopia. Eu estou brigando pelo que já existe. Eu falei: 'Pode deixar. Nós vamos fazer a regra da Liga'. Traduzi a Premier League. Porque impedimento é impedimento, futebol é futebol, dinheiro é dinheiro, acaba com 45 minutos, tem prorrogação, pênalti, escanteio, torcida, cerveja. Nós não temos que criar ou inventar nada".

Para o ex-cartola, a mentalidade só vai mudar com queda de audiência da TV. E isso não vai demorar para acontecer diante dos novos serviços de streaming e da entrada de empresas como Facebook, Youtube e Amazon na disputa por direitos de transmissão. "Quando começar a fracassar a audiência e acabarem com o futebol brasileiro competitivo, eles mesmos vão dar jeito".

Samerson Gonçalves/UOL Samerson Gonçalves/UOL

Não vou sujar minha biografia para estádio de Atlético

Alexandre Kalil é prefeito de Belo Horizonte desde 2017. Para os atleticanos, era a chance de ver um ex-presidente agindo para que o clube tenha, finalmente, seu próprio estádio. O problema? Kalil avisa que não vai dar tratamento diferenciado para o clube.

"Eu faço estádio do Atlético, do Cruzeiro, do América-MG, de quem quiser... Estando tudo certinho, tudo no documento. O certo é que eu não vou sujar a minha biografia fazendo coisa errada para estádio de Atlético. Isso é certo. Mas se tiver tudo certinho, o estádio deve sair".

O licenciamento do estádio é feito no estado. O estado está licenciando e vai vir a documentação. É claro que é um negócio que vai dar certo, que não tem por que não dar. É um negócio privado, autossustentável".

Isso não impede, porém, que o prefeito analise o projeto atual com que o Atlético-MG está trabalhando. Os planos já foram aprovados e aguardam o licenciamento do governo de Minas para começar a construir. A previsão é que as obras comecem ainda no primeiro semestre deste ano. Kalil vê com bons olhos a chamada Arena MRV. "Eu acho que é o caminho para qualquer clube do Brasil. É um grande passo, um grande diferencial um clube de futebol ter o seu estádio. Eu sempre pensei isso".

Ueslei Marcelino/Reuters

Copa desgraçou o futebol brasileiro

Falando em estádio, Kalil sempre fez um alerta de como a Copa do Mundo seria prejudicial ao país. Hoje, ele avalia que a maior competição do futebol só foi boa para os empresários que construíram as arenas. "Eu dizia que essa Copa do Mundo iria desgraçar o futebol brasileiro e desgraçou um pouquinho. Todos os grandes [estádios] aí da Copa do Mundo. Fizeram um modelo prontinho para as empreiteiras e zero para o futebol. E quase que eles conseguiram liquidar o futebol brasileiro".

"Alguém achou que o Mané Garrincha ia dar certo? Que não era um ícone da corrupção? Alguém achou que Manaus ou Rio Grande do Norte precisavam de um estádio? Quem é do futebol não sabia que aquilo era gelada, não? Nós temos Arena Pantanal. Isso é um escárnio, gente. Eu falei isso antes de começar a obra. O dinheiro foi saqueado do Brasil e nem para o futebol ele foi revertido".

Kalil cita como exemplo prático a parceria entre Cruzeiro e a Minas Arena, gestora do Mineirão, que traz prejuízos ao clube pelas altas taxas de administração. "O Mineirão é uma piada de péssimo gosto. Tá aí o Cruzeiro atolado em dívidas do Mineirão. O governo repassa o dinheiro para o Mineirão, os clubes de futebol não têm condição de manter o estádio e tá aí esse bololô todo feito. Isso aí era absolutamente tranquilo que ia acontecer".

As pessoas acham que sou bravo, mas eu sou um frouxo de primeira. É porque ninguém está acostumado a escutar não. Que não pode, que isso não deve ser feito. Vai me desculpar. Eu sou prefeito, mas isso eu não posso. Se eu sou amigo, eu olho e o cara sabe que eu sou amigo. Se eu sou inimigo, ele não entra aqui dentro. Isso traz um negócio de bravo. Eu não sou bravo

Alexandre Kalil, sobre a fama de bravo

Rodrigo Clemente/PBH Rodrigo Clemente/PBH

"É cretino dizer que não penso em reeleição"

O assunto da reeleição é inevitável, embora Kalil prefira não se comprometer. Ele admite que pensa sobre o tema, mas que não é sua prioridade. O que mais deseja é deixar a prefeitura como um prefeito que resolveu problemas corriqueiros da população.

"Ainda está cedo. É claro que seria muito cretino eu falar que eu não penso em reeleição, mas eu não estou lacrado. Isso não é minha vida, não. Eu penso em reeleição desde que seja uma coisa razoável, com chance, com alguma coisa. Aí tudo bem, mas não é a minha meta".

Para ele, após quatro anos de governo, deixar um legado é muito mais importante do que ser reeleito. "Eu quero sair um bom prefeito. Isso eu quero. Eu quero um legado de coisas mais simples. 'Ele diminuiu o meu tempo de espera'. 'Nunca faltou um remédio na prefeitura dele'. 'Ele aumentou e universalizou a educação na cidade'. 'Ele credenciou o dobro de creches e alimentou e reformou as 28 ILPIs, que são os asilos, cuidou dos velhos'". Esse é o legado que eu quero deixar".

Rodrigo Clemente/PBH Rodrigo Clemente/PBH

Kalil e as brigas na prefeitura

  • Preço das passagens

    Uma das maiores polêmicas do mandato de Kalil envolveu passagens de ônibus. Uma das plataformas de campanha era investigar o transporte público na cidade e abrir a 'caixa preta' da BH Trans. A auditoria analisou 104 mil documentou e concluiu que a tarifa deveria aumentar, o que causou grande chiadeira. "Todo mundo acha que político tem que fazer bonitinho pro povo. Político tem que governar. Passagem tem preço. Exigem ônibus com ar-condicionado, suspensão a ar, com conforto? Isso tem preço. Quando você dá passe livre para estudante, tem preço. Tudo custa. Se eu quiser passagem baratinha, eu entro e falo: ?tá aqui, empresário. Abaixa R$ 1 e toma R$ 1 por passagem aqui?. É assim que faz. E eu não quero fazer isso porque eu não vou tirar dinheiro da educação, nem da saúde, nem de lugar nenhum".

  • Greve dos professores

    A greve dos professores em BH, em 2018, gerou uma série de negociações na prefeitura. Para Kalil, o ato foi político. "Foi o maior aumento [de salário] da história deles. Eu disse que eu ia dar o aumento, mas entraram em greve assim mesmo porque o sindicato é muito político. Eles tinham candidatos a deputados. Precisavam da greve e do palanque aqui na Afonso Pena. Eles entraram e saíram com o mesmo valor do aumento. Mas aí tinha que pôr o carro do sindicato, ficarem gritando aqui na porta porque eles estavam em campanha. Isso também eu estou aprendendo".

  • Protestos dos camelôs

    Oura reclamação que Kalil enfrentou foi dos camelôs que protestaram na prefeitura por serem impedidos de trabalhar. "Não pode, gente. A cidade tem que ter ordem. Não pode, com o comércio em crise, parar uma barraca na porta da sua loja. Você vende um rádio lá dentro por R$ 20, o cara vende por R$ 5 na sua porta. Nós não podemos chegar num lugar e ter camelô rodando à vontade. Tem que ter limpeza, organização. Nós estamos nos esforçando pra isso. Vamos amenizar o morador de rua, dando condição. Vamos alimentar, aumentar restaurante popular".

EVARISTO SA / AFP

Bolsonaro tem que "prestar conta para quem votou nele"

Kalil apoiou Ciro Gomes nas eleições presidenciais e seu partido (PHS) fez parte da coligação da candidatura de Henrique Meirelles (MDB-PHS), mas ele não é crítico de Jair Bolsonaro (PSL). Para ele, o povo fez a sua escolha e o presidente tem que prestar conta a quem o elegeu.

"Ele tem que cumprir o que ele prometeu. 'Ah, porque eu sou contra a arma'. O Brasil elegeu a posse de arma. Agora não é hora de ser contra. Contra é na hora de votar. 'Ah, eu sou contra a privatização e a liberalização da economia, que é o Paulo Guedes, que é o liberal'. O Brasil teve oportunidade de escolher. Se confunde muito as escolhas que o povo fez com quem perdeu e agora quer mandar. Ele ganhou a eleição. Ele tem que prestar conta pra quem votou nele".

Kalil ressalta, no entanto, que o aspecto social não foi debatido durante as eleições. E isso o preocupa. "Eu não ouvi falar em reajuste do SUS, eu não ouvi falar nem em uma política social robusta. Tenho uma grande esperança porque parece que a mulher dele é muito envolvida com essa parte social. Podem não acreditar, mas isso pesa na cabeça de um presidente. Isso é um alento a quem tem essa preocupação".

"Ele vai começar a governar. Não passou a reforma da previdência, não privatizou nada, não liberalizou nada. Tá tudo igual. Agora, se ele fizer o que está fazendo, eu tenho uma grande esperança que o governo dê certo".

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