Doutor Geninho

Técnico mais velho da elite conta como ajudou a montar seleção do penta e explica as duas recusas ao Flamengo

Augusto Zaupa e Felipe Pereira Do UOL, em São Paulo e em Florianópolis Caio Cézar/UOL
Caio Cézar/UOL

Você conhece o Dr. Eugênio Machado Souto, bacharelado em Direito e registrado na Ordem dos Advogados do Brasil há mais de 30 anos? Não? E sabe quem é Geninho, um dos técnicos com mais rodagem no futebol brasileiro? Sim?

Estas duas descrições representam uma mesma pessoa. Figura carismática e dono de causos engraçados, Geninho deixou de lado a carreira de advogado há 35 anos para se dedicar ao futebol. São mais de cinco décadas no campo. O técnico treinou o Avaí no primeiro semestre deste ano [foi demitido em junho] e carrega o status de mais velho em atividade na elite brasileira, aos 71.

Em conversa com o UOL Esporte, o veterano revelou como inspirou Luiz Felipe Scolari a montar o esquema tático da seleção na conquista do pentacampeonato mundial em 2002, fato que já havia sido registrado no livro 'A Alma do Penta', do jornalista Ruy Carlos Ostermann.

Geninho também ofereceu bastidores do título brasileiro pelo Athletico Paranaense e do banho gelado com roupa e tudo logo depois da eliminação pelo Santos no Paulista de 2001 - sim, "naquele" gol do corintiano Ricardinho.

Ainda magoado pelo fato de ser apontado como vilão na queda do Corinthians na Libertadores de 2003, o treinador ainda explicou o folclórico "pega, pega, pega", contou como uma façanha no Sport lhe rendeu uma tatuagem e revelou que sente remorso por ter dito "não" duas vezes ao Flamengo.

Fala, Geninho

Juca Varella/Folha Imagem

Como ajudou a seleção do penta

Geninho jamais treinou a seleção brasileira e hoje, olhando em perspectiva para a carreira, diz não sentir que tem esse perfil. No entanto, em 2002, deu sua pequena contribuição na fase final de preparação antes da Copa da Coreia do Sul e do Japão. Na condição de atual campeão brasileiro, pelo Athetico-PR (em 2001), o técnico ofereceu algumas ideias de acerto de time a Luiz Felipe Scolari.

"A seleção foi fazer a pré-temporada no CT do Athletico-PR. Eu tenho amizade com o Felipe desde a época de jogador, no Juventude. Nós estávamos trocando ideia. Ele comentou comigo que estava com dificuldade de montar o time porque os laterais eram agressivos. Era Roberto Carlos de um lado e Cafu do outro. Eram mais ataque do que defesa. Ele falou: 'Eu vi você jogar e eu acho interessante, mas eu não tenho ninguém para fazer o meu líbero", relatou Geninho.

Geninho então deu uma sugestão: "Eu falei pra ele: 'Coloca um volante de líbero'", disse o treinador. "Nós trocamos algumas ideias da maneira como eu jogava, como eu troquei ideia com ele sobre a maneira do Kleberson jogar, porque o Kleberson vinha a fazer, tranquilamente, o encaixe do segundo volante, que chegava como um meia, fazendo gols", emendou.

No fim das contas, Felipão levou ao Mundial aquela formação então pouco comum no futebol brasileiro, com três zagueiros. De quebra, aproveitou o atleticano Kleberson no time titular.

"Devo ter ajudado em alguma coisa porque ele acabou jogando no 3-5-2, com o Edmilson, que era um volante fazendo o líbero, e a seleção só se achou quando ele botou o Kleberson para jogar. Não sei se eu ajudei ou não. Se ajudei, fico muito contente. Se não ajudei, deixa pra lá", relembrou Geninho.

Juca Varella/Folha Imagem

"Pega, pega, pega" virou lenda urbana

A má interpretação de uma frase pode levar a desfechos catastróficos, ainda mais se os nervos estiverem à flor da pele. E isso foi o que ocorreu com Geninho e os jogadores do Corinthians na noite de 14 de maio de 2003.

Na partida de volta contra o River Plate, no estádio do Morumbi, pela Libertadores, Geninho gritou para Roger Guerreiro: "Pega, pega, pega". De acordo com o treinador, a intenção era que o lateral esquerdo aproximasse a marcação de Andrés D'Alessandro, jovem e talentoso meia argentino que estava despontando na época.

Mas o lateral chutou a perna esquerda de D'Alessandro e recebeu cartão vermelho. Com um a menos em campo, o Corinthians acabou eliminado nas oitavas de final, após nova derrota por 2 a 1. Geninho e Roger foram apontados com os vilões.

"Isso é uma coisa que acabou sendo muito mal divulgada pela própria imprensa. Tem alguns termos que nós usamos dentro do futebol que não querem dizer exatamente aquilo que você fala. Às vezes, um cara está passando aqui no contra-ataque, você fala para o camarada: 'Mata a jogada'. Não é para matar o infeliz."

"O D'Alessandro está vivo até hoje. O Roger nem encostou nele. O D'Alessandro pegou a bola, puxou para trás e o Roger foi na bola com tudo. O D'Alessandro deu um pulo e o juizão achou que ele tinha pegado. Quando chegou num cantinho, eu falei: 'Pega'. Pega para não deixar o D'Alessandro sair daquele canto, que era um jogador de uma qualidade, é ainda até hoje, um jogador de uma qualidade excepcional. O garoto ficou muito marcado por aquilo e virou uma lenda urbana."

Corinthians + São Jorge na pele

Ser campeão num time que tem uma torcida do tamanho do Corinthians é diferente pela mística que o clube tem. Da mesma maneira que é, de repente, você perder alguma coisa com um time desse. A cobrança é muito maior. Do mesmo jeito que você recebe elogios e vem a coisa boa, vem a coisa ruim também. Envolve muita paixão

Geninho, sobre o título paulista de 2003

Essa tatuagem foi quase que uma aposta. Um amigo muito devoto tinha um São Jorge nas costas. Ele falou: Se você subir com o Sport [para a Série A, em 2013], eu te pago uma tatuagem. Fiz num lugar que a blusa tampa, não mostro. A pessoa só vê quando eu tiro a roupa ou alguma coisa, senão ninguém sabe nem que eu tenho a tatuagem

Geninho, sobre a tatuagem de São Jorge

Jefferson Coppola/Folhapress

2001, parte 1: "Aquele" gol do Ricardinho

Tudo indicava que o Santos iria à final do Paulista de 2001 para findar um jejum de 17 anos sem conquistar o Estadual. Mas o sonho acabou aos 48 minutos do segundo tempo da semifinal, quando o meia Ricardinho acertou um chute no canto do goleiro Fábio Santos. O Peixe, comandando por Geninho, acabou derrotado pelo Corinthians por 2 a 1 e ficou fora da decisão contra o Botafogo de Ribeirão Preto.

"Todo mundo sabia que quem ganhasse aquele jogo era o campeão paulista. O Santos vinha numa inatividade de título muito grande e ali foi um choque muito grande para mim", disse Geninho, que lembra os minutos finais do clássico.

"Quando tem que acontecer, acontece. A bola estava no pé do [lateral direito] Russo, e o juiz parado no meio do campo, quase para acabar. Ao invés de segurar a bola, levar a bola até a bandeira do escanteio para matar o jogo, o Russo achou que o jogo tinha acabado e deu um balão que foi na mão do goleiro do Corinthians [Maurício], que repôs o jogo. A bola caiu no pé do Gil, que deu um corte, e o André Luís caiu, escorregou. O Gil rolou, o Marcelinho abriu a perna e o Ricardinho bateu. Coisa que só acontece no futebol", recordou.

"Eu entrei no vestiário, abri o chuveiro e entrei debaixo dele com roupa e tudo. Um chuveiro bem gelado no Morumbi para ver se eu me recuperava. Eu devo ter ficado uns 15 minutos debaixo de um chuveiro frio para ver se eu voltava ao normal. O vestiário naquele ambiente de choradeira", acrescentou.

"Eu vou ter 100 anos de bola e desse lance eu vou lembrar. Lembro das coisas boas, mas essa foi uma coisa que chocou. Naquele jogo, a vitória estava na mão e escorreu. É a mesma coisa quando você está com um ovo e o ovo cai da tua mão. Ele bate e estoura. O choque é muito grande."

Caio Cézar/UOL Caio Cézar/UOL

2001, parte 2: Campeão com o Athletico

As dores, no entanto, não são para sempre. As cicatrizes pela queda na semifinal do Paulistão logo foram fechadas, e o treinador conquistaria algo ainda mais grandioso apenas sete meses depois: o título do Campeonato Brasileiro. O feito inédito obtido pelo Athletico Paranaense foi alcançado após duas vitórias sobre o São Caetano.

"Talvez tenha sido a maior alegria da minha vida, ninguém apostava naquele time. Foi um ano mágico para o Athletico. Um time que não tinha nenhuma estrela, não tinha nem um jogador famoso. Talvez, o mais famoso daquele elenco era o Souza, que tinha saído do São Paulo. O Nem também tinha passado pelo São Paulo, mas sem ter deixado uma marca."

"O time foi se encaixando, jogando um futebol que hoje é um futebol moderno. Era um 3-5-2 altamente ofensivo. Eu jogava com só um volante, só o Cocito, porque o Kleberson era um meia. Com o Souza, eu tinha um grande armador no meio."

"Às vezes, eu jogava, praticamente, com três zagueiros e três atacantes, porque eu jogava com o Alex Mineiro, o Kleber Pereira e o Gabiru. Então, você fazia um futebol que era completamente diferente para a época. Isso deu um resultado incrível."

O Furação terminou aquele Brasileirão com 19 vitórias, seis empates e seis derrotas. Além disso, a dupla de ataque formada por Alex Mineiro e Kléber Pereira anotou 34 gols, sendo 17 para cada - o artilheiro do torneio foi Romário, com 21.

Flavio Grieger/Folhapress Flavio Grieger/Folhapress

Sem calote de clubes

Tenho 53 anos de bola, não tem nenhum clube que me deve. Muita gente fala que eu sou uma exceção à regra porque passei por várias equipes, que vários profissionais tiveram problemas, e eu não tive. Não posso falar mal de nenhum. Não fiquei com dinheiro para trás em time nenhum

Geninho, técnico de futebol

Por que recusou o Fla duas vezes

A primeira década do século representou o auge da carreira de Geninho. Neste período, o treinador teve convite para assumir o Flamengo em duas oportunidades. Era um grande sonho profissional, mas circunstâncias de época acabaram impedindo que isso se concretizasse. "Talvez a única coisa que eu possa me arrepender foi isso", diz o técnico.

O primeiro "quase" aconteceu em 2008, quando Joel Santana deixou o Fla para assumir a seleção da África do Sul. Mas Geninho estava apalavrado com o Atlético-MG, clube que deixou anos antes para assumir o Corinthians, debaixo de muita crítica. Então decidiu manter o combinado, em nome da ética.

"Falei: 'Eu vou fazer de novo, aí vai ser muito feio. Eu vou dar razão a todos aqueles que me xingaram quando eu saí do Atlético-MG'. Me xingaram de mercenário, de prostituto. Eu fui chamado de um monte de coisa porque acharam que eu tinha ido ganhar uma fortuna no Corinthians, e não fui. Eu acabei optando por falar não para o Flamengo. Acabou indo o Caio Júnior", descreveu.

A segunda oportunidade aconteceu no final daquele mesmo ano. O técnico, então no Athletico-PR, tinha boa relação com a diretoria do Flamengo, principalmente com o vice de futebol Kléber Leite e o gerente Isaías Tinoco. O clube carioca tinha acertado com Carlos Alberto Parreira para a temporada seguinte, enquanto Geninho havia definido a permanência no time de Curitiba.

"Chegou o final da semana, o Isaías me liga: 'Você já assinou contrato?'. Eu falei: 'Já'. Ele falou: 'O Parreira não vem mais. O Kleber mandou te dar um toque'. Eu falei: 'Ah, acabei de assinar'. Isso morreu, simples."

Staff Images/Flamengo

Avaí: contrato em guardanapo

O jeito despojado de Geninho o leva acreditar na palavra das pessoas que trabalham no meio do futebol. E foi desta forma que o treinador acertou, em 2014, um contrato escrito num guardanapo para comandar o Avaí pela primeira vez.

"Recebi um telefonema de um amigo falando que o Avaí precisava de um treinador e que os diretores queriam conversar comigo. Combinamos um jantar no restaurante no Aeroporto de Congonhas [em São Paulo]. Conversamos e me passaram o projeto. O [Francisco] Battistotti [atual presidente do clube], na época, era diretor de futebol, se eu não me engano, o presidente era Nilton Machado."

"Estávamos conversando sobre o acerto financeiro e tudo foi anotado pelo Battistotti num guardanapo de papel. Ele pegou uma caneta e colocou o período de contrato, quanto eu iria receber, prêmio, essas coisas todas. Nós três assinamos. Assinou o presidente, ele e eu. Isso valeu como um contrato porque isso foi cumprido pelas duas partes. Não precisou fazer um contrato diferente. Tudo aquilo que foi combinado, que estava escrito naquele guardanapinho lá, praticamente, valeu até o final daquele ano. Então, acabou ficando uma coisa interessante."

Já no Vasco, quando acertou para comandar a equipe na temporada 2004, o acerto ficou apenas na palavra com o então presidente Eurico Miranda.

"Com o Eurico também eu não tinha nada assinado. Também foi na conversa. Nós fizemos um acerto, mas não teve nem guardanapo. Se você me perguntar, eu não tenho uma cópia do contrato com o Vasco porque não foi feito. O Vasco não me deve um tostão. Passei um ano no Vasco, saí por opção minha, praticamente, porque eu saí do Vasco para ir para Arábia."

Referência mais jovem

Acho o Guardiola um gênio. Ele revolucionou muita coisa dentro do futebol. É humilde, porque declara que gosta de copiar coisas boas dos outros. Copiou muito do futebol holandês da época do Cruyff. Acha o futebol brasileiro o melhor futebol do mundo. Acha que o brasileiro abdicou das coisas boas que sabe fazer. Eu concordo com ele

Geninho, sobre o badalado técnico do Manchester City

Caio Cézar/UOL

Conto das Arábias

Como qualquer treinador brasileiro de destaque, Geninho também se aventurou, em meados da década de 1990, no futebol da Arábia Saudita ao aceitar uma proposta do Al Shabab. A experiência, no entanto, foi um tanto traumática devido ao choque de culturas e às proibições às mulheres.

"Hoje, têm lugares mais ocidentalizados. Você vai para os Emirados Árabes Unidos, no caso, Dubai, Abu Dhabi, Al Ain, você vive uma vida bem parecida com a nossa. O Qatar também é um pouco assim. Agora, a Arábia Saudita, não. A Arábia Saudita é muito radical. Estão tendo algumas mudanças agora. Na minha época, era muito radical. Muito radical mesmo. Em termos de tudo, em termos de costume, em termos de bebida. A mulher sofre muito lá. A mulher não tinha direito nenhum. Hoje, ela pode ir ao campo, pode dirigir."

Pelo Al Shabab, o treinador de Ribeirão Preto conquistou a tríplice coroa: Copa do Rei, Copa da Federação e Copa do Príncipe. Além disso, ele se orgulha por ter colocado oito jogadores do clube na seleção da Arábia Saudita para disputar a Copa do Mundo dos EUA, em 1994.

O sucesso no país o rendeu um novo convite uma década depois. Mas desta vez para assumir o Al Ahli Djeddah.

"Era sacrificante. O que compensava era o lado financeiro, porque você também não aprendia nada no lado profissional. Acabou vindo um daqueles convites que você não consegue falar não."

"Voltei para morar em Jeddah, que é bem diferente de Riad. Riad é como você morar em São Paulo, Jeddah é como morar no Rio, na Barra. Uma vida um pouco mais tranquila. Não faz tanto calor porque você está na beira do mar. Uma cidade maravilhosa, bem diferente de Riad, que é aquela cidade no meio do deserto, vertical, muito cimento. Foi muito bom. O tempo passou melhor. Tive outros convites depois, mas optei por não voltar."

Técnico não dispensa uma feijoada

Técnico mais velho em atividade no Brasil (entre aqueles que comandaram uma equipe no Brasileirão da Série A em 2019), Geninho tem que lidar com a preocupação familiar. Afinal, a função de treinador de futebol é uma das mais exigentes do país do ponto de vista de saúde.

"Eles começaram a ficar assustados quando, dentro da minha profissão, um ou outro colega começou a ter algum problema, um AVC, uma isquemia ou um infarte. Eles começaram a assustar: 'Ó, tá na hora de parar'", contou o veterano.

Geninho então passou a adotar hábitos mais saudáveis, principalmente em trabalhos no Nordeste, onde recorria a caminhadas na praia. Mas o treinador não dispensa alguns "prazeres proibidos", como uma boa feijoada de vez em quando.

"Não exagero, mas não abro mão, de repente, de um torresminho. Não abro mão, de vez em quando, de uma cachacinha, de uma caipirinha. Não abro mão de uma feijoada. De vez em quando, uma comidinha com um pouquinho de pimenta, uma costela com um pouquinho de gordura. Se a gente não puder fazer um pouco disso, chegar na velhice e viver do quê? De pão e água? Aí, não dá."

Ricardo Rafael/O Popular/Folhapress

Amizade com Leão

Emerson Leão tem a fama de ser carrancudo e de ter amigos seletos. Geninho, no entanto, discorda desta imagem. Além de terem quase a mesma idade - Leão completa hoje (11) 70 anos -, os dois são contemporâneos e iniciaram as carreiras como goleiro nos maiores rivais de Ribeirão Preto.

"Ele começou no Comercial, e eu no Botafogo. Somos amigos há muito tempo. Nós frequentávamos o mesmo clube, a Recreativa. Ele acabou tendo uma oportunidade muito boa no Palmeiras e aproveitou. Eu segui outro caminho. Considero ele um profissional excepcional, acima de tudo."

"Mantemos o nosso relacionamento até hoje. Muita gente acha ele um cara chato. Nunca foi comigo. Sempre continuamos com aquele relacionamento muito bom. Uma coisa que começou lá atrás e que perdura até hoje."

Além de ter atuado como goleiro no Botafogo, Geninho rondou por clubes do interior de São Paulo, como Francana, São Bento e Paulista de Jundiaí, antes de defender os gaúchos Caxias e Novo Hamburgo, onde encerrou a carreira, em 1984, para se tornar treinador.

Sidney Corrallo/Agência Estado Sidney Corrallo/Agência Estado

A versão goleiro

Dizem que eu fui um bom goleiro. Hoje, talvez não jogaria porque tenho 1,81 m. Hoje um goleiro com menos de 1,85 m tem dificuldade de jogar. Eu não tinha dificuldade na bola aérea porque eu joguei voleibol. Tinha tempo de bola, saia bem do gol e era rápido. Sempre fui titular por onde passei. Acho que num timezinho médio eu me escalaria, sim

Geninho

Técnico com a OAB em dia

São poucos os atletas que planejam um futuro fora do futebol após a aposentadoria. Perto de pendurar as luvas nos anos 80, o então goleiro do Novo Hamburgo já havia se formado em Direito para exercer a função de advogado. Porém, um convite inesperado não o deixou ser o engravatado Dr. Eugênio Machado Souto.

"Na época que ainda jogava, me formei, prestei OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], mas o futebol acabou atropelando a advocacia. De jogador, virei treinador. O tempo foi passando e, agora, estamos aí com 50 e tantos anos dentro da bola. Não me arrependo. Acho que o futebol me deu tudo que eu tenho. Eu tive muitas alegrias, muitas tristezas, alguns bons momentos, outros maus momentos, mas acho que os bons momentos foram muito maiores. Apesar de eu gostar muito de Direito, não me arrependo de ter feito a opção."

O treinador de 71 anos reforçou que paga até hoje as anuidades à OAB.

"Era um sonho até de família que eu me formasse. Eu acho que eu tive todo aquele sacrifício para me formar, eu ia jogar tudo aquilo fora? Uma hora, de repente, eu ia precisar do Direito, de repente, eu ia precisar advogar. Eu não sabia o que o futuro me reservava. Eu fui tocando e até hoje sou um advogado atuante. Se eu quiser assinar um processo, eu posso assinar. Claro que se eu quiser advogar agora, eu vou ter que, praticamente, fazer uma faculdade nova."

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