Quando o Gladiador caiu

Kléber relembra saída do Palmeiras em 2011 e diz que críticas de Scolari levaram à violência contra jogadores

Augusto Zaupa, Danilo Lavieri e Vanderlei Lima Do UOL, em São Paulo Edu Andrade/LatinContent/GettyImages

Com fama de polêmico, ele regressou ao Palmeiras em junho de 2010 depois de meses na tentativa de reatar a relação. Mas a engenharia financeira que custou cerca de 5 milhões de euros (R$ 12 milhões na época) não foi o suficiente para que o relacionamento desse certo. Incomodado com a maneira com que Luiz Felipe Scolari conduziu caso de agressão a um colega, Kléber Gladiador peitou o treinador e acabou afastado do elenco para nunca mais vestir a camisa alviverde.

Em entrevista ao UOL Esporte, o atacante de 34 anos recordou o dia em que bateu boca com Felipão no caso que quase fez o grupo palmeirense a se recusar a entrar em campo contra o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro. Kléber ainda fez duras críticas ao presidente do clube na ocasião.

Na conversa, o Gladiador desabafou ao afirmar que não conseguiu conduzir a carreira da forma como planejava, lembrou que não queria deixar o São Paulo para jogar na Ucrânia, em 2003, e do "não" do clube do Morumbi quando pretendia voltar a jogar no Brasil, além da vida atual no futebol dos EUA.

Edu Andrade/LatinContent/GettyImages

A rixa com Felipão

Em março de 2011, Scolari foi enfático ao afirmar que Kléber era o melhor centroavante do futebol brasileiro na oportunidade. Mas a boa relação entre ambos ruiu meses depois. Em junho, com uma oferta para se transferir ao Flamengo e solicitando aumento salarial, o Gladiador não foi atendido e ainda viu o time carioca desistir da contratação.

Foi então que a rixa entre Felipão e Kléber virou incontrolável, mais precisamente em 11 de outubro. O Palmeiras oscilava na disputa do Brasileiro daquele ano, o que despertou a fúria da torcida. À véspera de viajar para o Rio para enfrentar o Flamengo, o volante João Vítor foi agredido por um grupo de palmeirenses em frente à loja oficial do clube, no então estádio Palestra Itália. Irritado ao entender que a diretoria e comissão técnica palmeirense foram omissas, o Gladiador se revoltou.

"Eu não sei o que se passava na cabeça dele [Felipão]. Mas eu discordava de muita coisa. Teve um momento em que os jogadores não podiam falar com a imprensa. Só que o Felipão e o Marcão [goleiro] tinham muito carinho da torcida. O time perdia um jogo e o Felipão falava à imprensa que havia pedido laranja, mas que havia recebido banana. Ele sempre estava reclamando do time, e eu ficava muito chateado com isso", disparou o atacante.

Pouco depois, Kléber deixou o Palmeiras para jogar no Grêmio.

Danilo Verpa/Folhapress Danilo Verpa/Folhapress

O dia do afastamento

O momento era delicado. Sem vencer há três rodadas, fora da briga pelo título do Brasileirão de 2011 e da zona de classificação à Libertadores do ano seguinte, o Palmeiras tinha pela frente o Flamengo, no Rio de Janeiro. À véspera do jogo, no entanto, o volante João Vitor foi atacado por cerca de 15 torcedores do clube. Naquele mesmo dia, o Gladiador interpelou Felipão, acusando o treinador de jogar a torcida contra os jogadores.

Por causa do incidente, o grupo ameaçou não viajar ao Rio para enfrentar o Flamengo. "Os jogadores foram ao vestiário [no CT alviverde] e não queriam jogar. Não queriam entrar no ônibus para viajar. Queriam algum posicionamento que pudesse dar mais segurança a eles. O Felipão chegou falando que todo mundo ia para o ônibus e que iam jogar e pronto", contou Sérgio do Prado, gerente administrativo do Palmeiras na época da confusão.

"O Kléber peitou o Felipão e disse que ninguém ia entrar, que não era o Felipão que era perseguido nas ruas. Eles trocaram alguns xingamentos e acusações. O Felipão insistiu e tentou colocar todo mundo no ônibus, mas o time não foi", relatou o dirigente.

O clima de revolta se dissipou e o elenco aceitou entrar em campo pela 29ª rodada do Brasileirão, mas sem a presença do Gladiador. "Eles dormiram no hotel e, no dia seguinte, com todo mundo mais calmo, o time viajou, mas já sem o Kléber na delegação. Ali começou a fritura do Kléber. O Arnaldo Tirone [ex-presidente do Palmeiras] sabia de tudo e não fez nada. A queda de 2012 [à Série B] era questão de tempo. O Palmeiras só não caiu já em 2011 porque ganhamos do Bahia", completou Sérgio do Prado, que atualmente trabalha no Guarani.

Dias antes de ter sua transferência para o Grêmio oficializada, Kléber chegou a declarar em entrevista à TV Bandeirantes que 80% dos atletas e 90% dos demais funcionários do clube não gostavam de Felipão.

Ele sempre criticava o time abertamente. Isso interferia muito no nosso rendimento. Tanto que a torcida vaiava o time inteiro, mas só gritava os nomes do Marcão e do Felipão. Ou seja, todo mundo era uma merda. Achei que um dos motivos para agressão ao João Vitor foi justamente por isso

Kléber, sobre a postura de Scolari

Ele passava à torcida que o time era uma porcaria e os jogadores ficavam muito expostos. Aquilo me incomodou. Disse isso a ele. Talvez o Felipão tenha ficado chateado. Eu não sei se foi isso o que gerou o meu afastamento. Ele nunca veio conversar comigo sobre isso. Segui a minha vida

Kléber, sobre seu afastamento

Adriano Vizoni/Folhapress Adriano Vizoni/Folhapress

"O clima era de guerrilha"

A relação entre Kléber e a diretoria do Palmeiras tem capítulos turbulentos. Antes de ter sido afastado por Felipão, o atacante chegou a reclamar, em dezembro do ano anterior, de salários atrasados e fez ressalvas à negociação para contratar o meia Ronaldinho Gaúcho. Por isso, o atacante não poupa até hoje o ex-presidente Arnaldo Tirone de críticas.

"Quando o Felipão chegou [julho de 2010], as coisas estavam muito diferentes do Palmeiras que ele pegou antigamente. Acredito que foi difícil para todo mundo. Na minha opinião, o Tirone foi o pior presidente da história do Palmeiras. O [Luiz Gonzaga] Belluzzo foi quem trouxe os jogadores, mas teve um problema de saúde e acabou se afastando, infelizmente. Com o Tirone, as coisas desandaram. Tínhamos muita dificuldade de nos relacionar com a comissão técnica e com a diretoria. A gente nunca via ele no clube e nos jogos", atacou o jogador.

Kléber também lembrou de um polêmico episódio envolvendo o ex-mandatário. Em novembro de 2012, um dia após o time ser rebaixado à Série B do Brasileirão pela segunda vez, Tirone foi flagrado na praia do Leblon, no Rio, para "tomar um banho de mar e desestressar", conforme disse o próprio dirigente na época.

"Eu já não estava no Palmeiras nessa época, mas soube pela imprensa que ele estava na praia, enquanto o time jogava. Então, dá para você ver como era o tratamento que ele tinha com o time. Era difícil, foi muita bagunça, infelizmente isso atrapalhou muito", acrescentou.

Para Sérgio do Prado, gerente administrativo do Palmeiras na época, conta que o método que a comissão técnica utilizava para tentar administrar o grupo também ajudava a aumentar a tensão. "O clima no Palmeiras era de intensa guerrilha. É o jeito de o Felipão levar o grupo. Ele tinha o apoio do Murtosa e do Galeano [ex-auxiliares do treinador gaúcho], que incentivavam aquele jeito dele. O Felipão via fantasma, via teoria da conspiração e acabava perseguindo algumas pessoas, alguns jogadores. Em determinado momento, isso virou contra ele", analisou.

A reportagem procurou a assessoria de Scolari, mas o treinador não quis comentar o caso.

Ricardo Nogueira/Folhapress Ricardo Nogueira/Folhapress

João Vitor não foi o único agredido

A temporada de 2011 teve clima de terror no Palmeiras. Além do caso envolvendo o volante João Vítor, ocorreram outros episódios de violência contra jogadores daquele grupo. Em maio, após o time paulista ser goleado pelo Coritiba por 6 a 0, pela Copa do Brasil, o atacante Luan teve o carro vandalizado. O veículo, que estava estacionado na Academia de Futebol, foi atingido por um coquetel molotov (espécie de garrafa incendiada).

No mês seguinte, Luan voltou a sentir a ira da torcida. Durante a última atividade antes de uma partida contra o Inter, pelo Brasileirão, membros de uma torcida organizada foram ao treino para cobrar mais empenho dos atletas. Luan foi o principal alvo. O volante Marcos Assunção, um dos líderes do elenco na época, tomou as dores do colega e discutiu com os torcedores, que acabaram expulsos do CT palmeirense pelos seguranças.

O clima voltou a ficar tenso no dia seguinte, no desembarque da delegação alviverde no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Assunção voltou a se irritar com as cobranças da torcida palmeirense sobre o elenco e bateu boca com um fã mais exaltado. A pressão contra Luan motivou o novo entrevero.

Cesar Crego/Divulgação/Agência

"A pessoa que tem voz ativa, que é mais articulada, acaba sofrendo algumas consequências. Mas acredito que a diretoria fez o que poderia ter feito naquele momento. Antes, não existia um trabalho tão forte para coibir este tipo de violência, de casos de racismo e homofobia. Se fosse hoje, a postura de todos seria diferente porque há um trabalho conjunto de diretores, jogadores e imprensa para coibir isso"

Deola, goleiro do Palmeiras na época

Almeida Rocha/Folhapress Almeida Rocha/Folhapress

A quase ida para o Flamengo

Sem o reajuste salarial prometido pela diretoria do Palmeiras, Kléber passou por uma grande frustração no meio da temporada de 2011. Escolhido para figurar ao lado de Neymar no ataque da seleção do Campeonato Paulista daquele ano, o Gladiador estava em um ótimo momento. Foi então que o Flamengo tentou tirá-lo de São Paulo ao lhe oferecer o triplo do que ganhava.

"Sentei com o Frizzo e com o Tirone e falei que no Flamengo eu ganharia três vezes mais. Perguntei se eles poderiam melhorar o meu salário e eles disseram que sim, mas só a partir do ano seguinte. Disse que tudo bem, mas pedi para assinar o acordo naquele mesmo dia para garantir esse reajuste. Eles falaram que não, que não poderiam fazer isso. Eu não quis ficar apenas no confiança da palavra e disse para deixar as coisas como estavam", recordou o atacante.

Para piorar, o Gladiador sofreu uma lesão muscular na coxa que, segundo o atleta, foi utilizada pela diretoria palmeirense para o acusar de fazer corpo mole. "Ficou subentendido que eu não queria ir para o sétimo jogo [fato que impediria a transferência para o time carioca]. Os caras colocaram na imprensa que eu não queria jogar porque estava negociando com o Flamengo. Por conta própria, fui até o Hospital Albert Einstein e fiz os exames que constataram a lesão no posterior. Mostrei o resultado para eles [dirigentes palmeirenses] e ficou uma situação muito desconfortável", desabafou.

"O Palmeiras estava uma bagunça danada e isso acabou atrapalhando muito, pois o torcedor acreditava no que a diretoria e imprensa estavam falando", disse. Foi nesse momento que os torcedores passaram a protestar contra ele, como a foto acima mostra.

O que aconteceu foi que o Flamengo fez a proposta. O Kléber veio na minha sala e eu prometi um aumento. Era um compromisso, não foi nada assinado. Mas logo em seguida houve a situação de o Felipão de não topar entrar no ônibus com ele, e do Kléber não topar entrar no ônibus com o Felipão. Foi um efeito cascata. E aí apareceu a proposta do Grêmio. Depois disso, a gente achou bom para os dois lados

Roberto Frizzo, então vice-presidente do Palmeiras, sobre a saída de Kléber

Danilo Verpa/Folha Imagem Danilo Verpa/Folha Imagem

Antes do Palmeiras, "ninguém sabia quem eu era"

Apesar das rusgas com Felipão e ex-membros da diretoria, Kléber diz ter muito carinho pelo Palmeiras. O atacante é enfático ao afirmar que não era reconhecido antes de regressar ao futebol brasileiro, em 2008, para disputar a sua primeira temporada pelo clube.

"Foi muito bom, foi ali que começou tudo na minha carreira. Quando voltei da Ucrânia [estava no Dínamo de Kiev], ninguém sabia quem eu era. As pessoas perguntavam quem é esse aí que o Palmeiras está trazendo? E o Palmeiras fez um timaço naquele ano, então não era muito difícil cair nas graças do torcedor. O clube vivia momentos muito difíceis antes daquele ano de 2008. O palmeirense guarda aquele time com muito carinho até hoje", comentou.

Para o Gladiador, aquela foi uma temporada especial na carreira. "Foi onde realmente todo mundo conheceu quem era o Kléber, o jeito de ser, a qualidade de ser um bom jogador. Então foi um ano muito especial. Até hoje muito palmeirense me manda mensagens, falam comigo pelas redes sociais por causa de 2008".

O irônico é que não era para ele ter ido para o Palestra Itália. Em 2007, o Gladiador se recuperou de uma lesão no joelho no Santos. Durante o período, o técnico do time da baixada, Vanderlei Luxemburgo, pediu sua contratação. Ao final da temporada, porém, Luxa mudou de clube. E, no Palmeiras, voltou a pedir pelo ex-atacante do São Paulo.

Fernando Santos/Folhapress

Forçado a deixar o São Paulo

Antes do Palmeiras, Kléber defendeu o São Paulo desde os 11 anos. Queria virar ídolo, mas o sonho desmoronou em dezembro de 2003. Quando disputava o Mundial Sub-20 com a seleção brasileira, no Egito, o atacante foi negociado com o Dínamo de Kiev, da Ucrânia, por US$ 2,2 milhões, na época.

"A princípio, eu não queria ir. Queria ficar, queria ter uma história legal porque eu já tinha dez anos de São Paulo. Conhecia tudo praticamente. Conversei com a minha família e pedi conselhos de outros jogadores. Mas a intenção do São Paulo era qualificar o time para o ano seguinte. Chegou à situação de eu descer para os juniores novamente caso eu não aceitasse a venda. Então, achei melhor sair e procurar um outro clube para trabalhar. Mas, a princípio, eu não queria ir, não", desabafou.

No Leste Europeu, o atacante teve dificuldades para se adaptar ao país. Mas contou com ajuda de dois ex-corintianos. "Era muito diferente. Eu tinha muita dificuldade, apesar de ter um tradutor no dia a dia no clube. Fora, você tem a sua vida normal. Eu não conseguia falar, tinha que resolver coisas do dia a dia. Ir ao supermercado, colocar gasolina no carro. Essas coisas. Mas tinha dois brasileiros no time: o Alessandro, ex-lateral e que foi diretor no Corinthians, e o Diogo Rincón, que também que jogou no Internacional e depois no Corinthians. Foram dois caras que me ajudaram muito na adaptação. Hoje, a Ucrânia é linda para ir. Você chega lá e tem canal de TV brasileiro. Agora é muito mais fácil do que na minha época".

Apesar das dificuldades com a nova cultura e com a língua, Kléber se destacou no Dínamo ao ganhar cinco títulos em quatro temporadas. O sucesso fez com que ele caísse nas graças da torcida, que o apelidou de Gladiador. "Isso começou lá, mas não tinha muita força. Era uma coisa boba. Quando eu voltei para o Brasil, o Fuzil, que trabalhava na Rádio Transamérica, soube do apelido e começou a me chamar assim. Isso começou a pegar e ganhou uma força gigantesca. Talvez seja por causa do meu jeito aguerrido dentro de campo, de lutar e sempre querer vencer".

Quando eu voltei da Ucrânia para o Brasil, queria ir para o São Paulo, mas o São Paulo não quis que eu voltasse. Não se interessaram. Conhecia praticamente todas as pessoas que estavam no clube porque eu vivi lá por dez anos. Achei que o São Paulo abriria as portas para mim, mas aconteceu ao contrário

Kléber, sobre sua volta ao Brasil, em 2008

Eu era muito novo, imaturo, e fiquei um pouco chateado. Levava isso para dentro de campo e queria ganhar do São Paulo. Em 2008, São Paulo e Palmeiras era uma guerra. Teve a questão do gás de pimenta que a torcida jogou no vestiário. Foram bons duelos. O São Paulo tinha um timaço também, tanto que foi campeão brasileiro

Kléber, admitindo que tinha "mais vontade" contra o antigo clube

EMPICS/PA Images via Getty Images EMPICS/PA Images via Getty Images

"Nunca foi como eu queria"

Apesar de ter passagens por grandes clubes, Kléber diz acreditar que não conduziu a carreira da forma como gostaria. Envolvido em trocas e empréstimos, o jogador recorda da passagem pelo Cruzeiro como exemplo para isso.

Após um belo ano em 2008, em que virou ídolo do Palmeiras, ele foi chamado de volta pelo Dínamo e acabou virando moeda de troca: para liberar o atacante Guilherme ao time de Kiev, em 2009, o Cruzeiro exigiu em troca o Gladiador.

"Em 2007, fui muito bem no Dínamo. Nos últimos 12 jogos, eu fiz 11 gols. O presidente falou na época que queria renovar o meu contrato por mais cinco anos, mas eu não quis. Eu queria voltar para o Brasil. Para ser emprestado, renovei com o Dínamo por mais quatro anos. Foi então que fui para o Palmeiras", lembrou.

Quando os ucranianos pediram seu retorno, ele mais uma vez bateu o pé. "Eu disse que queria ficar porque estava num momento muito bom no Brasil. Como o Palmeiras não quis pagar os US$ 10 milhões da minha multa, fui envolvido na troca com o Guilherme. O Palmeiras tinha a opção [de contratação em definitivo], mas não quis pagar. Nunca foi do jeito que eu queria. Foi sempre assim, do jeito que aconteceu".

Leonardo Soares/UOL

Lesões, gol de acesso e reencontro com Felipão

Nas últimas temporadas, Kléber foi assombrado por lesões. Apesar do começo promissor no Grêmio, em 2012, o atacante foi submetido a uma cirurgia na fíbula da perna direita após três meses da estreia no clube gaúcho.

"O meu começo no Grêmio foi muito bom, mas tive uma fratura de fíbula e precisava de quatro meses para me recuperar. Fiquei três meses parado, pulei etapas. Quando voltei, tive outra lesão. As lesões me atrapalharam demais. Operei o joelho, operei tornozelo e a fíbula. Realmente foi um tempo muito difícil", desabafou.

Foi então que surgiu a proposta de ajudar o Vasco na disputa da Série B do Brasileirão de 2014. "O Adílson Batista [treinador] falou: eu quero que você venha para cá. Pensei em sair um pouco de Porto Alegre para ver se realmente as coisas melhorariam. Depois de alguns dias que cheguei no Vasco, o Adilson caiu. A política lá é um pouco conturbada. Mesmo assim, eu fiz o gol do acesso [à Série A, no empate em 1 a 1 com o Icasa] e bons jogos no time", recordou.

Com fim do empréstimo, o atacante regressou ao Grêmio, que então era comandado pelo desafeto Luiz Felipe Scolari. "Quando voltei para o Grêmio, o Felipão falou que não queria que eu continuasse no time pelo problema que aconteceu no Palmeiras. Eu entendi numa boa. Cheguei no Grêmio e falei: vamos nos acertar. Segui a minha carreira e fui para o Coritiba. Mas antes, fiquei afastado no Grêmio por uns três meses, só treinando."

No Coritiba, uma nova lesão no joelho direito. "Logo no primeiro jogo", falou. "Tive que operar. Fiquei um tempo parado. Voltei ao time sem ritmo e o Coritiba estava lutando para não cair [à Segunda Divisão do Brasileirão]. Voltei mais na base do desespero mesmo, da cobrança da torcida e da direção para voltar logo para tentar livrar o time e conseguimos. Em 2016, comecei uma pré-temporada de verdade e os meus números foram excelentes [91 jogos e 41 gols]. Depois, o Coritiba acabou caindo e eu sai", resumiu.

Reprodução

Kléber nos EUA

Às vésperas de completar 35 anos, o Gladiador decidiu, então, respirar novos ares nos Estados Unidos ao assinar contrato de dois anos para defender o Austin Bold FC, que disputa a USL Championship, a segunda divisão do futebol norte-americano.

"Fiz um contrato sem multa, caso eu queira voltar [ao Brasil]. O meu objetivo é ficar mais um tempo aqui. Quero ficar e entender um pouquinho mais o clube, o projeto. Pretendo jogar ao menos de dez jogos para ver se eu vou continuar ou se eu vou voltar. Vamos ver como vai ser", observou o atacante, que diz não ter planos de se aposentar tão cedo.

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