Uma campanha negativa na Copa pode fazer com que a seleção seja criticada em rede nacional. Afinal, a TV Globo e a Band apostaram em comentaristas que conhecem o futebol feminino e estudam os times. Em meio às nove derrotas seguidas, Ana Thais Matos apontou fragilidade na equipe de Vadão. Além disso, Galvão Bueno não costuma esconder sua desaprovação. O narrador criticou o time masculino em 2016, ao dizer que Marta era melhor que Neymar, e em 2019, ao reclamar das declarações de Tite.
Mas Marco Aurélio Cunha não está preocupado. "Quem é 'Globo', neste caso? Uma comentarista, um narrador? Eu não considero a Globo como uma inimiga do futebol feminino, nem da seleção. Quanto aos profissionais individualmente, ninguém tem esse poder tão violento. Ninguém é tão poderoso a ponto de influir no emocional de atletas, comissão técnica. Isso é bobagem", afirmou.
"Se você ficar a tarde toda vendo TV... Se eu fosse acreditar em tudo que falam e aceitar tudo, não teria vivido tanto tempo no futebol. Não posso me influenciar por isso. Tenho de fazer o meu papel, dar às jogadoras as melhores condições de trabalho. Quem opina, muitas vezes, não está nem acompanhando diretamente o trabalho. Se você perguntar a escalação do time do Corinthians, essa pessoa não sabe. Se perguntar quantas jogadoras são as reservas da seleção, não sabe", concluiu o coordenador da CBF, sem nomear profissionais específicos da Globo.
Esta declaração de Marco Aurélio foi enviada pelo UOL Esporte ao Grupo Globo, que optou por não respondê-la. Tanto Ana Thais, quanto Nadja Mauad enviaram à reportagem suas opiniões sobre o time comandado por Vadão.
"Individualmente, essa seleção é ótima. Podemos questionar um ou outro nome e a não-convocação de jogadoras do Santos, que tem um dos melhores padrões táticos do país, por exemplo. Eu espero que o Brasil nos surpreenda na força dessas jogadoras. Apenas elas serão capazes de virar esse jogo e eu acredito nisso. O trabalho até aqui mostra uma seleção vulnerável em todos os pontos, porém, eu acredito na força individual de cada uma dessas mulheres", diz Ana.
Nadja destacou que a seleção esteve desfalcada nas últimas derrotas. "É inegável que o momento atual não é bom. São nove derrotas seguidas, e preocupa a desorganização tática da equipe. Nesses últimos nove jogos, a seleção encontrou dificuldade na marcação, teve um alto percentual de erros de passe, pouco criou. É claro que algumas jogadoras fizeram falta. Bárbara, Fabiana, Cristiane e Andressinha acabaram não participando de algumas dessas partidas. Mas sou otimista. Temos muita qualidade individual", avaliou.
Alline Calandrini estará na Band, mas defende que qualquer profissional do Grupo Globo tem direito de fazer eventuais críticas à seleção. "O comentarista tem, sim, todo o direito de falar o que pensa. Eu vou criticar o que não estiver legal e elogiar o que estiver bem. Assim como o Caio Ribeiro, ela [Ana Thais Matos] está sendo paga para isso. Eu conheço um monte de atletas e tenho amigas próximas ali, pode acontecer de uma ou outra ficar chateada. Desculpa, mas terão de ouvir muito de todas as emissoras, de youtubers, de blogueiros e do UOL", conclui a ex-atleta.