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Campeã de bodyboard vira atração no trânsito no Rio como guarda de moto

Gabriela Gouvêa concilia vida no bodyboard e no duro trânsito do Rio como guarda - Flavio Brito/Divulação e Arquivo pessoal
Gabriela Gouvêa concilia vida no bodyboard e no duro trânsito do Rio como guarda Imagem: Flavio Brito/Divulação e Arquivo pessoal

Bruno Freitas

Em São Paulo

14/09/2011 07h00

Quem vê Gabriela Gouvêa paramentada com roupa de guarda de trânsito nas ruas da Zona Sul do Rio de Janeiro talvez não imagine que esteja diante de uma das atletas de ponta do bodyboard nacional. Mas, aos poucos, a carioca começa a chamar atenção para a sua vida dupla entre o mar e o asfalto e já desperta curiosidade dos motoristas que passam por ela no dia a dia.

ENTRE AS RUAS E O MAR

  • Arquivo Pessoal

    Gabriela Gouvêa conta com aval do comandante Lima Castro em dispensas para poder competir

  • Arquivo Pessoal

    Bodyboarder do Rio exibe a bandeira brasileira durante participação em evento em Portugal

Campeã carioca duas vezes, em 2008 e 2010, Gabriela começou sua trajetória internacional neste ano com participações em etapas de sua modalidade em Portugal. A guarda de trânsito venceu uma delas e viu sua notoriedade na cidade em que vive crescer nas últimas semanas.  

"Uma vez, um motorista parou e perguntou: 'Ei, você é a guarda que surfa?'. Eu falei para ele não parar senão iria bloquear o trânsito. Outra vez fui fazer uma escolta até Ramos e um chaveiro me reconheceu. Vira e mexe algum taxista também reconhece", afirma a atleta.

Mas é internamente, dentro da corporação de agentes de trânsito da Prefeitura do Rio, que Gabriela já conquistou de vez uma legião de fãs. A atleta do bodyboard virou uma espécie de xodó para seus colegas, muito disso graças aos acessórios que leva para as competições, como a marca "Guarda Municipal - Rio" em sua prancha e um apito rosa que costuma usar nas ruas.

"Fico tão lisonjeada. Eles chegam até mim e perguntam: 'Você que é a bodyboarder?'. Me tratam como se fosse uma estrela, fico tão maravilhada. Mas eu também carrego o uniforme para as competições, mostrando que corremos atrás aqui, batalhamos. Aí eles querem tirar foto, acho o maior barato", comenta.

Habitualmente, Gabriela trabalha um dia sim, outro não, nas ruas do Rio. A bodyboard costuma controlar o trânsito em ruas da Zona Sul, nos bairros de Botafogo, Copacabana e Ipanema. A atleta também eventualmente atua como batedora em escoltas de autoridades. Quando precisa de uma dispensa especial para competir, conta com a compreensão do comandante Lima Castro, um de seus fãs.

CANTADAS: MAIS NAS RUAS DO QUE NA PRAIA

Apesar de desfilar seu corpo de atleta nas praias do Rio, Gabriela costuma mexer mesmo com a imaginação dos homens quando veste o uniforme de guarda de trânsito. A campeã carioca diz que cansa de receber cantadas durante sua atuação nas ruas da Zona Sul, mas que aposta na linha dura para dispensar os galanteadores.

"Acho que o pessoal gosta de uma mulher em cima de uma moto, do aspecto da autoridade. Atrai maior curiosidade. Recebo também muitos elogios das mulheres. Engraçado que no mar sempre estou de biquíni, mas é de moto que chamo atenção. Mexem muito, mas eu não levo a sério. Tenho que mostrar a autoridade dentro de uma guarda", diz a atleta, que completou 37 anos na última terça (13.09).

Gabriela também conta que procura manter a vaidade mesmo no universo bruto do trânsito de uma grande cidade, usando maquiagem, unha bem pintada, batom e perfume. "A gente lida com público de todos os tipos e nacionalidades. Precisa estar bem apresentável", afirma.

EM BUSCA DE CHANCE FORA DO PAÍS

Recentemente, Gabriela Gouvêa teve a oportunidade de competir fora do país em etapas de diferentes níveis em Portugal. A brasileira conseguiu vencer um torneio regional e agora trabalha para participar de eventos na Venezuela e em Porto Rico para que possa, em 2012, ingressar de forma definitiva no circuito internacional. - Foto: Flavio Brito/Divulgação