Topo

Morre surfista baleado em Santa Catarina. Corpo será cremado

Do UOL, em São Paulo

20/01/2015 13h41

O surfista Ricardo Santos, de 24 anos, não resistiu aos ferimentos provocados pelos três tiros que levou na segunda-feira e morreu no início da tarde desta terça-feira no Hospital Regional de São José (SC). Familiares aguardam a liberação do corpo para fazer o velório na Guarda do Embaú, praia localizada em Palhoça e onde ele nasceu e aprendeu a pegar ondas.

A comunidade prepara uma homenagem para o surfista bastante identificado com o lugar pela defesa da qualidade de vida local. O corpo de Ricardinho, como era conhecido, será cremado e as cinzas jogadas no mar da Guarda do Embaú.

A morte ocorreu após a vítima sofrer três disparos, entre as regiões do tórax e abdómen. Ricardo foi submetido a quatro cirurgias, a última delas na manhã desta terça. Entretanto, em nenhum momento os médicos conseguiram conter a hemorragia. Ele ainda sofreu uma parada cardíaca.

Ricardo foi baleado na porta de sua casa na Guarda do Embaú, em Palhoça. Os disparos foram feitos pelo policial militar  Luiz Brentano, que é de Joinville, e está preso no quartel da Polícia Militar em Florianópolis. 

Segundo testemunhas, Ricardo foi tirar satisfações com o policial e seu irmão após eles pararem sobre um cano da obra que estava sendo realizada e acabou levando três tiros.

Amigos e familiares do atleta que estavam na frente do hospital ficaram desesperados após o anúncio da morte. Muitos deles começaram a chorar. Desde segunda-feira, eles estavam reunidos no local fazendo corrente de orações para a melhora do surfista.

Ricardo participava de competições profissionais de surfe desde 2008. Ele competiu em sete etapas do WCT (Circuito Mundial) e inclusive chegou a bater Kelly Slater em Teahupoo (Taiti) em 2012, quando avançou às quartas de final. Na elite do surfe, sua última aparição havia sido em Pipeline (Havaí), em 2013, quando terminou na 37ª colocação. Ricardinho, como era conhecido, disputou também inúmeras etapas do Qualifying Series, espécie de segunda divisão.

Em 2011, Ricardo havia escrito um artigo para o site Waves, especializado em surfe, reclamando da degradação do ambiente na Guarda do Embaú, onde sempre viveu e onde acabou levando os tiros que o vitimaram.

"Sou uma das milhares de pessoas que nasceram e cresceram nesse lugar abençoado por Deus, e sou também uma das testemunhas da desgraça que vem acontecendo nos últimos anos. Bons eram os tempos em que a Guarda era lugar de maconheiro, vagabundo, hippie etc. Agora, em vez disso, nós temos bandidos. Eles ficam com seus carros de som à noite toda circulando o parados no meio da praia, tocando uma música no volume mais alto possível e deixando lixo por todos os lados. Que coisa mais linda né?! Aí, você diria: “Ah, mas isso não é possível. Como a população permite uma coisa dessas? Como a polícia permite algo desse nível na ‘pérola’ do estado? Como os políticos lidam com um absurdo desses?” Eu diria que os moradores não fazem nada porque ficam com medo de tomar um tiro. E tudo isso, por estarem pedindo um pouco de paz ou simplesmente pelo fato de que esses malditos estão bêbados e de mau humor, querendo aprontar", escreveu na época.