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Medina investe em negócios, enlouquece fãs e ainda surfa na onda de campeão

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

02/08/2015 06h01

Já se passaram 226 dias desde que Gabriel Medina se tornou campeão mundial de surfe. Mesmo sete meses e meio depois do título e amargando uma posição ruim no circuito em 2015, ele ainda surfa na onda de campeão, seja provocando gritaria por onde passa ou bombando os negócios.

Gabriel Medina vive um ano difícil. Ocupa apenas a 15ª posição no ranking e já jogou a toalha sobre as chances de um bicampeonato neste ano. Mas engana-se quem pensa que a temporada está ruim.

A marca Medina anda de vento em popa. Ele continua em alta com seus patrocinadores e está buscando novas formas de negócio para incrementar sua marca. No último mês, lançou uma linha de cadernos, uma biografia e está prestes a lançar um aplicativo sobre seu estilo de vida.

Como já tem vários patrocinadores dos mais diversos segmentos como marcas esportivas, refrigerante e óculos, ele se associou a um novo mercado para expandir seu nome. De olho no público adolescente que o segue, Medina lançou os cadernos em parceria com a Foroni.

Além disso, ele está prestes a inaugurar um aplicativo de ‘lifestyle’. No programa para celulares e tablets, Medina e a equipe que o acompanha durante o ano vão dar dicas de estilo de vida, treinamentos, alimentação e até manobras para quem já tem uma intimidade maior com o surfe.

O surfista ainda aproveitou a onda do título mundial para lançar sua biografia. O livro, escrito por Tulio Brandão, conta a trajetória do atleta desde a origem da família Medina até a conquista do título mais importante da modalidade.  E os planos são ambiciosos. A ideia é escrever um novo livro quando ele conquistar o tricampeonato.

O atleta admite que não sente atração pelos negócios, mas considera interessantes as novas oportunidades. “Eu gosto de entender das coisas sim. Na real, eu nunca imaginei que teria minha foto na capa do caderno, trabalhando isso com uma parceria, nunca imaginei que teria um livro, agora vou lançar meu aplicativo. Na verdade, não que eu não goste de mexer com essas coisas, mas quando aparece converso com meu pai, meu tio, a gente decide o que é bom e o que não é, mas a palavra final é minha. Gostei da ideia do caderno, do livro. Não que eu esteja procurando, mas se aparecerem coisas novas, por que não?”

Para dar conta de tudo, Medina conta com um ‘esquema de quartel’. Ele tem uma equipe de quase dez pessoas formada majoritariamente por familiares como o padrasto Charles, que é técnico, e o tio Jaime Medina, que é assessor e atua no gerenciamento da carreira.

O esquema de quartel tem uma agenda atribulada e com tempo milimetricamente planejado para que a realização de todos os projetos seja viável sem prejudicar treinos e competições.

Após a etapa de Jeffreys Bay, na África do Sul, por exemplo, Medina voltou ao Brasil e teve praticamente uma semana para cumprir todos os compromissos antes de voltar aos treinos e se dedicar com exclusividade.

Na terça-feira (21/07), ele foi a uma feira escolar no Anhembi, em São Paulo, lançar sua linha de cadernos, na quarta-feira teve uma maratona de entrevista. Na quinta, lançou seu livro em uma livraria de um shopping de São Paulo. No dia seguinte, estava no Rio de Janeiro para divulgar a publicação. No fim de semana, ainda teria que fazer gravações para o aplicativo e para os patrocinadores.

E nem poderia reclamar de cansaço porque a terça-feira seguinte já seria dia de voltar aos treinos e se preparar para a próxima etapa. “É um planejamento severo, digno de quartel. Do contrário, não dá tempo porque tenho que entregá-lo para a preparação física”, conta o tio Jaime Medina.

E não é só com a correria que Medina tem que se acostumar. O atleta foi alçado ao status de ídolo de toda uma geração de adolescentes apaixonadas e ainda tem que lidar com o forte assédio.

Em todos os eventos em que ele aparece, centenas de adolescentes histéricas aguardam por uma 'selfie'. Até na feira escolar, Medina teve que parar para atender duas fãs desesperadas que ficaram aos prantos só para conseguir uma foto. Já no lançamento do livro, centenas de meninas em alvoroço fizeram o ídolo passar horas no local dando autógrafos. 

Apesar de estar nessa rotina maluca há mais de sete meses, ele admite que até hoje acha a situação engraçada.

“É engraçado porque eu não estava acostumado com isso, é tudo novo para mim. Em casa sempre aparecem umas meninas no portão de casa. Hoje em dia, em lugares que eu já frequentava como restaurantes, padaria, a padaria perto de casa, não dá para ir tranquilo. Vou até contar uma história: eu estava indo para a África e vi um amigo meu de muito tempo atrás passando. Chamei ele assim e ele vira: ‘Caraca, deixa eu tirar uma foto com você?’. Respondi: ‘Você é meu amigo, que tirar uma foto comigo?’. Eu não sei, mudaram as coisas, meus amigos parecem que não são mais meus amigos, aumentou bastante número de fãs, uma loucura”.