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Alterada por poluição, 'nova sede' da etapa no RJ terá acesso controlado

Praia de Grumari será a sede alternativa da etapa do Rio, que começa na próxima terça - Júlio César Guimarães/UOL
Praia de Grumari será a sede alternativa da etapa do Rio, que começa na próxima terça Imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

05/05/2016 06h00

Assim como em 2015, o Postinho, na Barra da Tijuca, continua sendo um dos palcos da etapa mundial de surf do Rio de Janeiro nesta temporada. Porém, a outra sede do evento, que no ano passado foi o meio da Barra (Posto 6), mudou: será a Praia de Grumari, um parque municipal em Área de Preservação Ambiental (APA) que terá acesso limitado e até se tornou 'palco principal' depois que a estrutura no Postinho foi destruído pela ressaca no início desta semana.

Em nota publicada em seu site oficial, a World Surf League (WSL) esclarece que ‘haverá um esquema especial para controlar o acesso até a praia, como já existe em outros eventos como Bells Beach, na Austrália, e Trestles nos Estados Unidos’.

‘A prioridade será para os atletas e seus acompanhantes, staff técnico e imprensa, mas o público também poderá entrar de carro até preencher o limite do estacionamento no local. A partir daí, terão que deixar seus veículos no Recreio dos Bandeirantes e utilizar as vans que serão disponibilizadas para o transporte desde a entrada da Prainha até Grumari’, acrescenta.

A mova opção – do meio da Barra para Grumari – aconteceu por dois motivos, conforme explica Renato Hickel, comissário da WSL para o tour masculino, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte: poluição e a possibilidade de maior qualidade de onda.

Na edição passada do evento no Rio de Janeiro, em 2015, alguns surfistas passaram mal por conta da qualidade da água na Barra. Até o brasileiro Wiggolly Dantas chegou a dizer que sentia ‘cheiro de fossa’ de dentro do mar. Diante das reclamações dos surfistas em relação à poluição e de uma nova possibilidade de onda, a organização da WSL optou pela mudança.

Filipe Toledo comemora título na etapa do Rio de Janeiro da Liga Mundial de Surfe - Sérgio Moraes/Reuters - Sérgio Moraes/Reuters
Filipe Toledo, o Filipinho, foi o vencedor da etapa de 2015 no Rio de Janeiro
Imagem: Sérgio Moraes/Reuters
“Realmente o problema da água do Rio é real, todo mundo sabe e ele está desde que a gente [WSL, antiga ASP, Association of Surfing Professionals] mudou a prova para o Rio de Janeiro. Não foi a primeira vez que surfista sentiu cheiro ruim dentro da água... O que aconteceu no ano passado foi uma situação atípica em termos da quantidade de chuva que caiu antes do evento ser realizado, na semana anterior, que obviamente incrementou o problema”, explica.

“A opção de Grumari esse ano é para que a gente tenha uma opção bem distante dali [começo da Barra], em um lugar onde a qualidade de água não é um problema – Grumari tem uma água limpa – ao invés de só ir pro meio da Barra, alguns quilômetros mais à direita ou à esquerda do evento como era a opção que a gente tinha até o ano passado”, acrescenta.

No ano passado, a WSL havia pensando em colocar São Conrado como sede alternativa. Mas a poluição no local – maior até que na Barra da Tijuca – fez a organização da Liga Mundial de Surf mudar de ideia.

“A gente tentou colocar como sede alternativa a praia de São Conrado, mas dependia também da solução do tratamento de esgoto daquela praia que até hoje não foi resolvido. Então nossa opção é Grumari justamente por isso”, esclarece Renato.

“O problema da qualidade de água no Postinho é sabido. Tanto é que no ano passado a gente teve que terminar o evento na frente do Royalty [hotel localizado na Barra da Tijuca], num palanque alternativo, só para os juízes, porque ali a condição de onda era bem maior do que na frente do Postinho. Então, neste ano, Grumari é uma opção para esses dois casos: qualidade de água e qualidade de onda”, declara o catarinense.

O evento no Rio de Janeiro, o quarto do Mundial na temporada de 2016, acontece entre os dias 10 e 21 de maio. Vencedor em Gold Coast e Bells Beach, na Austrália, o australiano Matt Wilkinson chega à etapa do Brasil com a camisa amarela – ou seja, a liderança do ranking. O brasileiro melhor colocado é Ítalo Ferreira, terceiro colocado em Bells e Margaret River.

Grumari deve iniciar evento

Por conta da ressaca que atingiu a praia da Barra da Tijuca nesta semana e danificou a estrutura montada na frente do Postinho, a praia de Grumari será o palco do início da competição caso boas ondas já deem as caras no começo da semana que vem, segundo informou Renato Hickel.

O comissário da WSL explicou ainda que a estrutura à frente do Postinho, na Barra da Tijuca, será remontada. "A única diferença é que a nova sede no Postinho será menor e não deverá estar pronta ainda nos primeiros dois ou três dias do período de espera", acrescenta Renato. Sendo assim, a WSL ainda se dividirá entre Postinho e Grumari, dependendo qual local estiver com as melhores ondas.

Em Grumari, o número de pessoas que acompanharão a etapa será reduzido e bem inferior ao da etapa do ano passado, quando Filipe Toledo, o Filipinho, ficou com o primeiro lugar. “[Grumari] Tem área suficiente para colocar estrutura e acomodar os atletas, a imprensa e um pouco do público. Óbvio que não vai ser o mesmo público do Postinho”, completa Renato.

Veja os dez melhores colocados do ranking até aqui:

1 – Matt Wilkinson (AUS) – 24.000 pontos
2 – Sebastian Ziets (HAW) – 15.750 pontos
3 – Ítalo Ferreira (BRA) – 14.750 pontos
4 – Kolohe Andino (USA) – 13.700 pontos
5 – Joel Parkinson (AUS) – 13.450 pontos
6 – Caio Ibelli (BRA) – 13.200 pontos
7 – Julian Wilson (AUS) – 12.500 pontos
7 – Jordy Smith (ZAF) – 12.500 pontos
9 – Nat Young (USA) – 12.150 pontos
10 – Adrian Buchan (AUS) – 10.950 pontos