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"Domínio" brasileiro e surfe na piscina: o que esperar do Mundial de 2018

Gabriel Medina em ação no Pipe Masters, no Havaí; brasileiro é uma das atrações do Mundial 2018 - WSL / Poullenot
Gabriel Medina em ação no Pipe Masters, no Havaí; brasileiro é uma das atrações do Mundial 2018 Imagem: WSL / Poullenot

Do UOL, em São Paulo

10/03/2018 04h00

A escalada do “Brazilian Storm” no circuito mundial de surfe, pelo menos em quantidade, atinge seu ápice na temporada que começa neste fim de semana na Austrália (a primeira chamada do evento está marcada para as 17h45 deste sábado). Serão ao todo 11 surfistas brasileiros entre os 34 classificados à divisão de elite. Um recorde que faz o Brasil ser o país dominante em números de atletas.

Mas a esquadra brasileira está longe de ser a única atração da temporada. A partir deste fim de semana, quando a janela de competição for aberta no Gold  Coast australiano, serão 11 etapas até a definição do título, conquistado nos últimos dois anos pelo havaiano John John Florence. Ele buscará quebrar um jejum de 14 anos sem tricampeões em uma temporada, que ainda terá a estreia de uma etapa disputada em piscina de ondas.

Confira abaixo os destaques da temporada.

Brazilian Storm   

Yago Dora - Buda Mendes/Getty Images - Buda Mendes/Getty Images
Sensação do Rio Pro 2017, Yago Dora é um dos estreantes do Brasil no circuito
Imagem: Buda Mendes/Getty Images
Presença constante no circuito desde o final dos anos 1980, ao menos três gerações competitivas e dois títulos mundiais. O gradual crescimento do surfe brasileiro atingiu mais um estágio em 2018, quando 11 surfistas do país disputarão a elite, colocando fim a uma supremacia histórica australiana, que terá oito representantes neste ano.

O novo domínio brasileiro é impulsionado pela presença de cinco estreantes no circuito: o paulista Jessé Mendes, os catarinenses Tomas Hermes, Yago Dora, Willian Cardoso e o cearense Michael Rodrigues. Os campeões Adriano de Souza “Mineirinho” e Gabriel Medina, os também paulistas Filipe Toledo e Caio Ibelli, o potiguar Italo Ferreira e o pernambucano Ian Gouveia completam o esquadrão verde e amarelo.

Como é usual, a vida dos estreantes não será fácil neste ano, com a aprendizagem e a reclassificação para 2019 como objetivos mais viáveis. Para a disputa pelo título, Gabriel Medina e Filipe Toledo surgem como apostas mais fortes. Enquanto o campeão de 2014 e atual vice visa um início de temporada mais forte do que os anos anteriores, Toledo tenta encontrar o foco depois de temporadas prejudicadas por problemas físicos e indisciplina. O brasileiro foi suspenso por uma etapa em 2017 por reclamar dos juízes na etapa do Brasil.

Silvana Lima representa o Brasil no feminino

A cearense que já foi vice-campeã mundial por duas vezes será a representante do Brasil no circuito feminino. Aos 33 anos, Silvana Lima retornou ao circuito em 2017 e já mostrou sua habitual força ao vencer a etapa de Trestles, na Califórnia. Terminou o ano na 11ª colocação do ranking, mas já deu sinais de que o potencial de figurar entre as mulheres continua presente. 

Silvana Lima - WSL / SEAN ROWLAND - WSL / SEAN ROWLAND
Silvana Lima voltou ao circuito em 2017 e foi campeã em Trestles
Imagem: WSL / SEAN ROWLAND

Surfe na piscina

No calendário de 2018, a maior novidade fica por conta da estreia de uma etapa em piscina de ondas. Localizada na Califórnia, a Surf Ranch Facility foi desenvolvida pelo 11 vezes campeão mundial Kelly Slater e causa grande expectativa no público ao receber pela primeira vez a elite do surfe. O evento será realizado de 5 a 9 de setembro, em uma janela de espera mínima em relação a outros eventos que em média ocupam 12 dias. Afinal, as condições das ondas estarão sob controle da organização.

Em busca do tri

Aos 25 anos, John John Florence pode nesta temporada impor um domínio no circuito mundial de surfe não visto desde 2004, quando Andy Irons conquistou o tricampeonato consecutivo. Desde então, nenhum surfista conseguiu enfileirar mais do que dois títulos, barreira que John John Florence tem plenas condições de ultrapassar.

Assim como em 2017, Medina surge como principal concorrente de John John Florence. Levando em conta as últimas três temporadas, a chave para o sucesso do brasileiro na busca pelo bicampeonato está em um início forte na perna australiana, que reúne as três primeiras etapas do ano. em 2017, por exemplo, Medina pegou um terceiro lugar na estreia, mas amargou um 17º e 25º na sequência que prejudicaram sua disputa na reta final com o havaiano.   

Troca de geração

Fanning - Dean Lewins/AP - Dean Lewins/AP
Mick Fanning disputará apenas as duas primeiras etapas de 2018
Imagem: Dean Lewins/AP
O anúncio de que o tricampeão Mick Fanning deixará de disputar o circuito em tempo integral apenas acelerou um processo de renovação no circuito mundial. Recentemente, figurinhas carimbadas como Taj Burrow e Bede Durbidge já haviam anunciado a aposentadoria, que também é ensaiada pelo campeão mundial Joel Parkinson. Aos 46 anos, Kelly Slater segue como fiel representante dos veteranos, embora cada vez mais tenha “pulado” etapas com previsão de ondas ruins.

Despedida de Pipeline?

Não deve ser uma despedida definitiva, mas o tradicional Pipeline Masters ficará de fora da temporada de 2019 depois de a organização não conseguir cumprir no prazo os requisitos exigidos pela prefeitura de Honolulu. A WSL agora trabalha pelo evento de 2020, que deve ser disputado no começo do ano e não mais no fechamento da temporada. Assim, a etapa marcada para 8 de dezembro tem tudo para ser a última com as famosas esquerdas de Pipeline como palco da definição.