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Marray ofusca 'xará' famoso com façanhas nas duplas e confirma fama de azarão nas Finais da ATP

Jonathan Marray (e) e Frederik Nielsen comemoram vitória nas Finais da ATP - Glyn Kirk/AFP
Jonathan Marray (e) e Frederik Nielsen comemoram vitória nas Finais da ATP Imagem: Glyn Kirk/AFP

Fernando Duarte

Do UOL, em Londres

06/11/2012 16h14

Se tivessem passado o resto da temporada apenas posando para fotos e dando autógrafos, Jonathan Marray e Frederik Nielsen seriam desculpados. Mas o choque que causado pela dupla com o título de Wimbledon, em julho, ameaça se repetir nas Finais da ATP em Londres: o inglês e o dinamarquês voltaram a derrubar queixos nesta terça-feira com uma vitória sobre a dupla formada pelos favoritos indianos Mahesh Bhupathi e Rohan Bopanna, após salvar dois match-points: 6-4, 6-7(1), 12-10.

Tudo começou há quatro meses, quando um exercício despretensioso transformou-se em ocasião histórica para ambos. Marray, no mesmo fim de semana em que seu quase xará Andy Murray foi às lágrimas ao perder a final de Wimbledon para Roger Federer, tornou-se o primeiro britânico desde 1936 a conquistar o título de duplas na mítica grama do sul de Londres - uma escrita que persiste em simples. Já Nielsen enfim viu vingada as duas derrotas de simples do pai, Kurt, nos anos 50.

Nesta terça-feira, também em Londres, a dupla retomou a magia de Wimbledon. Tão surpreendente quanto o resultado em si é o fato de que a Marray e Nielsen têm prazo de validade para se separarem. O dinamarquês anunciou que pretende se dedicar mais aos torneios individuais em 2013, apesar de ocupar uma indigente 362ª posição na lista de simples. Marray, enquanto isso, está sem parceiro para a próxima temporada. ''Não jogo tênis apenas por dinheiro ou troféus, mas por prazer. Dedicar-me mais às duplas não me permitiria jogar simples, e eu ainda sinto que posso melhorar como jogador'', explicou Nielsen.

Conhecidos dos tempos de profundezas do tênis de elite, os dois disputaram apenas três torneios entre 2006 e 2012, sempre em torneios menores, da série Challenger. Este ano, porém, graças à nacionalidade de Marray e ao fato de ele fazer parte de um programa de apoio a atletas da Federação Britânica de Tênis, conseguiram um convite para o mais recente torneio de Wimbledon. ''A gente não precisou jogar junto o tempo todo para que a dupla funcionasse muito bem em quadra. Fred é um grande sujeito, e a gente tem muita afinidade'', explica o inglês.

Depois do título surpreendente, veio a mudança de rotina: “Minha vida virou um pouco de cabeça para baixo nas semanas seguintes, mas as coisas se aquietaram agora. Não vou reclamar, podem deixar”', brincou Marray, que em 12 anos como profissional soma menos de US$ 1 milhão em prêmios - um quinto desse total foi arrecadado com o título de Wimbledon.

O triunfo, por sinal, possibilitou a entrada da dupla na seleta festa de fim de ano: na corrida pelas oito vagas do ATP World Tour Finals, Marray e Nielsen ficaram em 11º, mas se valeram da regra que garante presença para duplas campeãs de torneio do Grand Slam e que se mantenham entre as 20 do mundo.

''Foi um pouco difícil controlar os nervos quando entramos em quadra, pois jamais imaginávamos que estaríamos disputando um torneio dessa magnitude, mesmo depois de vencer Wimbledon. É uma oportunidade única e a gente só espera que ela dure o máximo possível'', brincou o dinamarquês, que treinou apenas um dia com o parceiro antes da estreia - estava disputando torneios individuais.