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Nadal vence Djokovic em épica partida de quase 5 horas e jogará por 8° título em Paris

Do UOL, em São Paulo

07/06/2013 12h53

O termo "Rei do Saibro" a cada dia mais se justifica como apelido para Rafael Nadal: nesta sexta-feira, naquela já considerada a final antecipada de Roland Garros, o espanhol soube contornar as diversas reviravoltas de um jogo que durou quase cinco horas (4h37min) e passou pelo número um do mundo, Novak Djokovic, em cinco sets (6-4, 3-6, 6-1, 6-7(3) e 9-7). Ele fica, assim, a um jogo de conquistar sua oitava taça em Paris.

O jogo lembrou outra partida marcante entre eles: a final do Aberto da Austrália de 2012, quando Djokovic precisou também de cinco sets para passar por Nadal e ganhar a taça: foram impressionantes 5 horas e 53 minutos de jogo, numa partida que está no rol de melhores da história.

Nadal já entra como favorito na decisão, já que enfrentará uma zebra: o compatriota David Ferrer, tradicional freguês de Nadal, que venceu o francês Jo-Wilfried Tsonga, por 3 sets a 0, mesmo com a torcida contrária.

"Tem gosto de final, sim. No passado poderia ter sido uma final", declarou Nadal, lembrando que a chave os colocou frente a frente mais cedo em razão de sua queda no ranking graças a contusão que o deixou parado por meses. "É muito especial. Novak é um lutador, e ele vencerá aqui um dia. Mas eu estava pronto para a luta”, completou o vencedor.

Já Djokovic seguirá sem conquistar o Grand Slam parisiense e, agora, se foca na temporada de grama, que culminará com Wimbledon, o terceiro Grand Slam do ano

Intensas trocas de bola ditam ritmo

O jogo começou em ritmo forte, com ambos apostando na tática de fazer o adversário correr pela quadra até errar. Como o especialista em saibro é Nadal, ele acabou levando vantagem na parcial.

Conseguiu quebrar o saque de Djokovic no sétimo game, após desperdiçar duas chances de break. Na terceira, não perdoou. O jogo de bolas pesadas culminou em 15 bolas vencedoras do espanhol contra 10 de Djokovic, número alto para apenas um set. Alto também foi o número de erros não-forçados, outra estatística que prova o ritmo do jogo: o sérvio cometeu 14, contra nove do espanhol. Vitória de Nadal por 6-4.

Djokovic acordou com a derrota. Abusou das subidas na rede, não se abalou com as passadas que levou quando errou a mão nas deixadinhas, e no sexto game abriu vantagem.

Repetiu a quebra no oitavo game e segurou o próprio saque para vencer por 6-3. Dessa vez os papéis se inverteram: foi Djoko quem soube usar a tática de colocar o rival para correr. Cansou Nadal e conseguiu 11 winners. Isso compensou o mesmo número de erros não-forçados.

Set fora do normal

O terceiro set foi o ponto fora da curva na partida. Djokovic "dormiu", pareceu perde a concentração e até reclamou demais em um lance no qual o árbitro voltou a trás e deu bola fora do sérvio. Ele até pediu desculpas para a torcida em razão da forte reclamação.

Nadal aproveitou e quebrou logo no segundo game. Chegou a abrir 5 a 0 após nova quebra e o pneu só foi evitado porque Djokovic, mesmo com o set perdido e claramente se poupando para a próxima parcial, salvou um break-point para diminuir para 5 a 1, antes de Nadal finalizar o set no game seguinte.

Neste set, Djokovic cometeu 13 erros não-forçados, contra apenas três de Nadal, que também aproveitou todos os pontos no qual arriscou subida à rede.

A virada e a vibração

O jogo parecia perdido para Djokovic. No sétimo game, uma péssima atuação fez com que Nadal o quebrasse. A partida estava na mão do espanhol. Porém, logo no game seguinte, o jogo ganhou contornos épicos. Djokovic quebrou de volta e empatou.

No 11° game, quando Djokovic era melhor, Nadal quebrou e teria a bola na mão para fechar o jogo. Só que a torcida resolveu jogar junto. Talvez movidos pelos sérvio presentes, talvez pressentindo que estavam prestes a ver algo histórico. Mas a cada ponto de Djokovic os espectadores levantavam e gritavam.

O sérvio entrou no clima, vibrou muito a cada conquista e ganhou o game. No tie-break, domínio completo: 7 a 3 e jogo empatado.

Decisão emocionante

O set decisivo começou com Djokovic empolgado. Logo no primeiro game, o sérvio quebrou Nadal e parecia que iria tranquilamente para a final. Parecia. Ele confirmou seus serviços até o oitavo game, um dos mais longos da partida. Após diversass  trocas de bola, um ponto polêmico definiu a mudança de rumo da partida.

Djoko mataria o game com um voleio, que foi dentro. Só que ele perdeu o equilíbrio, tocou na rede antes da bola tocar o chão pela segunda vez e perdeu o ponto. Nadal aproveitou, virou o game e empatou. 

A partir daí, ficou impossível dizer que alguém estava em vantagem. E quinto set de Grand Slam não possui tie-break. O cansaço tomou conta e ficou claro que quem errasse menos iria garantir a vitória.

Só que Djokovic sentiu primeiro. A bola decisiva foi um smash na rede, após Nadal só conseguir devolver a bola de costas, pelo meio das pernas. O erro abalou Djoko.

Então, no 16° game, Nadal fechou e fez história: 9 a 7 em 4h37min. e vaga na final. A oitava taça está perto.

Ferrer bate Tsonga, frustra sonho francês e pega algoz Nadal

  • Thomas Coex/AFP

    O sonho de um francês campeão de Roland Garros será adiado, e o domínio continuará sendo dos espanhóis na terra vermelha de Paris. Nesta sexta-feira, David Ferrer não tomou conhecimento de Jo-Wilfried Tsonga, venceu por 3 sets a 0 (parciais de 6/1, 7/6 (7/3) e 6/2 ), e vai enfrentar seu carrasco Rafael Nadal na grande decisão.

    Nem Tsonga, nem a torcida presente na quadra Philippe Chatrier conseguiram esconder a frustração ao fim da partida. Ele era a única esperança de um francês conquistar um título em Paris desde 1983, quando Yannick Noah levantou o troféu. E ainda não conseguiu igualar o feito de Henri Leconte, que chegou à grande decisão em 1988.

    Ferrer vai à final com muitos méritos, mas terá uma pedreira pela frente diante do maior vencedor de Roland Garros, com sete títulos. Nadal está embalado após uma vitória histórica na semifinal em um duelo de cinco sets e quase cinco horas contra o número 1 do mundo Novak Djokovic. Para piorar, Ferrer é considerado freguês do compatriota. Até hoje, são 20 vitórias para Nadal, contra apenas quatro de Ferrer, que saiu derrotado dos últimos seis duelos.

APÓS DERROTA, DJOKOVIC RECLAMA DAS CONDIÇÕES DO SAIBRO

  • Após a derrota, Djokovic se queixou das condições do saibro da quadra central do complexo de Roland Garros. “Estava muito escorregadia. Me dissera quem iam tomar uma atitude, mas não fizeram nada”, disse.

    Para Djoko, o calor e o vento estavam fazendo a quadra perder terra. Ficou impossível de se jogar”, completou o sérvio. Mas ele também assumiu estar decepcionado cm sua atuação. “Queria ganhar o título e essa derrota é decepcionante. Mas vou me recuperar, vou buscar isso de motivação para encontrar meu melhor tênis”, finalizou.

PUPILA DE LARRI PASSOS VAI À FINAL JUVENIL EM PARIS PELO 2° ANO SEGUIDO

  • Pelo segundo ano consecutivo, a paulista Bia Haddad Maia está na final de duplas juvenis em Roland Garros. A pupila de Larri Passos e a equatoriana Domenica Gonzalez causaram nova surpresa nesta semana e bateram a sérvia Nina Stojanovic e a italiana Alice Matteucci, cabeças 8, por 7/5, 6/7 (6-8) e 10-6. As adversárias saem do duelo entre Barbora Krejcikova/Katerina Siniakova e Ana Konjuh/Carol Zhao. Bia tenta assim se tornar a sexta tenista brasileira a conquistar um título de nível Grand Slam em todos os tempos e levantar o 27º troféu dessa magnitude, seguindo os feitos de Maria Esther Bueno (com 19), Gustavo Kuerten (4), Thomaz Koch, Bruno Soares e Tiago Fernandes.