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Garçons, sparrings e torcedores. Conheça os juvenis do Brasil na Davis

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

14/09/2014 10h00

Orlando Luz, Marcelo Zormann e João Menezes. Estas três jovens do tênis brasileiros não estão envolvidos diretamente na disputa da repescagem do Grupo Mundial da Copa Davis entre Brasil e Espanha no Ibirapuera, em São Paulo.  Os jovens, porém, se tornaram parte importante da equipe nacional e figurinhas carimbadas à beira da quadra apoiando Thomaz Bellucci, Rogério Dutra Silva, Marcelo Melo e Bruno Soares

Ao longo da semana, também tiveram papel importante nos treinamentos, que começaram na ultima segunda-feira. Os três foram sparrings dos titulares e participaram de simulações de partidas de simples e de  duplas. A presença dos jovens atletas é uma iniciativa da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) para lhes dar mais rodagem e para que se acostumem ao ambiente de Copa Davis, já visando à renovação que terá de ser feita ao longo dos próximos anos.

"Está sendo uma semana grandiosa. É excelente ter esta oportunidade de estar com os profissionais. Todo mundo está passando experiência para nós. São coisas que poderemos mudar dentro e fora da quadra, coisas para acrescentar na nossa rotina" , afirmou Orlando Luz, o Orlandinho, que tem apenas 16 anos segundo colocado do ranking mundial juvenil.

"Está sendo sensacional. Para nós, que ainda somos juvenis, é importante estar  neste ambiente pegando as coisas que eles falam. Nos treinos, também dá para ver toda a diferença existente. A intensidade do jogo é diferente, principalmente no saque e nas trocas de bola em movimento", completou João Menezes, que também tem 17 anos e ocupa a 21ª posição do ranking para juvenis.

"Esta é a segunda vez que estou com o grupo, a outra foi quando jogamos a repescagem de 2012, contra a Rússia. Naquela oportunidade, porém, foi bem diferente. Quase não tive contato com os jogadores. Agora está sendo muito mais proveitoso. Tive a oportunidade de treinar com todo mundo e ter este contato mais próximo, como se fosse integrante do time. Todos nós já nos imaginamos um dia lá representando o país", disse Zormann, que tem tem 17 anos e no mês passado conquistou a medalha de ouro da chave de duplas dos Jogos Olímpicos da Juventude de Cingapura atuando ao lado de Orlandinho.

 A mesma empolgação expressa nas palavras dos garotos pôde ser vista nos dois primeiros dias de jogos. Os três se comportam como se estivessem na arquibancada.  No sábado, por exemplo, a cada ponto conquistado por Melo e Soares na vitória por 3 a 0 sobre os espanhóis David Marrero e Marc López,  Orlandinho pulava, esmurrava o ar e dava vários gritos de inventivo.

"Quando eles estão na quadra, estamos jogando com eles. Todos devem torcer do mesmo modo. É o nosso país dentro de quadra, não tem como ficar indiferente. É muito legal estar ali perto, falar com eles, dar a maior força possível. No fim, é legal saber que também fizemos parte da vitória", disse Orlandinho, apontado como mais promissor desta geração nascida no fim da década de 1990.

"Acima de tudo, somos uma equipe. Então temos de apoiar. No momento do jogo, é hora de união. Um por todos, todos por um", disse Menezes, usando o mesmo lema adotado em todas as entrevistas dos profissionais  após cada jogo deste confronto.

TROTE NOS JUVENIS

Como qualquer novato em qualquer área de atuação, os tenistas também tiveram de lidar com as gozações e zoeiras dos mais experientes. No jantar de apresentação, no último sábado, os três trabalharam como garçons de toda a delegação. 

No hotel, os que vacilaram e esqueceram a porta ou a janela aberta tiveram uma surpresa. Quando voltaram aos seus apartamentos se depararam com todos os objetos pessoais revirados e espalhados pelo chão e sobre a cama. Junto, um bilhetinho com os dizeres: "Isso é para não esquecer de deixar tudo fechado da próxima vez".

Nos treinos, cada vez que eles acertam boladas nos profissionais, são obrigados a pagarem flexões de braço.

Mas os "abusos" dos veteranos não pararam por aí. Antes e depois de treinos e jogos, são os garotos os responsáveis por carregarem a raqueteira.

A molecada, porém, não está nem aí. A semana já valeu a pena. Para ficar ainda melhor, resta ao Brasil conseguir a vaga no Grupo Mundial de 2015. E isso acontecerá com uma vitória em um dos dois confrontos que ocorrem neste domingo a partir das 14h. Primeiro, Thomaz Bellucci (83º do mundo) encara Roberto Bautista Agut (15º). Na sequência, Rogerinho (203º) encara Pablo Andújar (44º).