Conheça o homem por trás da vitória brasileira na Copa Davis

Eduardo Faria não é tenista, e muito menos entrou em quadra no duelo entre Brasil e Espanha pela repescagem da Copa Davis no último fim de semana. O paulista de 51 anos, porém, teve papel importante na vitória por 3 a 1 que recolocou o time nacional no Grupo Mundial, no qual havia estado pela última vez em 2013. Preparador físico da equipe brasileira, ele deu uma palestra motivacional aos jogadores ao longo da semana relembrando uma outra vitória que era dada como inimaginável.

Em 1999, ele integrava a equipe do Brasil que conseguiu a façanha de bater a mesma Espanha, por 3 a 2, na cidade de Lérida. À época, Guga foi o grande herói, ganhando suas duas partidas de simples e triunfando também em duplas, ao lado de Jaime Oncins. Até este fim de semana, este havia sido o último revés dos espanhóis atuando no saibro.

“Conversei muito com o pessoal ao longo da semana e falei do sentimento de quem estava lá. Fomos muito humilhados no jantar oficial antes daquele duelo. O prefeito de Lérida e o presidente da Federação Espanhola se posicionaram como se já tivessem ganho, afinal eles tinham uma esquadra. Ficamos quieto, na nossa. Durante a semana, em uma de nossas reuniões, deixei claro que tudo é possível. Se temos uma chance, temos de agarrar”, disse Faria, que era o único remanescente do time nacional presente naquele triunfo.

“Na semana da Davis, todo dia temos um papo com o capitão e os demais membros do time. Cada um dá um exemplo diferente de coisas para motivar. O Edu tem experiência de Copa Davis e lembrou deste confronto. Ele nos contou que foi uma vitória na base da superação e para sempre acreditarmos no trabalho. Ele trabalhou muito esta parte motivacional e acabou dando resultado”, disse Bruno Soares, que venceu a partida de duplas atuando ao lado de Marcelo Melo.

Se em 1999, Guga foi o herói e desde estão é lembrado por sua atuação neste confronto, Faria acredita que  Thomaz Bellucci poderá ganhar um novo status após suas atuações no Ibirapuera. O tenista número 1 do país venceu seus dois jogos, contra Pablo Andújar (44º) e Roberto Bautista Agut (15º).

“Todo mundo se lembra daquela vitória por conta do Guga. Esta,com certeza, ficará marcada pelas vitórias do Bellucci. A Copa Davis é um marco, um divisor de águas na carreira de um jogador. A Davis deixa o cara mais confiante.Pode mudar muita coisa para ele”, disse o preparador físico.
Faria integrou a equipe brasileira na Davis em sua primeira passagem entre os anos de 1999 e 2004. Depois de um tempo ausente, voltou a integrar o time nacional em 2008 e não saiu mais.

“Participei de muitos confrontos na Davis, mas posso dizer que esta vitória de agora contra a Espanha jé é o momento mais marcante de todos neste segundo ciclo. Foi super positiva a presença da torcida e todo o clima que vivemos”, disse faria, que é funcionário da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) e faz trabalho específico com os tenistas juvenis.