Topo

Nova joia do tênis americano tem só 15 anos e é pupila de brasileiro

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

11/10/2014 06h00

Catherine Bellis, ou simplesmente CiCi Bellis, tem apenas 15 anos e já desponta como uma das mais promissoras tenistas dos Estados Unidos. Apesar da pouca idade, já é líder do ranking mundial juvenil (para atletas com até 18 anos) e chocou o mundo do tênis ao desbancar a eslovaca Dominika Cibulkova, cabeça de chave número 12 logo em sua estreia no Aberto dos Estados Unidos, em agosto deste ano.

Tratada como uma joia pela USTA (Associação Americana de Tênis), CiCi está sendo lapidada por um brasileiro. O responsável pelos treinamentos da garota e que a guiará no caminho ao profissionalismo é Léo Azevedo, ex-técnico de Thomaz Bellucci. Desde 2009, ele é funcionário da USTA e responsável pela maior parte do trabalho desenvolvido com garotas no Centro de Treinamento na cidade de Carson, na Califórnia.

Azevedo começou a trabalhar com Cici em janeiro do ano passado, quando ela tinha apenas 13 anos. Como a garota vive em San Francisco (a cerca de oito horas de carro do CT da USTA), a convivência entre os dois se dá sempre que a tenista passa por um período de treinos em Carson ou em torneios ao redor dos Estados Unidos e do mundo. No restante, a responsável pelos treinamentos é Lora, sua mãe, principal incentivadora e que a introduziu ao tênis quando tinha somente 3 anos.

Como CiCi ainda não é profissional e ainda tem a possibilidade de disputar o circuito universitário americano de tênis, ela não pode receber premiação em dinheiro nos torneios que disputa. Tanto assim, que teve de abrir mão dos US$ 60 mil (R$ 144 mil) a que teria direito por superar a primeira rodada do Aberto dos Estados Unidos, no qual entrou como convidada. Na ocasião, tornou-se a mais jovem a vencer uma partida no Grand Slam Americano desde a russa Anna Kournikova, em 1996.

O feito despertou muita atenção da mídia americana e da imprensa especializada em tênis, mas não ilude Léo. Ele sabe que a transição para o profissionalismo é um processo duro. O plano, no momento, é que CiCi siga disputando torneios juvenis e alguns de menor escala da WTA (Asociação Feminina de Tênis) . No ranking mundial, ocupa atualmente a 419ª posição.

“Apesar da distância, passamos bastante tempo juntos e dá para ver que a CiCi está trilhando um caminho muito bom. É difícil falar onde ela poderá chegar, não gosto muito de prever isso. Mas a continuar assim, poderá ir longe. Apesar da pouca idade, já conseguiu provar algumas coisas”, disse Azevedo, em entrevista ao UOL Esporte.

Antes de viajar aos Estados Unidos para iniciar o trabalho na USTA e, posteriormente com CiCi, Azevedo treinou  Thomaz Bellucci entre 2007 e 2008 e conduziu o brasileiro da 250ª a 70ª posição do ranking mundial. Após não chegar a um acordo para renovação, decidiu aceitar o convite do espanhol José Higueras para trabalhar nos Estados Unidos. 

“Naquele momento, não sei se tinha intenção de morar fora do país. Fui surpreendido pela decisão do Thomaz de se separar de mim. Mas recebi este convite do Higueras e considerei o projeto muito interessante. Não tinha como falar não. Hoje, me sinto uma parte importante deste projeto. Foi muito positivo para mim vir para cá tanto profissionalmente quanto financeiramente”, afirmou Azevedo.

Ao mesmo tempo em que demonstra empolgação com CiCi Bellis e com o tênis feminino americano (que conta com 14 jogadoras no Top 100 do ranking da WTA), o brasileiro vê com preocupação o momento vivido pelos homens e não demonstra muito otimismo para os próximos anos. Potência histórica, os Estados Unidos não tem nenhum atleta no Top 10 do ranking da ATP (o melhor é John Isner na 14ª posição) e só cinco no Top 100.

“No feminino, estamos tranquilos, mesmo porque temos meninas novas jogando bem entre as profissionais como a Madison Keys (24 anos e 32ª do mundo) e Sloane Stephens (21 anos e 33ª do mundo). No masculino, a coisa está feia mesmo. Tirando o Isner, temos muitos jogadores na ‘classe média’, mas que não sei se tem o perfil para chegar e ganhar um Grand Slam. Daqui uns sete ou oito anos, acredito que a coisa irá melhorar”, afirmou Azevedo.