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Crime organizado se infiltrou no circuito de tênis, diz especialista

EFE/EPA/YOAN VALAT
Imagem: EFE/EPA/YOAN VALAT

Do UOL, em São Paulo

26/11/2014 18h29

As quadrilhas que usam manipulação de resultado para lucrar com apostas estão infiltradas no circuito mundial de tênis, de acordo com o ex-oficial da Interpol e atual diretor de integridade do Centro Internacional de Segurança no Esporte, Chris Eaton. Em entrevista ao jornal Daily Mail, ele informou que o Challenger Tour, que fica abaixo do ATP Tour, está vulnerável a criminosos.

"Tênis é o terceiro esporte mais sucetível no mundo. A ordem é futebol, críquete e tênis", disse o especialista. "O fato é que esses atletas podem dominar o circuito. E se eles fazem isso, são aceitos no grande circuito (ATP, com os grand slams e masters). Se você está comprometido (com manipulação de resultados), isso é para a vida toda. Observem o tênis. Vai explodir (de casos)", continuou.

Segundo Eaton, há indícios de quadrilhas promovendo manipulação de resultados e suborno no Challenger Tour. Ele informa, ainda, que as autoridades não estão preparadas para conter esse tipo de ação e que a educação de árbitros e jogadores sobre os riscos de participar de esquemas ilegais não é o caminho mais eficiente para barrar o problema.

"Os governos têm que parar de se preocupar com o esporte. Eles precisam mover seu aparato para o crime organizado e as apostas esportivas. Se você parar o dinheiro... o dinheiro vem das apostas, não da manipulação de resultados. A manipulação é o resultado final", afirmou Eaton. Para ele, uma das hipóteses é aumentar a premiação, muito defesada no Challenger em relação ao circuito da ATP.

Ainda segundo o especialistas, muitos criminosos agem através da transmissão de partidas por streaming na internet: a demora no enviado das imagens dá margem de dois ou três segundos em relação a quem vê in loco. Os ganhos acumulados podem ser enormes.

"Eles estão trapaceando. Se você tem conhecimento anterior do resultado de algo sobre o qual aposta, isso é chamado inside trading. Você não deixaria bancos fazerem isso, não deixaria o mercado financeiro fazer isso. Por que está deixando esses organizações mandarem gente para as competições e dar vantagem de três ou cinco segundos?", indagou.