Topo

Sensação australiana já bateu Nadal e vive abalado pela morte da avó

Nick Kyrgios fez homenagem à avó após vitória na estreia no Aberto da Austrália - REUTERS/Athit Perawongmetha
Nick Kyrgios fez homenagem à avó após vitória na estreia no Aberto da Austrália Imagem: REUTERS/Athit Perawongmetha

Do UOL, em São Paulo

20/01/2015 16h00

Nada de Federer, Nadal ou Djokovic. A vitória mais comentada e comemorada pela torcida local na primeira rodada do Aberto da Austrália foi a de Nick Kyrgios. Com apenas 19 anos, o jovem tenista é a esperança do país para surpreender e quebrar a hegemonia dos grandes nomes do circuito em Melbourne.

Kyrgios é apontado como uma das promessas da nova geração do tênis desde sua participação nos torneios juniores, sendo campeão do Aberto da Austrália em 2013. No ano seguinte, entrou de vez no radar do mundo do tênis ao eliminar Rafael Nadal nas oitavas de final de Wimbledon – foi sua primeira participação no Grand Slam londrino.

Com pai grego e mãe malaia, o tenista de 1,93 m quase optou pelo basquete. Era destaque dos campeonatos escolares e praticava as duas modalidades. Com 14 anos optou por focar suas atenções no tênis, mas ainda mantém a paixão pela bola laranja, sendo torcedor fiel do Boston Celtics.

O grande potencial de Kyrgios fez com que ganhasse uma bolsa integral para o Instituto de Esportes da Austrália – entidade que atua no desenvolvimento de jovens atletas do país em 26 modalidades, fornecendo treinamento, acompanhamento médico e suporte para participação em competições.

A grande incentivadora da carreira de Kyrgios foi sua avó Julianah Foster, que o criou para que a mãe pudesse trabalhar. Sua morte em julho do ano passado ainda afeta o tenista, que diz se sentir culpado por não te-la visitado nos últimos momentos devido aos compromissos do circuito profissional de tênis.

“Minha avó morreu no ano passado e é algo que penso todos os dias, e que provavelmente me faz um pouco mais maduro. Ela foi praticamente minha mãe quando era criança. Minha mãe estava sempre trabalhando, então ela me levava ao tênis todos os dias, me levava e me buscava na escola”, disse Kyrgios.

O apego do jovem australiano à avó pôde ser visto em sua estreia no Aberto da Austrália. Kyrgios tatuou ‘74’ em sua mão, em referência à idade de Julianah quando morreu. Escreveu o número ao invés da tradicional assinatura na câmera após a vitória. E ainda ajoelhou-se em quadra e apontou para o céu para celebrar o triunfo na primeira rodada.

“Ela morreu logo depois de Wimbledon, então fico feliz que tenha me visto jogando e atingindo aquele nível.  Você entra no quarto dela em Albury e vê pôsteres e fotos minhas. É incrível que ela tenha finalmente me visto em alto nível. Estou jogando um pouco por ela agora”, comentou o tenista.

Em 2015, Kyrgios joga pela primeira vez em casa sob o peso das expectativas da torcida australiana no primeiro Grand Slam do ano. A última vez que um tenista local conquistou o título em Melbourne foi em 1978 com Chris O’Neil  no feminino. Entre os homens, o troféu não vem desde Mark Edmondson em 1976.

Kyrgios estreou com dificuldade no Aberto da Austrália na última segunda-feira (19). Sofreu diante do argentino Federico Delbonis e venceu por 3 sets a 2, com parciais de 7-6 (7-2), 3-6, 6-3, 6-7 (5-7) e 6-3.

Falar em título ainda parece algo distante para Kyrgios, ainda mais se levada em consideração o bom desempenho apresentado pela ‘velha guarda’ formada por Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer. A Austrália, porém, já tem o que comemorar: com nove tenistas na segunda rodada (seis homens e três mulheres), o país chega ao seu melhor desempenho na última década.