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Como a dieta do tenista número 1 do mundo ajudou o número 1 do Brasil

Divulgação/AGIF
Imagem: Divulgação/AGIF

Fábio Aleixo e Felipe Priante

Do UOL, em São Paulo

05/03/2015 06h00

Você sabe o que Novak Djokovic e João Souza, o Feijão, têm em comum? Os dois cortaram o glúten de suas dietas e graças a isso conseguiram grandes evoluções em suas carreiras. No fim de 2010, o sérvio eliminou a proteína de sua alimentação e, no início de 2011, espantou o mundo ao conseguir 41 vitórias seguidas no início da temporada e levantar sete taças. Hoje, é número 1 do mundo e favorito ao título em todos torneios que disputa.

Feijão descobriu a intolerância ao glúten em julho do ano passado, o eliminou de suas refeições e desde então vem em uma ascendente no circuito mundial. Deixou a 116ª posição do ranking, subiu para o 75º posto e tornou-se o melhor brasileiro na lista da ATP. Como consequência disso, voltou ao time brasileiro da Copa Davis após três anos de ausência e estará em Buenos Aires neste fim de semana para o duelo com a Argentina.

O brasileiro optou por mudar drasticamente sua alimentação após passar mal durante um torneio na Europa e consultar a sua nutricionista, a mineira Isabela Freitas.

“Entre maio e julho do ano passado, fiz uma série de torneios na Europa. Durante o Challenger de Poznan (POL), antes de três jogos, comi macarrão e coloquei um pouco de molho, como fiz a vida inteira. Passei mal em todos estes dias. Depois do terceiro jogo, que foi uma semifinal contra o (Blaz) Rola, fiquei mal uma três horas. Liguei para minha nutricionista e ela falou para eu cortar imediatamente o glúten e também a lactose”, contou Feijão ao UOL Esporte.

O tenista eliminou de seu cardápio diário alimentos como massas, pão, trigo e todos aqueles com derivados do centeio e cereais, além de frituras. Cortou também o refrigerante e passou a tomar um leite sem lactose. Se alimenta com arroz integral, feijão, carne, peixe, frango, legumes, tapioca, queijo sem lactose, sucos e frutas.

Após adotar a nova dieta, fez três finais de challenger ainda em 2014 e neste ano já alcançou a semifinal do Aberto de São Paulo (ATP 250) e as quartas de final do Aberto do Rio (ATP 500). Os resultados alcançados podem ser creditados muito à melhora física que Feijão teve neste período.

Antes de cortar o glúten, o tenista de 26 anos e 1,90m tinha muita dificuldade de perder peso e diminuir o percentual de gordura do seu corpo. Seu peso variava entre 95kg e 94kg. Hoje, está entre 91kg e 89kg. O percentual de gordura que ficava na casa dos 14% caiu para 7,75%.

“O Feijão ganhou muita massa magra. Estamos conseguindo resultados muito bons desde que iniciamos a dieta. Antes, ele sofria com cãibras, tinha desconforto abdominal e ficava com gases presos. Hoje já não sofre mais com estas cãibras e está mais seco como dizemos no linguajar popular”, explicou a a nutricionista Isabela Freitas.

“Depois que comecei esta dieta, meu sono melhorou, consegui baixar o peso e me recupero muito mais rápido entre um jogo e outro. Estou me sentindo muito mais ágil em quadra, com uma movimentação e coordenação muito melhores”, contou Feijão, que vez ou outra ainda come alguma coisa com glúten, como lanches do McDonald’s.

“Vira e mexe, eu como alguma coisa que quero, porque não sou de ferro (risos)”, completou.

Feijão feliz com o momento e confiante para o duelo
A ascensão no ranking e a volta à Copa Davis pela primeira vez desde 2012, deixaram Feijão bastante satisfeitos.

“Voltar depois de três anos é gratificante, ainda mais no momento em que estou, como número 1”, disse o tenista, que fez duas partidas na história da Davis, com uma vitória e uma derrota diante da Colômbia no Zonal Americano de 2012.

Em que pese enfrentar a Argentina fora de casa, com toda a torcida contra, Feijão acredita que o Brasil pode sair com uma vitória no confronto que será realizado entre sexta-feira e domingo no Complexo Tecnópolis, em Buenos Aires.

“Nosso time está bem competitivo. Podemos voltar a fazer quartas de final (pela primeira vez desde 2001). Nossa dupla é o único ponto no qual somos favoritos. Nos outros quatro jogos vamos mais como franco-atiradores, tanto eu como o Thomaz (Bellucci), que já mostrou que pode ganhar de qualquer um em qualquer piso. E eu estou bem feliz e confiante após estas semanas que tive jogando no Brasil”, afirmou.