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Promessa brasileira admite "peso nas costas" com status de novo Guga

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

06/05/2015 06h00

O final do mês de abril e o início de maio foram especiais para Orlandinho Luz. Além de alcançar a semifinal e as quartas de final em seus dois primeiros torneios de Challengers de tênis (Santos e São Paulo), ainda se tornou o brasileiro mais jovem a vencer uma partida em nesse tipo de campeonato, considerado o segundo escalão da ATP-, superando a marca que era de Gustavo Kuerten, o Guga - ambos tinham 17 anos, mas o ex-número do mundo estava a cinco dias de fazer 18.

Os resultados de gente grande conquistados no início da carreira contrastam com a voz de um menino, que tenta aos poucos suportar a pressão de ser a nova esperança do carente tênis brasileiro.

"As pessoas já vêm há um tempo tentando me comparar com o Guga. Não é uma coisa que me incomoda, mas é um peso nas costas. A gente sabe que tem de ter pé no chão. As pessoas ficam nessa ânsia por um novo jogador. Mas eu só tento administrar isso", afirmou o jovem de Carazinho, no Rio Grande do Sul, em entrevista ao UOL Esporte.

Orlando Moraes da Luz nasceu em uma família que respira tênis - seu pai, Orlando, chegou a tentar a carreira de tenista, mas parou aos 14 anos - atualmente é técnico. Assim, não seria difícil de imaginar que o amor pela raquete e a bolinha começariam cedo. "Desde os três anos eu ia com meu pai ao clube e acabei pegando esse gosto pelo tênis. De uma brincadeira, acabou virando uma profissão".

Na carreira de juniores, teve em 2014 a melhor temporada. Foi nesse ano em que, ao lado de Marcelo Zormann, conquistou o Grand Slam de Wimbledon nas duplas - o primeiro título brasileiro no torneio desde Maria Esther Bueno, em 1965 - e a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim, na China. Em simples, levantou três troféus: em São José dos Campos (SP), Porto Alegre e no Paraguai.

A carreira de sucesso nos tempos de juniores faz o fã do tênis lembrar de outra promessa brasileira, que também chegou a ser chamado de "novo Guga", e acabou se aposentando aos 21 anos tendo disputado apenas 154 partidas como profissional: Tiago Fernandes, antigo líder do ranking juvenil e campeão do Aberto da Austrália. Orlandinho afasta qualquer tipo de comparação e lembra que os casos são muito diferentes.

"Ele sofreu uma pressão muito grande e também algumas lesões o atrapalharam. São coisas normais no tênis, infelizmente aconteceu com ele. Mas não fico pensando nisso. É preciso deixar de lado, senão acaba acontecendo com você. Tento ficar concentrado no meu trabalho", afirma Orlandinho.

Definindo-se como um jogador agressivo dentro de quadra, "não tem bola perdida para mim", Orlandinho, atual número 543 do ranking da ATP, sabe que ainda há um longo caminho a percorrer no circuito mundial. "O tênis como qualquer profissão requer uma faculdade. E a faculdade do tênis precisa de anos de experiência para ser completa. É muito legal eu ter esse bom começo, mas ainda falta muito coisa".