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Esperança na Davis, Murray vive relação de amor e ódio com britânicos

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

29/11/2015 06h00

Amargando jejum na Copa Davis desde 1936, a Grã-Bretanha tem a chance de encerrar esta longa espera e conquistar sua décima taça do torneio entre países neste domingo (29), último dia de confrontos contra a Bélgica. E praticamente toda a esperança conquistar o troféu reside em Andy Murray, tenista escocês que vive uma relação de amor e ódio com os britânicos há anos.

Nascido na pequena cidade escocesa de Dunblane, Murray sempre conviveu com a sina de ser considerado 'menos britânico' do que os tenistas ingleses. A relação de amor e ódio teve seu primeiro capítulo em 2006, quando o atleta tinha 19 anos e despontava como promessa do tênis.

Com a ausência da Escócia na Copa do Mundo da Alemanha, Murray foi questionado por jornalistas ingleses sobre qual seleção teria sua torcida durante o torneio. "Qualquer uma, menos a Inglaterra", disse o escocês, rindo. A declaração caiu como uma bomba entre os ingleses, que não economizaram nas críticas ao tenista.

Nem o fato de passar a figurar entre os principais tenistas do mundo em 2008 ajudou a diminuir a rejeição. Allan Massie, escocês que manteve uma coluna no site do diário The Telegraph, observa que "Murray nem sempre teve um relacionamento fácil com o público inglês, talvez porque sua timidez fosse interpretada como mau humor e sua auto-crítica feroz, como petulância".

A aceitação passou a existir no momento em que Murray se firmou no “Big Four” – grupo formado, além do escocês, por Federer, Nadal e Djokovic, jogadores que dominam o circuito há anos – e ensaiou um discurso de aproximação com os ingleses. Sua relação com a inglesa Kim Sears, com quem se casou em abril deste ano, foi importante para a reconstrução da imagem do tenista.

Em 2012, Murray teve a chance de quebrar o jejum de títulos da Grã-Bretanha em Wimbledon, que se arrastava desde 1936. Derrotado por Roger Federer na decisão, ele, visivelmente abatido, não conteve o choro na cerimônia de premiação e foi aplaudido de pé pelo público londrino. "Todos falam sobre a pressão de jogar em Wimbledon, de como é difícil jogar aqui. Queria dizer que vocês [torcedores] tornam tudo isso aqui mais fácil. O apoio de vocês tem sido incrível. Obrigado", balbuciou, enxugando as lágrimas.

A entrega e o abatimento geraram uma reação positiva imediata entre os ingleses. Dois meses depois, Murray voltou à quadra central de Wimbledon para desafiar Federer na final de simples das Olimpíadas de Londres. Com apoio irrestrito das arquibancadas, ele venceu o suíço em sets diretos, conquistou a medalha de ouro e conseguiu a redenção.

Em 2013, Murray finalmente alcançou o troféu de Wimbledon. Ele derrotou Novak Djokovic na final e, na premiação, levou o público à loucura ao fazer um discurso em nome do povo britânico – postura diferente da que havia assumido anos antes. "Eu sei como todos queriam que um britânico vencesse Wimbledon. Eu espero que vocês tenham gostado. Dei o meu melhor", disse aos torcedores.

A relação voltou a estremecer em setembro de 2014, quando o tenista declarou seu apoio à independência escocesa. Nas redes sociais, pipocaram mensagens que o chamavam de "antibritânico".

Desde então, Murray, que mora em Londres, tem se esforçado publicamente para limpar sua imagem na Inglaterra. Em entrevista ao Daily Mail, ele classificou como "absurdos" os boatos de que não gosta dos ingleses.

"Isso é a coisa que mais me perturba. Eu trabalho com ingleses diariamente. Me casei com uma inglesa. Meus sogros são ingleses. Adoro representar a Grã-Bretanha", declarou.