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Confusões, R$ 250 mil em multas e talento. Por que ficar de olho em Kyrgios

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

13/01/2017 04h00

Desde que Mark Edmondson levantou o troféu em 1976, os australianos não comemoram em casa um título de Grand Slam. E o jovem Nick Kyrgios, de 21 anos, que carrega consigo a justificada fama de bad boy, aparece mais uma vez como a principal esperança para acabar com este longo jejum. A tarefa não será fácil, afinal não é favorito. Andy Murray e Novak Djokovic, por exemplo, estão muitos passos a sua frente.

Mas o talento de Kyrgios é inegável. Não à toa é o mais jovem entre os 20 primeiros do ranking mundial - ocupa a 14ª colocação - e já coleciona vitórias sobre Roger Federer (no Masters 1.000 de Madri de 2015) e Nadal (no Grand Slam de Wimbledon de 2014) e três títulos, todos eles no ano passado. Mas ao mesmo tempo em que assombra pelas belas jogadas e força com que bate na bola, o tenista gera resistência e até certa antipatia pela maneira que se comporta em quadra.

Desde que se tornou profissional, em 2013, Kyrgios acumula brigas, discussões com árbitros, inúmeras raquetes quebradas, desafetos (já provocou até Stan Wawrinka ao falar de sua namorada), US$ 80 mil (R$ 254 mil) em multas e um gancho da Associação de Tenistas Profissionais. Foi suspenso por oito semanas após discutir com torcedor e fazer corpo mole em derrota para Mischa Zverev no Masters 1.000 de Xangai em outubro do ano passado.

Kyrgios - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Após o gancho, começou a trabalhar com um psicólogo para colocar a cabeça em ordem e conseguir chamar a atenção apenas pelo talento.  "Obviamente não vou dizer o que falamos, mas tem me ajudado muito, Estou tentando aprender um pouco mais sobre mim mesmo e encontrar maneiras de desfrutar mais do esporte. Não é fácil ficar fora de casa por tantas semanas e jogando direto. Então, estou buscando estratégias para tornar as coisas mais simples e aproveitar melhor o meu tempo no tour", afirmou Kyrgios ao jornal Sydney Morning Herald no fim do ano passado.

Mas nesta semana, o jovem voltou a dar o que falar fora de quadra ao aparecer com uma uma camiseta provocando Donald Trump. O presidente americano estava retratado como o diabo. Ele também usou o Twitter para criticar a ATP. Na final do ATP 250 de Doha (QAT) no último sábado, o sérvio Novak Djokovic acertou uma bolada em uma espectadora e apenas recebeu uma advertência. O australiano reagiu com ironia: Eu seria desclassificado e suspenso até 2025.

Apesar do comportamento explosivo, o talento do australiano ainda se sobressai e é reconhecido por adversários. Andy Murray reconheceu que o australiano tem tudo para ir longe. "Ele tem um ótimo jogo, é um bom atleta e esperto na quadra. Quando está focado, é muito inteligente. Acho que não dão muito crédito a ele. Ele é um dos maiores talentos que temos no esporte neste momento e espero que saiba aproveitá-lo e, quem sabe, entrar no Hall da Fama no futuro", disse o britânico.

Para o bem ou para o mal, Kyrgios estará no centro dos holofotes na disputa do Aberto da Austrália, que começa na noite de domingo (pelo horário de Brasília). Será seu primeiro torneio para valer no ano - já atuou na Copa Hopman e em um torneio-exibição. Esta será somente a sua quarta aparição no Major. Seu melhor resultado foi em 2015, quando caiu nas quartas de final contra Murray.