Topo

O que faz hoje a brasileira que teve feito igualado por Bia em Wimbledon

Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

04/07/2017 04h00

Bia Haddad conseguiu nesta segunda-feira (3) algo que nenhuma brasileira conseguia desde 1989. Contra a britânica Laura Robson, a paulista venceu na primeira rodada de Wimbledon e repetiu o feito de Gisele Miró. Na edição do Grand Slam daquele ano, a paranaense havia derrotado a sul-africana Elna Reinach.

Na ocasião, Gisele era um dos principais nomes do tênis brasileiro. Antes da edição daquele ano do Grand Slam, ela já havia conquistado duas medalhas no Pan-Americano de Indianápolis de 1987: ouro na chave de simples e bronze nas duplas mistas.

“Naquela época, era um pouco esperado que eu vencesse na primeira rodada, porque eu jogava bem na grama e tinha ganhado as medalhas no Pan-Americano”, contou Gisele ao UOL Esporte. “Acabou faltando um pouco de experiência e concentração para avançar na segunda fase também”.

Na segunda rodada, a brasileira teve pela frente a britânica Anne Hobbs. Apesar da vitória na primeira parcial por 7/5, acabou perdendo os outros dois sets (6/2 e 6/4) e foi eliminada do Grand Slam na grama.

“Estava entrando na quadra e um jogador do masculino mexeu comigo. Foi péssimo para mim. Ele disse: ‘se você ganhar esse, vai jogar na quadra central com a Evert (Chris, tricampeã de Wimbledon), hein’. Lembro que estava ganhando tranquilo meu segundo jogo, vi o placar na quadra central e ela estava ganhando, perdi a concentração e o jogo. Era um jogo ganho”, lamenta.

Tênis? Dedicação agora é no vôlei

Gisele Miró é idealizadora do time de vôlei Madero/CWB, do Paraná - Valterci Santos/Divulgação - Valterci Santos/Divulgação
Imagem: Valterci Santos/Divulgação

Quase 30 anos depois do feito, Gisele Miró, hoje com 48 anos, se dedica agora ao vôlei. A ex-tenista é idealizadora do Madero/CWB, time paranaense que tenta uma vaga na Superliga feminina de vôlei. O projeto tem como padrinho o campeão olímpico Giba.

“Vamos jogar a Taça Ouro para tentar a última vaga na Superliga. Estou mais no vôlei que no tênis agora. O tênis hoje, para mim, é mais uma brincadeira. Minha filha também jogava, mas agora mora nos Estados Unidos”.

A equipe paranaense conta com a experiente central Valeskinha. A carioca foi campeã olímpica com a seleção brasileira em 2008.

Falta de tenistas de elite surpreende

Apesar de uma carreira curta – se aposentou aos 22 anos – Gisele Miró faz parte do seleto grupo de brasileiras que figuraram no Top 100 do tênis feminino. Além dela, apenas Andrea Vieira, Bia Haddad, Claudia Monteiro, Maria Esther Bueno, Niege Dias, Patricia Medrado e Teliana Pereira alcançaram tal feito.

A escassez de tenistas brasileiras na elite do esporte é algo que surpreende Gisele. A paranaense esperava que conforme os investimentos no esporte aumentassem, o número de representantes do país também se elevasse.

“Hoje em dia, o nosso esporte tem muito mais investimento. Acho incrível que não tenha aparecido mais jogadoras com essa facilidade que não tínhamos naquela época. Tínhamos várias jogadoras que poderiam ter deslanchado, mas por falta de recurso não conseguiram”.

Sobre Bia Haddad, Gisele disse acreditar que a paulista possa ser o futuro do tênis brasileiro. “Gosto da Bia, acho que da nova geração é o grande talento que temos. É uma menina que saca muito bem e tem uma bola pesada, algo importante no tênis atual”.

O próximo desafio de Bia promete ser complicado. Na segunda rodada de Wimbledon, a brasileira enfrentará a romena Simona Halep, cabeça de chave número 2 do torneio. O duelo acontecerá na próxima quarta-feira (5).