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Rival de Nadal na semifinal do US Open é neto de brasileira fã de Federer

Rival de Nadal na semifinal do US Open é neto de brasileira fã de Federer -  Garrett Ellwood/USTA
Rival de Nadal na semifinal do US Open é neto de brasileira fã de Federer Imagem: Garrett Ellwood/USTA

Rubens Lisboa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/09/2019 04h00

Matteo Berrettini tinha apenas 9 anos em sua primeira lembrança de Rafael Nadal. O espanhol duelava com o argentino Guillermo Coria na final do Masters de Roma, em 2005, jogo que durou mais de 5h, e atrapalhou a programação de desenhos animados do garoto.

"Estava passando o jogo na TV e era um canal de desenhos. Eu era novo. 'Ah, esses caras, seis horas, quero ver meus desenhos'!", conta o tenista, que aos 23 anos encontra o espanhol do outro lado da quadra no maior jogo da carreira, a semifinal do US Open, programada para hoje (6), a partir das 18h30 (de Brasília).

À distância, ele terá a torcida especial de uma brasileira. Sua avó Lúcia, de 78 anos, nasceu no Rio de Janeiro e vive em Roma há 50. Ela é uma das incentivadoras do tenista e o influenciou a escolher o esporte na infância, quando o menino também praticava judô, natação, futebol e basquete.

Além do neto, Lúcia também é torcedora declarada do suíço Roger Federer, justamente o maior rival de Nadal, adversário de Matteo. Durante um torneio no ano passado, ela mandou a seguinte mensagem no celular de Berrettini:

"Você e Roger jogam em dois torneios diferentes ao mesmo tempo, será difícil para o meu coração".

Durante a campanha em Nova York, o tenista fez chamadas de vídeo após suas vitórias para falar com a avó, além da mãe, Claudia, e do irmão Jacopo, que também é tenista. O pai, Luca, o acompanha in loco as partidas do filho nos Estados Unidos.

Derrotas para brasileiros no juvenil

Embora tenha esta ligação com o Brasil pela avó, Berrettini só jogou no país quando era juvenil, em 2014, e no tradicional torneio Banana Bowl, em São José do Rio Preto. Na ocasião, perdeu nas quartas de final por Orlando Luz, que foi o campeão.

Matteo Berrettini jogando no Brasil em sua época de juvenil - William Lucas/Banana Bowl - William Lucas/Banana Bowl
Matteo Berrettini jogando no Brasil em sua época de juvenil
Imagem: William Lucas/Banana Bowl

Ao contrário do brasileiro, que foi número 1 do mundo entre os juvenis, Berrettini não se destacou na base. Foi apenas número 52 e, além de Luz, também já havia sido derrotado no mesmo período, mas no Paraguai, por João Menezes - ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima.

Se os tempos de juvenis não foram de muitas conquistas, hoje o italiano realiza os sonhos de criança e encontra Rafael Nadal pela primeira vez como adversário e não como atração na TV.

"Ele é o maior lutador da história neste esporte, é inacreditável o que ele está fazendo, eu o admiro pela forma que é na quadra, sua atitude eu acho que é perto da perfeição".

Dono de cantina na torcida

Berrettini faz uma campanha dos sonhos em Nova York. É apenas a segunda vez que ele joga a chave principal e se tornou o primeiro italiano desde 1977 a atingir a semifinal do torneio - o último havia sido Corrado Barazzutti, seu atual capitão na Copa Davis.

Ele começou 2018 como 135 do mundo, ganhou o primeiro título ATP e atingiu o melhor momento da carreira em 2019, com dois troféus em Budapeste e Stuttgart. Mas, nos grandes torneios de quadra dura, Berrettini não acumulava bons jogos até chegar ao último Grand Slam do ano e atingir a semifinal com a vitória no quinto set sobre o experiente francês Gael Monfils.

Dono de cantina italiana na torcida por Matteo Berrettini no US Open - Garrett Ellwood/USTA - Garrett Ellwood/USTA
Dono de cantina italiana na torcida por Matteo Berrettini no US Open
Imagem: Garrett Ellwood/USTA

O segredo para a boa campanha no US Open? Massa! Desde o início do torneio, ele foi com sua equipe para comer na cantina de um imigrante italiano que conheceu no ano passado, em Nova York. Desde então, se alimenta da massa preparada no local e vê o dono do restaurante, Giovanni Bartocci, ir ao torneio para ficar na torcida.

"Na Itália nós costumamos dizer que você é bom de garfo. Durante o torneio eu gosto de ter macarrão, então eu fui até esse rapaz, o Giovanni. Ele tem um restaurante Via Della Pace, então fomos lá e nos divertimos bastante com ele, é um cara super legal", conta.

"Ele é de Roma, minha cidade, e não é difícil fazer amizade com alguém da mesma cidade. O conheci no ano passado, é um cara ótimo e está sempre torcendo pelos italianos, eu fui o último que sobrou, então ele está torcendo por mim. Nós temos algumas coisas em comum. Massa, com certeza. Mas eu gosto de massa 'bianco', não sei se você conhece, apenas óleo e parmesão, simples, mas muito bom".