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Mulheres se aventuram no esporte dos "mais fortes" e pedem para puxar caminhão

Brasileira Flavia Carvalho vira pneu gigante em competição de strongman no país - Arquivo pessoal
Brasileira Flavia Carvalho vira pneu gigante em competição de strongman no país Imagem: Arquivo pessoal

Bruno Freitas

Em São Paulo

06/12/2011 06h00

Poucos esportes são tão associados ao universo masculino como o strongman, prática que expõe seus praticantes a desafios extremos de força e resistência. No entanto, apesar da menção direta aos homens no nome da modalidade, as mulheres começam a se dedicar aos pneus e toras de madeira e clamam por desafios maiores e por mais eventos para competirem.  

MULHERES NO STRONGMAN

  • Arquivo pessoal

    Atleta Flavia Carvalho puxa carro com um colete preso ao corpo em competição de strongman

  • Arquivo pessoal

    Capixaba Ester de Pádua carrega toras de madeira em uma competição de strongman no país

  • Reprodução

    Tricampeã da categoria pesado nos EUA, Kristin Rhodes levanta Kelly Picchione, da categoria leve

Um dos nomes de destaque entre as poucas praticantes do strongman no Brasil é a capixaba Flavia Carvalho. Mãe, esposa e personal trainer, a atleta que veio do levantamento de peso aguarda um fortalecimento do calendário para expor mais vezes o seu trabalho. No entanto, mesmo com ocasiões escassas de competição, ela lida com naturalidade com a rotina de disputa que envolve pneus de 350 kg.

Enquanto a agenda de competição feminina não ganha corpo, Flavia trabalha pela meta pessoal de puxar um caminhão. A atleta de 34 anos já se vira com facilidade na tarefa de arrastamento de veículos menores, mas procura um desafio que atraia mais atenção para a batalha na modalidade.

"Acabou ficando fácil. Já puxo carro, caminhonete, veículos de mais de uma tonelada. Agora quero puxar um caminhão, daqueles caminhões baú. Estou preparada", conta a atleta, que encara uma preparação especial para o desafio.

"O treinamento extra é para a pegada da corda, de como puxar junto com o corpo", explica Flavia, focada na missão que deve acontecer em fevereiro do próximo ano.

Vencedora de eventos no Espírito Santo e Minas Gerais, Flavia Carvalho é treinada pelo marido Ricardo Bispo, também atleta do strongman, em dupla capixaba que carrega a reputação de "casal mais forte do Estado".

"Já aparecemos em matérias aqui no Espírito Santo, em transmissões de TV daqui, uma delas ao vivo", relata a atleta de 1,80 m e 84 kg.

Em busca de exposição nacional para a atividade feminina neste esporte, representantes do strongman deverão ser em breve atração no programa do Ratinho, no SBT. Flavia Carvalho se apresentará ao vivo ao lado de Maria Moura, cearense radicada em Minas Gerais, outra atleta levada à modalidade graças ao incentivo do marido competidor. Na exibição, as duas estarão acompanhadas de mulheres que praticam queda de braço e levantamento de peso.

"Eu queria fazer o desafio do caminhão ao vivo lá, mas a produção disse que eu poderia não conseguir", lamenta Flavia sobre a apresentação na TV.

Outra atleta que conheceu as particularidades do strongman recentemente foi Ester de Pádua, jovem fisiculturista em Vila Velha. Ela recebeu um convite da amiga Flavia Carvalho e participou de dois eventos da modalidade, encarando provas com pneus gigantes, toras de madeira e arrastamento de uma caminhonete pick up com apenas uma das mãos.

"Recomendo [a prática para mulheres]. É muita adrenalina. E a gente ajuda a cair por terra esse rótulo de sexo frágil. No strongman não existe homem ou mulher, é força mesmo. E agilidade de movimentos também. É uma coisa de superar limites também. Por exemplo, eu nunca imaginei puxar uma pick up de mais de uma tonelada", afirma a atleta de 22 anos.

Organizador da "Strong Monsters", uma das entidades que trabalha o esporte dos "mais fortes" no país, Sandro Ueno afirma que vem preparando pessoalmente duas atletas na cidade de Mogi das Cruzes, com a finalidade de ajudar na constituição de uma cena feminina para a modalidade.

"Acredito que daqui a uns dois anos teremos mais competições para mulheres [no Brasil]. Hoje estamos bem no começo. A ideia é que a gente consiga organizar um evento para elas na próxima edição dos Jogos Abertos do Interior [em São Paulo]", afirma Sandro.  

Fora do país, a competição de mulheres já é mais comum, principalmente nos Estados Unidos. Atletas filiadas à liga "North American Strongman" disputam categorias diversas, distribuídas por divisão de quatro pesos. Três vezes campeã entre as integrantes da categoria pesado, Kristin Rhodes é a cara mais famosa da modalidade no país, graças também a demonstrações para a televisão local.