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Orlando Silva admite erros no ministério e critica Dilma por extinguir estatal

Ex-ministro, Orlando Silva Jr. falou sobre sua gestão, denúncias que sofreu e seu futuro  - Flávio Florido/UOL
Ex-ministro, Orlando Silva Jr. falou sobre sua gestão, denúncias que sofreu e seu futuro Imagem: Flávio Florido/UOL

Gustavo Franceschini e Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

03/02/2012 06h00

Questionado sobre algumas das várias denúncias que sua gestão no Ministério do Esporte sofreu, Orlando Silva Jr. admitiu a existência de problemas. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, a sua primeira após deixar a pasta no ano passado, ele ainda criticou a decisão da presidente Dilma Rousseff de fechar a estatal Brasil 2016.

“O Governo Federal deveria ter uma empresa com função executiva para encaminhar os projetos da sua responsabilidade. Na minha opinião foi um erro a extinção da empresa Brasil 2016, porque tirou do governo um instrumento executivo. E isso pode fazer falta na preparação dos Jogos Olímpicos”, disse Orlando Silva, que não quis explicar o que motivou a decisão de Dilma Rousseff.

A estatal em questão foi alvo de uma polêmica nesta semana. Ela foi criada em agosto de 2010 e extinta exatamente um ano depois. Neste ínterim, foi contratada uma consultoria chamada FIA, que prestaria serviços à empresa por R$ 4,6 milhões. O dinheiro foi pago apesar de a Brasil 2016 não ter saído do papel, sem sede ou funcionários.

Orlando Silva, que estava à frente da pasta na criação e na extinção da empresa, explica que os serviços foram prestados. Além disso, diz que a FIA foi contratada para ajudar também em outras áreas além da Brasil 2016, o que explicaria que o contrato tenha sofrido um aditivo mesmo após a decisão de acabar com a estatal.

Na conversa de cerca de uma hora, o ex-ministro ainda foi questionado sobre a enxurrada de denúncias que recebeu. Apesar de ter tentado contemporizar algumas delas, Orlando Silva admitiu que aconteceram irregularidades quando ele esteve à frente do ministério.

“Poucos ministérios devem ter encaminhado a execução de convênios, inclusive com suspensão e exigência de devolução de recursos, como o ministério do qual eu fiz parte. Erro pode acontecer, inclusive erro no controle”, disse o político.

O ex-ministro deu a resposta acima (que pode ser vista em um dos vídeos acima) quando foi questionado sobre as irregularidades em um projeto do programa Segundo Tempo na cidade de Novo Gama (GO). Uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo apurou, em fevereiro de 2011, que a ONG Idec (Instituto de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente) era de fachada e nunca executou o contrato.

Ciente do caso, Orlando Silva disse ao UOL que ordenou que a parceria fosse encerrada. Seis meses depois, no entanto, o contrato com o Idec foi renovado. Uma nova reportagem do mesmo jornal faria com que o acordo fosse, finalmente, quebrado.

Apesar do acúmulo de denúncias, o político defendeu o programa Segundo Tempo e sua gestão como um todo, dando-lhe nota sete. Questionado sobre a falta de um crescimento significativo de resultados do esporte brasileiro, apesar do aumento da verba pública, ele criticou a maneira como o setor é dirigido no país.

“É preciso mudar o modelo de gestão. Qualquer instituição, qualquer família tem metas. E acho que o esporte não tem isso. Até o dirigente, ele tem de ser profissional. Se ele não ganha, fica lá como filantropia?”, disse Orlando Silva.

Só que em sua gestão o ex-ministro não conseguiu impedir, por exemplo, que o COB determinasse, a partir de critérios próprios, a divisão da verba pública da Lei Piva. Os critérios para tanto, estabelecidos pela própria entidade, são criticados por diversos dirigentes do esporte.