Brasileiro perde título do torneio de Schwarzenegger para baixinho em categoria errada
No mundo do fisiculturismo, cinco centímetros fazem muita diferença. Que o diga Amado Moura. O brasileiro perdeu, na semana passada, o título do Arnold Classic, competição criada pelo ator Arnold Schwarzenegger, para um rival de 1,75m – Amado tem 1,80m. A derrota, porém, não foi o maior problema.
BRASILEIRAS LEVAM TÍTULO DO ARNOLD
As mulheres foram os destaques do Brasil no Arnold Classic 2012. Iara Vieira (foto), na categoria Figure B (até 1,59m), e Alessandra Barata Pinheiro, na Figure E (até 1,70m) ficaram o título do torneio, disputado em Columbus, no estados de Ohio, nos EUA.
Entre os homens, o único campeão verde-amarelo foi Charles Soares, na categoria Bodybuilding até 85kg.
Amado competiu na categoria Amador Classe C, para atletas acima de 1,80m – ele tem 1,81m. E o vencedor foi o paraguaio Gerardo Samaniego, que, segundo o brasileiro, tem 1,75m. “Não é exatamente uma diferença de definição muscular. O que ocorre é que o mesmo volume de músculos em uma pessoa menor aparece mais do que em uma pessoa de 1,80. Por isso, no Arnold existe a divisão de categorias por altura”, explica o brasileiro.
Durante a competição, ninguém notou que o baixinho estava na categoria errada. “Fiquei muito chateado, pois todos me deram a vitória, inclusive meus adversários”, reclama Amado. “Não sabemos o que ocorreu, mas os responsáveis já estão analisando o pedido de revisão de resultados, é preciso aguardar”.
“Bodybuilder” há 22 anos, o título seria o primeiro de Amado no tradicional Arnold Classic. Ele foi campeão mundial máster em 2010, em campeonato na Turquia, e, no ano passado, em sua estreia no torneio de Schwarzenegger, ficou em terceiro.
“O Arnold é o maior evento multi-esportivo do ‘bodybuilding’, proporciona ao atleta a oportunidade de destaque que nenhum outro evento dá. Conquistar um resultado nesta competição é extremamente importante para os atletas, principalmente para os brasileiros. O Arnold começou em 1989, eu comecei a treinar em 1991 e participar deste evento era um sonho quase inatingível. Hoje, é uma realidade”.
A preparação para a edição 2012 do torneio começou no ano passado e envolveu um regime radical para Amado. “Comecei a minha dieta exatamente no dia primeiro de outubro de 2011. Eu tinha a necessidade de perder 20 quilos para me adequar à categoria. Durante cinco meses, passei a me alimentar oito vezes por dia, com uma dieta regrada, à base de filé de frango, clara de ovos, arroz e batata, além dos suplementos nutricionais”, conta.
Toda a preparação do fisiculturista é feita em sua própria academia, em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, que nasceu da paixão pelo esporte. “Comecei a praticar bodybuilding em 1991. No início, não tinha condições de pagar uma academia, resolvi treinar em casa e fazer meus próprios equipamentos de madeira e ferro . Acabei montando a minha própria academia. Meu único objetivo era ser campeão. Os amigos gostaram da ideia e começaram a treinar comigo. Neste início aprendi tudo sozinho, buscando informações, para evoluir nos treinos e na minha alimentação. A academia acabou sendo aberta ao público, chegando a ter mais de 100 alunos. Daí para frente, foi só buscar o aperfeiçoamento e perseverar”.
FISICULTURISMO DIZ SER MAIS SAUDÁVEL QUE MUNDO DAS MODELOS
O leigo que observa um praticante do fisiculturismo em momento de competição, com músculos saltando e definição corporal aparentemente no limite, talvez imagine a maratona de malhação a que esses atletas são submetidos e, em alguns casos, se apega à reputação de prática ligada ao universo dos anabolizantes. Mas os praticantes afirmam com a convicção que a meta de construção de músculos é mais saudável do que alguns acontecimentos melhores aceitos na sociedade.
"Uma modelo fica sem comer para ficar magrinha, arrisca a sua saúde, e depois a gente é que é errado. A gente que só leva coisa boa para o corpo", diz Lucas di Santi, brasileiro campeão mundial da Nabba (National Amateurs BobyBuilders Association), uma das entidades mais tradicionais do fisiculturismo, em menção a casos de bulimia entre as meninas que desfilam.
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