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Com tema gay em alta, homossexual da NBA corre risco de ficar sem time

Jason Collins desfila na Parada Gay de Boston - REUTERS/Jessica Rinaldi
Jason Collins desfila na Parada Gay de Boston Imagem: REUTERS/Jessica Rinaldi

Do UOL, em São Paulo

20/08/2013 16h30

O pivô Jason Collins corre risco de ficar sem time para a próxima temporada da NBA, a liga profissional de basquete dos Estados Unidos. O jogador de 34 anos e 12 temporadas na competição anunciou em abril de 2013 que é homossexual.

Collins já passou por seis franquias na NBA. A última equipe que ele defendeu foi o Washington Wizards, time com o qual o pivô tinha contrato até o fim da última temporada.

O site da “ESPN” nos Estados Unidos publicou em julho que Collins conversava com o Detroit Pistons. Nesta semana, porém, o portal da revista “Sports Illustrated” disse que a conversa naufragou.

Na última temporada, Collins teve médias de 1,1 ponto e 1,6 rebote por jogo. Na carreira, os números do pivô são um pouco maiores: 3,6 pontos e 2,84 rebotes por partida.

Em nenhum momento da trajetória na NBA, contudo, Collins chamou tanta atenção quanto em março de 2013. O pivô assinou um artigo na “Sports Illustrated” para assumir que é gay. Ele foi o primeiro atleta em atividade em uma das quatro maiores ligas esportivas dos Estados Unidos a fazer isso.

Via redes sociais, nomes do esporte (Kobe Bryant e Magic Johnson, por exemplo) e personalidades como Bill Clinton e Barack Obama manifestaram apoio ao pivô. “Estamos orgulhosos de Jason e apoiamos a decisão de viver abertamente. Ele tem sido um líder dentro e fora das quadras”, disse na época o presidente do Washington Wizards, Ernie Grunfeld, em comunicado oficial.

O caso de Collins é apenas um exemplo de como o tema sexualidade tem estado presente no noticiário do esporte durante os últimos meses. O assunto também gerou enorme discussão na Rússia, que sediou neste mês o Mundial de atletismo.

O país europeu aprovou em junho uma lei que veta propaganda de “relações sexuais não tradicionais”. No esporte, isso repercutiu especialmente porque a Rússia vai sediar os Jogos Olímpicos de inverno de 2014, que serão realizados em Sochi.

Durante o Mundial de atletismo, alguns esportistas chegaram a usar unhas coloridas para protestar. A organização do evento proibiu a saltadora sueca Emma Green-Tregaro de repetir na decisão o visual.

Entidades internacionais do esporte, como o COI, a Fifa e a Iaaf, cobraram explicações do governo russo sobre o tratamento que será destinado à comunidade gay em Sochi-2014. Instituições que representam a causa chegaram a sugerir um boicote ao evento.

Na semana passada, a russa Yelena Isinbayeva, campeã mundial do salto com vara, saiu em defesa da lei. “Nós nos consideramos pessoas normais. Vivemos os garotos com as garotas e as garotas com os garotos. Isso vem desde sempre”, disse a atleta.

Depois, Isinbayeva mudou o discurso e disse que foi mal interpretada por causa da dificuldade de falar inglês. No sábado, porém, a polêmica voltou à pauta quando as russas Kseniya Ryzhova e Tatyana Firova, campeãs mundiais no revezamento 4x400 m, deram um selinho no pódio.

“Ontem [segunda-feira] eu recebi 20 ligações de diferentes órgãos de imprensa que, em vez de me parabenizarem, resolveram me humilhar com essas perguntas. Eu sou casada, Yulia é casada, e não temos relações com nenhuma mulher. Treinos juntas por anos e somos muito amigas”, disse Ryzhova, que negou ter beijado a companheira como forma de protesto.

No Brasil, o beijo de Emerson Sheik em Isaac Azar, dono de um restaurante em São Paulo, não teve nada de inocente. “Já imaginávamos que seria algo polêmico. A ideia surgiu quando estávamos conversando sobre ’cura gay’. A questão não é assumir nada”, disse o empresário ao jornal “Folha de S.Paulo”.

No início de agosto, o tema sexualidade já havia passado pelo noticiário esportivo quando as jogadoras de vôlei de praia Larissa França e Liliane Maestrini, conhecida como Lili, se casaram no Ceará.

Fora do Brasil, o assunto tem sido ainda mais recorrente no noticiário. Na semana passada, por exemplo, o astro da luta livre Darren Young deu uma entrevista ao site “TMZ” e admitiu ser homossexual.

“Eu sou um astro do WWE e, para ser honesto com você, vou dizer que eu sou gay, sim. E que eu sou muito feliz”, afirmou Young, lutador do circuito WWE.

No fim do ano passado, o boxeador porto-riquenho Orlando Cruz também “saiu do armário”. A revelação dele foi feita no início de outubro, dias antes de a jogadora de vôlei Stacy Sykora, líbero norte-americana que já passou pelo Brasil, assumir um romance com uma mulher.

Outro caso que gerou polêmica foi um episódio não confirmado. Amy Duncan, ex-mulher do jogador de basquete Tim Duncan, deu uma entrevista em julho deste ano para dizer que o pivô é bissexual e que tinha um caso com um homem.

Em relato ao jornal alemão “Bild”, Amy Duncan disse até que o atleta havia comprado um apartamento para o amante. Tim Duncan, contudo, nunca confirmou a história.

ISINBAYEVA DEFENDEU LEI ANTI-GAY RUSSA

  • Ela foi o grande nome do Mundial de Atletismo de Moscou, recuperou sua condição de estrela ao levar o ouro no salto com vara e foi a imagem que representa a Rússia na competição que o país sedia. Mas não ficou longe das polêmicas mesmo assim: Yelena Isinbayeva, em entrevista coletiva, defendeu a lei anti-gay do país europeu. Além disso, também criticou uma atleta que competiu com as unhas pintadas nas cores do arco íris, um símbolo da causa homossexual. "É desrespeitoso para com nosso país, com nossos cidadãos. Nós temos nossas leis e todos têm que respeitar. Quando vamos a outros países nós tentamos seguir suas regras", declarou.

SUECA FOI OBRIGADA A TROCAR ESMALTE COLORIDO

  • A saltadora sueca Emma Green-Tregaro, que pintou as unhas com as cores do arco-íris em apoio à comunidade gay da Rússia, foi proibida de repetir o gesto na final do Campeonato Mundial de atletismo no sábado. "Fomos abordados informalmente pela Iaaf (Associação Internacional de Federações de Atletismo, em inglês) dizendo que isso é, por definição, uma violação das regras. Informamos nossos atletas sobre isso", disse Anders Albertsson, secretário-geral da federação de atletismo sueca, a um grupo de repórteres do lado de fora do estádio Luzhniki.