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Botafogo foge de provas para não perder do Flamengo no remo

Dê Rana

Do UOL, em São Paulo

27/09/2014 06h00

Sabe aquele papo de que importante é competir? Passou longe do Botafogo. Pelo menos é isso que acusa Fabiana Beltrame, principal nome da modalidade no país e atleta do rival Flamengo. De acordo com ela, o clube alvinegro desistiu de participar de três provas do Campeonato Brasileiro de Remo, que está acontecendo em São Paulo, só para não perder para o Flamengo. Afinal, ao cancelar suas inscrições, cancelou também as provas, que não terão o mínimo de três barcos.

“Isso foi feito um dia antes da prova e a menina que ia competir comigo (Isabelle Falck) teve custos, veio para nada. Ela veio (para São Paulo) só para essa prova. Por isso que eu fiquei indignada. Tem que ganhar dentro da água. Tem que botar as atletas”, reclamou a campeã mundial.

Fabiana estava escalada para uma série de provas, entre elas o Double Skiff e o Double Sikff Peso Leve. Na primeira, o Vasco se inscreveu, mas acabou desistindo de competir em São Paulo. Na outra, foi o Sport que acabou abrindo mão. Em ambas restaram, então, as guarnições Flamengo, Botafogo A e Botafogo B.

Já com todo mundo em São Paulo, o Botafogo retirou as inscrições, deixando o Flamengo sozinho nas provas, que acabaram canceladas. Prejuízo para o Fla, que contava com as duas medalhas de ouro para tentar brigar pelo improvável título brasileiro, que desta vez será decidido no bom e velho quadro de medalhas, com ouro como primeiro critério.

O quadro de medalhas foi adotado porque, no ano passado, o Brasileiro Júnior terminou em briga. Até então era adotado um quadro de pontos e os rivais terminaram empatados. O Fla foi declarado campeão porque teve um quinto lugar a mais, mas o Botafogo não concordou e não recebeu o troféu de vice. Depois, a CBR (Confederação Brasileira de Remo) decidiu dividir o título.

Com a mudança no regulamento, só o ouro passou a interessar. Retirar as duas embarcações que defrontariam Fabiana Beltrame permitiu ao Botafogo impedir dois ouros a mais para o arquirrival. "Culpar o Botafogo por isso me parece um pouco de choro. É uma coisa normal, aconteceu outros anos”, disse, ao SporTV, Alexandre Monteiro, coordenador técnico do Botafogo.

A alegação do clube alvinegro é que, no jogo de xadrez do campeonato, era melhor poupar as atletas para outras provas. Fabiana Beltrame, porém, garante que suas adversárias botafoguenses ficaram irritadas por não poderem competir e só não se pronunciam contra o clube por serem funcionárias.

Além das provas de Double Skiff, o Botafogo também retirou seu barco (ainda no Rio, com antecedência), da prova de Oito Com, que seria realizada pela primeira vez no Brasileiro. Prejuízo principalmente para um jovem grupo de atletas que iria competir pelo Corinthians.

“A prova do 8+ (Oito Com) chegou a estar na programação do campeonato, mas não será realizada porque um dos clubes (Botafogo) retirou a inscrição com o intuito de impedir a vitória de um rival. No entanto, havia dois clubes (Corinthians e Flamengo) para correr a prova, que mobilizaram 18 atletas (oito, mais a timoneira) durante meses de treinos”, escreveram, em “Carta de Repúdio à Cartolagem do Remo”, as remadoras paulistas.

“As regras da competição não deveriam permitir que o interesse dos clubes em ganhara o campeonato prejudique as equipes que se prepararam para as provas e querem participar independentemente de resultado”, completam elas.

A decisão do Botafogo vem em um momento crítico do Remo. Na quinta etapa do Estadual do Rio, disputada no fim de semana passado, em 11 das 15 provas (entre várias faixas etárias) só haviam barcos de Botafogo e Flamengo. O Vasco, em crise financeira, leva cada vez menos atletas às competições.

A pindaíba é tanta que, mesmo arquirrivais, Botafogo e Flamengo dividiram um ônibus para ir do Rio a São Paulo, o que só foi possível depois do cancelamento da inscrição da equipe feminina de Oito Com, reduzindo a delegação. O Botafogo está muito perto do bi carioca e deve confirmar a conquista na sexta e última etapa do estadual, daqui a três semanas.