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Destaque do rúgbi pilotou tanque de guerra e ficou fortão no Afeganistão

Do UOL, em São Paulo

14/11/2014 06h00

Dos tanques de guerra para o campo de rúgbi. Essa é a trajetória de Semesa Rokoduguni, soldado do exército britânico e destaque do esporte no país. Com 1,84m e 100 kg, esse atleta nascido em Fiji e que recentemente estreou pela seleção inglesa deve toda sua ascensão como jogador às forças armadas. Mas também é de lá que ele carrega as lembranças mais difíceis.

Roko, como é conhecido, entrou para o exército em 2007, aos 20 anos. Graças à tradição de jogar rúgbi nas horas livres do serviço militar, ele passou a se destacar nas competições e chamou a atenção de dois sargentos, que o levaram para sua primeira equipe, o Lytchett Minster. Sua força impressionava.

“Você podia ouvir de longe seus desarmes, quando ele derrubava os adversários. Desde a primeira vez no clube dava para ver que ele tinha algo especial”, comentou Dean Mitchell, presidente e auxiliar técnico do time na oportunidade, em 2008.

Mas depois de uma temporada veio outro chamado do exército, e ele foi servir no Afeganistão novamente. Roko voltou a pilotar tanques de guerra. E em sua primeira semana presenciou uma cena chocante. Um companheiro do exército pisou em um explosivo e perdeu as duas pernas, morrendo logo em seguida.

Roko continuou seu trabalho em campo e ganhou uma nova função: fazer rondas diárias a pé. Eram quatro percursos por dia, e seu físico melhorou ainda mais. Se ele já era forte, ganhou também muita resistência.

As incursões por uma das regiões mais perigosas do Afeganistão acabaram depois de seis meses, e ele foi deslocado para a Alemanha. Lá, seu talento no rúgbi foi novamente descoberto. Atuou por uma equipe de Hannover e disputou competições de rúgbi do exército. Em 2012, foi quando a carreira teve uma reviravolta. Em partida diante do Newcastle, sua atuação impressionou.

Contratado pelo Bath, da Inglaterra, logo foi para a equipe principal. Ser lembrado para a seleção inglesa foi questão de tempo. Exército e rúgbi são completamente diferentes, mas Roko conseguiu ver uma semelhança. “Em ambos você pode treinar muito, mas só sabe o quão bom você é quando faz o trabalho para valer”.