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As mulheres que quebraram barreiras e assumiram o comando do esporte

Laís Elena, do Santo André, celebra 40 anos de carreira como treinadora  - LBF/Divulgação
Laís Elena, do Santo André, celebra 40 anos de carreira como treinadora Imagem: LBF/Divulgação

Do UOL, em Brasília

08/03/2015 06h00

Elas nadam contra a corrente e são algumas das poucas mulheres treinadoras em atuação no cenário esportivo do momento no Brasil. Trilharam caminhos pouco conhecidos pela maioria, e, por esse motivo, podem se incluir no rol das pioneiras nos esportes coletivos do país no alto rendimento. Não são as estreantes, mas estão no grupo das primeiras, uma vez que a participação feminina no comando ainda está longe de acompanhar o crescimento da presença de mulheres atletas na elite esportiva.

Encontrar, nas principais ligas nacionais, uma comissão técnica chefiada por alguém do sexo feminino requer paciência.

Paciência das mulheres, para esperar a oportunidade, e para os torcedores, que só vão encontrar casos isolados. Mesmo em equipes femininas, os dirigentes ainda preferem apostar nos homens como treinador. Para se ter uma ideia, nossas equipes olímpicas de esportes coletivos são dominadas por chefes do sexo masculino. Até na extensa lista de técnicos internacionais trazidos pelas confederações de cada modalidade e pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) ao Brasil para ajudar no desenvolvimento de equipes olímpicas nacionais, mulheres são exceção.

O UOL Esporte separou alguns casos de comissão técnicas de esportes coletivos comandados por mulheres.

FUTEBOL

mulher treinando futebol - Divulgação/CBF - Divulgação/CBF
A paulista Emily Lima treinou as seleções sub-15 e sub-17 feminina até 2014
Imagem: Divulgação/CBF
Das 20 equipes que disputaram o Brasileiro feminino, organizado pela CBF, apenas duas mantiveram em seu banco de reservas uma mulher: o Náutico-PE, com Gleice Falcão, e a Pinheirense-PA, com Aline Cristine. As pernambucanas caíram na primeira fase, com quatro derrotas, as paraenses foram até a segunda fase e terminaram a competição com quatro triunfos em 10 apresentações. O nome de maior destaque no futebol feminino nacional é Emily Lima, 33. Ela foi treinadora das seleções brasileira sub-15 e sub-17 e recém-contratada pelo São José, atual tricampeão da Libertadores.

HANDEBOL

Treinadora de handebol de praia - Divulgação/CBHand - Divulgação/CBHand
Rossana Marques foi campeã mundial com a seleção feminina de handebol de praia
Imagem: Divulgação/CBHand
A carioca Katia Amanajás carrega, nos últimos anos, a responsabilidade de ser a única mulher a comandar uma equipe na Liga Nacional de handebol, pelo Espírito Santo. Ela foi técnica de diversas equipes no Espírito Santo, e, em uma delas, a UVV, foi a responsável pela formação da ponteira Alê Nascimento, hoje na seleção brasileira campeã mundial, e eleita melhor do mundo na temporada 2012. Katia tentou eleger-se deputada estadual nas eleições do ano passado, pelo PC do B, mas obteve apenas 110 votos. No handebol de praia há a paraibana Rossana Marques. Ela é treinadora da seleção brasileira feminina que conquistou o tricampeonato mundial da modalidade em julho, no Recife.

BASQUETE
É uma grande coincidência que Laís Elena Aranha da Silva faça aniversário apenas três dias após a celebração do Dia Internacional da Mulher. Ela é uma das maiores guerreiras e militantes do basquete, em especial, do basquete feminino e mais: da participação das mulheres no comando técnico das equipes. Neste ano, ela completa 40 anos de carreira como treinadora nas categorias de base do Santo André, o mesmo time que hoje comanda na LBF (Liga de Basquete Feminino). Em 2011, ela conquistou o título da competição e foi eleita a melhor técnica do campeonato. Na LBF desta temporada, ela não está só. Há uma outra mulher comandado uma equipe: a cubana Lisdeivi Pompa. Ela fez carreira no basquete brasileiro e chegou a levantar trofeus pelo Ourinhos-SP quando atuava como pivô. Há menos de cinco anos, adotou o banco de reservas como sua área de atuação. Está à frente do Maranhão, quarto colocado no campeonato, com 11 vitórias em 16 jogos. O Santo André de Laís é o sexto, com sete triunfos em 16 apresentações. As outro oito equipes da LBF e os 16 do NBB (liga masculina), são chefiadas por homens.

VÔLEI

treinadora de volei - Divulgação/CBV - Divulgação/CBV
Leticia Pessoa conquistou três pratas olímpicas como treinadora desde 2004
Imagem: Divulgação/CBV
Os ensinamentos de Letícia Pessoa já renderam ao Brasil duas medalhas de prata olímpicas. Foi como treinadora da dupla de vôlei de praia formada Adriana Behar e Shelda, na década passada, que Letícia mostrou a força feminina como chefe de uma comissão técnica. A dupla foi vice-campeã em Atenas-04 e Pequim-08 e seis vezes o título do circuito mundial. Em Londres-2012, Letícia estava lá, ao lado de Alison e Emanuel na campanha pela prata, após dolorida derrota na final para os alemães Julius Brink e Jonas Reckermann. Já nas quadras, o vôlei brasileiro conta com Sandra Mara como única representante das mulheres na Superliga. Nenhum cartola das 25 equipes da competição teve a mesma opção dos dirigentes de Araraquara, que apostaram nela para comandar a equipe. O time do interior paulista terminou em 11º na classificação, com três triunfos em 22 jogos.

ESTRANGEIRAS NO BRASIL

treinadora estrangeira no brasil - CBJ/Divulgação - CBJ/Divulgação
Japonesa Yuko Fujii está no Brasil desde maio de 2013 e perfeitamente adaptada
Imagem: CBJ/Divulgação
Até quando a opção é trazer técnico de fora para desenvolver nossos atletas aqui no país, o sexo masculino leva vantagem. Confederações desportivas e COB contrataram 40 treinadores estrangeiros. Nem 10% são de mulheres. Somente no hipismo de adestramento, judô e nado sincronizado apostaram nelas. Na equitação, quem está no Brasil e compõe uma comissão estrangeira com outros dois homens, segundo o COB, é a belga Maria Margarita Dieltjens. Nos tatames, a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) comemora a boa adaptação ao Brasil da japonesa Yuko Fujii, que chegou em maio de 2013 para ajudar a a fazer um ajuste fino na técnica dos brasileiros. E nas piscinas, cabe à canadense Julie Sauvé a missão de prepara nossa equipe de nado sincronizado, que neste final de semana, disputa competição na Alemanha.