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'Hulk brasileiro' teve ajuda de padre pra conter obsessão pelos músculos

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

05/05/2015 11h28

O fisiculturista Romario dos Santos Alves ganhou fama depois de uma matéria para uma TV inglesa, em que exibiu seus bíceps de 63 cm e admitiu ter ficado obcecado pelo físico, a ponto de usar uma substância em seu corpo que quase o fez perder seus braços. Hoje, o goiano se diz arrependido e limpo do uso de anabolizantes e de synthol, um óleo que fez com que ele ganhasse o apelido de “Hulk brasileiro”. Mas, para chegar a tanto, ele teve ajuda até do pessoal de uma igreja, onde trabalhava.

Morando em Goiânia durante a fase de sua vida em que passou a investir no corpo, Romário trabalhava como segurança e, em parte de sua estada na cidade, foi vigilante de uma paróquia. Lá, fez amizade com o padre e outras trabalhadoras do local. Primeiro, o fisiculturista escondia os abusos e as injeções de substâncias danosas ao corpo. Depois, se abriu e aceitou conselhos para deixar a rotina abusiva em que se encontrava.

Romário - Reprodução - Reprodução
Romário dos Santos Alves moldou os braços com a substância synthol, oleosa, que acaba atuando nas fibras dos músculos e causando lesões
Imagem: Reprodução

“Ele era tranquilo. Nós conversávamos com ele sempre”, conta Carminha Moreira, secretária da Paróquia Sagrada Família, na capital goiana. “Teve uma época em que ele ficou com os braços muito inchados, muito avermelhados, e ficou com medo até de perder o braço, então eu o aconselhava muito. Ele também começou a pedir ajuda para o padre.”

Carminha conta que ao menos um dos exames feito em um momento mais complicado de seu problema com nódulos causados pelo synthol em seu braço teve ajuda do padre para acontecer.

“No início ele não admitia que injetava coisas no braço. Depois, quando ficou com medo, começou a se abrir mais. Ele é uma boa pessoa”, afirma Carminha. “Uma ressonância que ele precisou fazer no braço, foi o padre que conseguiu para ele, para ele ver o que tinha. Depois, ele decidiu ir embora.”

Há cerca de quatro meses, Romário deixou Goiânia e voltou à sua cidade natal, Caldas Novas, também em Goiás.

Na entrevista à TV britânica e ao Daily Mail, o brasileiro já se dizia arrependido da obsessão pelo físico. Além dos problemas com o corpo e dos riscos de amputar o braço, ele teve distúrbios psicológicos, cogitou o suicídio e quase foi deixado pela sua mulher, quando foi internado enquanto ela estava grávida.

Fisiculturista - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Nesta terça-feira, Romário foi ao programa “Hoje Em Dia”, da TV Record, e deu mais detalhes de sua história. O goiano comprava o synthol por influência de amigos que conheceu na academia, via internet. Além disso, combinava as injeções da substância oleosa com anabolizantes.

“Eu usei anabolizante, mesmo, e uma substância que chama synthol. Os amigos da academia me indicaram, eles usavam e eu achava que era legal ficar grandão. Quando eu percebi, tinha perdido o controle. Vicia”, admitiu ele, que na época em que usava apenas anabolizantes ainda se achava “frango”, magro.

Sua meta era ter 47 cm de bíceps, mas Romário chegou a 63 cm. “Eu perdi minha vida social, a vida com minha esposa. Só pensava nisso, 24 horas por dia. Medo (de efeitos colaterais) a gente sempre tem, mas eu fiquei obcecado, pensava só em crescer, a qualquer custo. Hoje me arrependo,

Apesar de suas declarações se mostrarem contrárias ao uso das substâncias que o deixaram com este aspecto físico, Romário se diz feliz como é. “Já que estou assim, eu gosto do meu jeito. Eu gosto de ser musculoso”.