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Nem todos que pagaram R$ 3 mil encararam Neymar no pôquer. Mas quem ligou?

Daniel Lisboa

Do UOL, em São Paulo

28/07/2015 06h00

“O Neymar está bem treinado, acho que ele tem futuro.”

“Tentar virar profissional pode ser inseguro. Você pode ganhar milhões, ou pode não ganhar nada”.

“Quando é pra valer, o jogo fica amarrado.”

“Uma vez eu joguei contra o Ronaldo. E contra um técnico que não mandou muito bem, e eu prefiro que você não fale quem é”.

Esses poderiam ser comentários sobre futebol. Mas seus autores são jogadores de pôquer. Eles participaram do torneio beneficente realizado no domingo (26), em São Paulo, em prol do Instituto Projeto Neymar Jr.

A competição, promovida em parceria com a plataforma de pôquer online PokerStars e com o BSOP (Circuito Brasileiro de Pôquer), aconteceu em um hotel do complexo do Anhembi e arrecadou quase R$ 335 mil para as ações sociais da entidade do jogador.

Grande parte desse montante – R$ 292 mil – veio do valor pago pelas inscrições no evento. Isso porque, com algumas exceções, para jogar ao lado de Neymar e de outras estrelas do esporte nacional, os participantes tiveram que desembolsar R$ 3 mil cada um. Mas quem foram eles? Conheça alguns na sequência.

Na mesa com Wagner Ribeiro
“Eu jogo competições muito sérias. Ter participado do torneio com o Neymar foi bacana não só pelo clima descontraído, mas pela causa que o Instituto dele defende, que impacta muitas crianças”, diz Gabriel Goffi, que joga pôquer profissionalmente há sete anos. É ele quem diz que, quando o jogo em disputa vale campeonato, fica muito mais “amarrado”, o que não foi o caso de domingo.

Assim como os outros entrevistados desta reportagem, ele não teve a oportunidade de encarar Neymar diretamente porque o jogador passou a maior parte do tempo em uma mesa separada, com as outras “estrelas” do evento. “Mas joguei contra alguns amigos dele. E contra o Wagner Ribeiro (empresário), que até sabe brincar”, diz Gabriel. Ele terminou em sétimo e, como premiação, terá direito a um curso de pôquer com André Akkari, um dos gigantes da modalidade. Como Gabriel já é profissional, porém, revela que está cogitando passar o prêmio adiante.

Bom também no pôquer
Piragibe Lindolfo não gosta de ser chamado de profissional. O jogador de Belém do Pará, entretanto, equilibra sua vida de empresário da indústria metalúrgica com a de entusiasta do pôquer. Ele também esteve em São Paulo para o torneio com Neymar, e viaja diversas vezes ao ano para participar de torneios oficiais da modalidade.

“Eu fui praticamente intimado pelo Akkari, e por outros amigos do pôquer, a participar do torneio” diz Piragibe, em tom de brincadeira, sobre sua participação no torneio. É dele a frase sobre Neymar estar se tornando bom no jogo. “Ele é um moleque inteligente, como dá para perceber dentro de campo, tem um bom ´coaching` (treinamento), quer dizer, tem tudo para melhorar muito no pôquer”, acredita o empresário.

Curiosamente, ele também estava na mesa com o Wagner Ribeiro, que ficou logo atrás na classificação: Piragibe terminou em nono, enquanto o empresário dos boleiros acabou em décimo. “Foi na sorte, ele é amador”, diz Piragibe sobre Wagner. O prêmio de Piragibe? Um curso com Akkari, que ele pensa em passar para frente...

Neymar “sincero”
Para Guilherme Cardoso, a relação de Neymar com o pôquer é “sincera”, ou seja, não se trata apenas de jogada marqueteira: o craque realmente gosta do negócio. Outro a participar do torneio, Guilherme joga profissionalmente há oito anos e por três vezes já esteve em Las Vegas para competições. Em uma delas, passou um mês na cidade e criou uma série para o YouTube chamada “4 cartas em Las Vegas”.

Além de contribuir para a causa de Neymar, Guilherme decidiu participar do evento de domingo para se divertir. “É um pessoal brincando, tirando sarro, fazendo selfie”, diz Guilherme, ele mesmo autor de uma selfie ao lado de Neymar. Guilherme dividiu sua mesa com Thiago Camilo, piloto da Stock Car que, curiosamente, terminou em sexto na competição. Guilherme não ficou entre os dez.

“Atalho” de 33 dólares
Antes de falar sobre Márcio Carraro, é preciso esclarecer que ele é uma das exceções: diferentes de seus colegas, pegou um “atalho” para jogar o torneio de domingo. Isso porque muitas competições chamadas de “satélites” servem também para classificar seus ganhadores para outros torneios. Márcio venceu uma delas e acabou classificado para o evento de Neymar gastando bem menos que os outros: segundo ele, apenas 33 dólares.

“Se precisasse pagar os R$ 3 mil, eu provavelmente não participaria”, admite. Márcio, que é de Socorro, no interior de São Paulo, joga pôquer apenas como hobby, mas disputa de quatro a cinco torneios por ano. Ele já foi campeão paulista de uma das etapas da modalidade, pela qual levou R$ 40 mil, e vice-campeão de uma etapa em duas oportunidades, pelas quais embolsou R$ 30 mil cada vez.

Márcio gostaria, claro, de ter levado o grande prêmio do torneio de domingo – uma viagem para a Espanha para acompanhar uma partida com Neymar e ainda encontrá-lo pessoalmente – mas acabou não ficando nem entre os dez. Mas ele não se incomoda, porque conta que já viajou muito por conta do pôquer.