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Como até grosseria em queda livre fez top model brasileira adorar o medo

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

25/09/2015 06h00

Guisela Rhein era daquelas crianças espoletas que todo mundo acha a maluquinha da turma. Anos depois, a vida mudou e ela se tornou um dos principais nomes do glamouroso mundo da moda com marcas como Calvin Klein e Giorgio Armani no currículo. Mas ainda preserva muito daquele lado "maluquinha". Ela salta sozinha de paraquedas, sem instrutor, já quase sofreu um acidente nas alturas e nem assim se intimidou. Pelo contrário, ela confessa que adora o medo.

O medo! Essa palavra que é o terror de muita gente e que tem o péssimo poder de nos paralisar. Para Guisela, é exatamente o contrário. Ao se apaixonar por esportes radicais, o medo se tornou um combustível para levantar a cabeça e seguir em frente. “Depois que comecei a pular de paraquedas se abriu uma outra janela. O medo é uma coisa boa. Quando você enfrenta, você entende que ele estava só na cabeça, não é todo aquele monstro. Dali coisas maravilhosas podem surgir. Hoje em dia, nada mais me impede de fazer algo pelo sentimento do medo, ele me dá um entusiasmo, me fez abrir para a vida. O esporte me ensinou a ver desafios como uma coisa positiva, como um desafio para crescer como ser humano”.

Por causa do paraquedismo, ela mudou até a forma de encarar a profissão, seja já na consolidada carreira de modelo até a de apresentadora que está começando com um programa no canal Gray TV. “Eu tenho muita vontade de ser apresentadora. Tenho insegurança de falar em frente à câmera, de memorizar o texto, mas o esporte me trouxe essa força, isso vai me fazer conseguir realizar. Na passarela muitas vezes me dá esse frio, quando tem um sapato muito difícil, me dá medo, mas se eu ficar pensando nele, não vou conseguir caminhar. Então não penso”.

Guisela está em processo de aprendizagem com o paraquedas, mas já se sente à vontade como se tivesse nascido pulando de um avião com uma mochila nas costas. Passou por aulas teóricas e técnicas, como aprender a fechar o equipamento, e já faz tudo sozinha desde o segundo salto. Agora, está quase completando os 25 saltos obrigatórios para tirar a licença de iniciante. A partir daí, o clichê de que o céu é o limite até que se encaixa bem. Já planeja saltos de barriga ou ponta cabeça mundo afora, seja em Nova York, onde mora, Dubai, África do Sul ou Rio de Janeiro.

A cidade maravilhosa, aliás, está entre as primeiras metas de Guisela depois de quase se transformar em um trauma. Foi lá que ela saltou pela primeira vez com um instrutor, mas a experiência foi péssima. O profissional não cumpriu as regras de segurança, teve problemas com o paraquedas, demorou para abri-lo e não teve tempo nem para abrir o reserva. O jeito foi manobrar o equipamento com problemas em uma situação no mínimo angustiante.

“Ele ficou nervoso e foi muito grosseiro comigo. Uma experiência muito chata. Mas foi tudo tão rápido que eu nem fiquei tão nervosa, em nenhum momento imaginei que fosse morrer, não me passou pela cabeça. Mas aquele cara gritando, uma energia chata, foi bem inconveniente. Mas eu vejo que cada coisa que acontece errada, não é para causar trauma, é para tentar de novo porque de alguma maneira aquilo foi para você crescer e aprender, para criar mais força”. 

Mais esportes radicais

O paraquedas não é a única forma de Guisela se mexer. A modelo tem rotina de atleta e faz de quase tudo: skate, surfe, wakeboard, snowboard, capoeira e vôlei. Não à toa virou referência pelas curvas perfeitas e passou a ser chamada de ‘O Corpo’ no mundo da moda. E ela jura que sem esforço algum. Os invejados gominhos na barriga são apenas o fruto da vida que leva.

“É natural, o meu corpo é consequência do meu estilo de vida, não faço abdominal para criar gomo, faço porque é importante ter um abdômen forte para eu ser uma capoeirista melhor, para não machucar as minhas costas, para ser mais forte no meu vôlei, para ter uma postura perfeita no paraquedismo. A minha pele bonita é uma consequência do que eu como. Eu não como chocolate ao leite porque sou modelo, não como porque vai me fazer sentir mal, então eu vou comer chocolate amargo. As minhas escolhas mostram o sentimento que eu tenho por mim e me tornam uma pessoa melhor”.

Mesmo morando na caótica NovaYork, Guisela faz questão de ser zen e saudável. Transformou a própria casa em um templo, com ambiente clean, imagem de buda e espaço para meditação. E todos os conhecimentos de uma vida fitness ela não guarda apenas para si. Quer ajudar os outros em mais uma de suas mil facetas. Está prestes a se formar em um curso online para ser “Health Coach”, profissional que mistura nutrição com terapia e usa os alimentos para melhorar a vida dos clientes. É o que ela deseja ser quando pendurar os saltos altos e se tornar mãe. Quem duvida?