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Das Américas à Oceania. 1º Jogos Mundiais Indígenas reúnem quase 50 povos

Roberto Oliveira

Do UOL, em São Paulo

23/10/2015 06h00

Sediado em Palmas, capital do Tocantins, o 1º Jogos Mundiais dos Povos Indígenas começam nesta sexta-feira (23), proporcionando uma verdadeira encruzilhada cultural.

Até 1º de novembro, o evento reunirá quase 50 povos originários de suas terras. São 23 etnias brasileiras, todas juntas na Aldeia Okara, com representações das cinco regiões do país e de quase todos os biomas nacionais:Pampas, Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica e Floresta Amazônica. Apenas a Caatinga não tem representação nos Jogos.

Atletas de mais 24 países já estão em Palmas. Eles vêm das três Américas, da África, da Ásia e da Oceania, de países como EUA, Panamá, Bolívia, Etiópia, Congo, Mongólia, Rússia e Austrália.

Com o lema “Em 2015, somos todos indígenas”, o principal objetivo dos Jogos é justamente promover o encontro cultural de diversas etnias indígenas, que trouxeram para o Tocantins suas línguas, vestes, armas, pinturas e crenças. Além da marca de resistência que une todos os povos originários.

"Queremos que os Jogos promovam a conscientização dos índios e o resgate de nossa identidade a partir dos esportes. Não é uma competição entre etnias, tampouco uma busca por medalhas", afirma Marcos Terena, articulador internacional do Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC), que está à frente da organização dos Jogos.

"Quando vira apenas um campeonato, perde-se a fraternidade e a reciprocidade dos povos”, explica ele.

Apesar do clima fraternal, a ideia não é construir uma imagem folclórica dos indígenas, o que ocorre com frequência quando se trata dos povos originários.

“Competir vai contra o pensamento dos povos indígenas. Apesar disso, precisamos estabelecer regras essenciais para evitar que os Jogos sejam vistos como um momento folclórico dos índios. Estimulamos as seletivas e os treinamentos para que os atletas possam chegar ainda mais organizados”, acrescenta Terena, de povo homônimo oriundo do Mato Grosso.

Na Vila Indígena, 11 esportes serão confraternizados, entre modalidades nativas, como arco e flecha, arremesso de lança e canoagem, e jogos ocidentais, a exemplo do atletismo e do futebol de campo.

Por fim, ainda haverá atividades culturais que permearão todo o período de competição, como o Festival Internacional da Cultura Indígena. Enfim, trata-se da união de povos muito distintos entre si, mas cujas culturas tradicionais remetem à oralidade, à terra e à ancestralidade.